26/04/2024 - Edição 540

Saúde

Novas técnicas permitem cirurgias em idosos centenários

Publicado em 18/12/2014 12:00 -

Clique aqui e contribua para um jornalismo livre e financiado pelos seus próprios leitores.

Aos 102 anos, Olga Corrente caiu e quebrou o fêmur. Passou por uma cirurgia de quadril e, quatro dias depois, já caminhava pelo quarto do hospital usando um andador.

Cenas como essa têm se tornado cada vez mais frequentes graças a procedimentos menos invasivos que possibilitam que idosos centenários (ou quase lá) fiquem menos tempo no hospital e se recuperem com mais rapidez.

Na cirurgia tradicional, fraturas como a que dona Olga sofreu demandariam 13 dias de internação, segundo Luiz Fernando Cocco, coordenador do núcleo de ortopedia do Hospital Samaritano de São Paulo. Com a menos invasiva, o tempo foi reduzido para menos da metade.

Mas nem toda fratura pode ser tratada assim. Nas que demandam colocação de prótese, por exemplo, a operação costuma ser mais complexa.

A fratura de fêmur é uma das mais importantes causas de mortalidade e de perda funcional dos idosos. Um ano após a cirurgia para corrigir a fratura, até 30% deles podem morrer. E só metade consegue manter o nível de independência que tinha antes.

Menos invasivo

Acamados, os idosos podem desenvolver embolia pulmonar, pneumonias e outras complicações. Nos que já são doentes ou têm deficit cognitivo, o risco é maior.

Com a cirurgia minimamente invasiva, o corte é menor e, consequentemente, há menos sangramento e dor.

Mas isso depende também das condições clínicas do paciente. "Se é um idoso frágil, com doenças prévias, o risco de complicações é maior mesmo com a cirurgia menos invasiva", diz Jorge dos Santos Silva, diretor clínico do Instituto de Ortopedia e Traumatologia do Hospital das Clínicas.

Procedimentos menos invasivos também têm sido usados para corrigir problemas cardíacos, como troca de válvulas para quem tem estenose aórtica grave, uma doença típica da terceira idade.

Ela é causada pela calcificação natural da válvula, o que dificulta ou até impede a passagem do sangue do ventrículo esquerdo do coração para o resto do corpo, provocando cansaço e falta de ar.

Até alguns anos, a troca era feita por cirurgia convencional, abrindo o peito do paciente, um procedimento que requer internação longa (de dez a 12 dias, incluindo UTI) e um pós-operatório difícil.

Segundo Marco Antonio Perin, gerente de intervenção cardiovascular do hospital Albert Einstein, hoje é possível operar por meio de um cateter, que entra pela virilha do paciente e leva ao coração uma válvula nova, feita de metal e material biológico.

"Antes, por conta do alto risco cardíaco, pacientes muito idosos eram abandonados e morriam em um ou dois anos. Só tinham a opção do tratamento clínico."

A mesma técnica pode ser usada também na colocação de stent ("mola" que abre a artéria) em casos de infartos ou angina.


Voltar


Comente sobre essa publicação...

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *