28/03/2024 - Edição 540

Ágora Digital

O incrível mundo de fantasia de Pazuello

Publicado em 10/02/2021 12:00 - Victor Barone

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A reunião entre senadores e o ministro da Saúde Eduardo Pazuello, na quinta (11), serviu para que os primeiros avaliassem a necessidade ou não de uma CPI para investigar a atuação do governo federal durante a pandemia. O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), disse que ia conversar com os líderes da Casa para avaliar se as respostas foram “suficientes”. Segundo a Coluna do Estadãoaté governistas ficaram supresos (negativamente) com a performance do ministro. A oposição já tem assinaturas suficientes para o início da comissão parlamentar, e cabe a Pacheco dar o sinal verde. Sabe-se lá o que vai ser decidido, mas definitivamente não dá para dizer que a audiência tenha sido muito informativa.

Sob pressão, o general disparou informações que simplesmente não têm lastro no mundo real. Disse, por exemplo, que toda a população brasileira “vacinável” (isto é, maior de 18 anos) vai ser imunizada ainda este ano, e metade desse total até junho. Pode ser que milagres aconteçam, mas o próprio o Plano Nacional de Imunização estima, sem mencionar datas específicas, que isso só vá acontecer até 12 meses depois que os grupos prioritários estiverem cobertos. E, para o primeiro trimestre, o Brasil só conta com doses suficientes para vacinar 25% desses grupos… Até agora, as vacinas chegaram a 2,7% da população adulta. E só a primeira dose. Com estoques no fim, pelo menos sete capitais devem interromper as campanhas ou limitar ainda mais o público-alvo na próxima semana. 

O problema, segundo Pazuello, é que está difícil conseguir comprar vacinas de fora e as empresas agora oferecem poucas doses. Exatamente: ao longo dos últimos meses vimos o governo federal cruzar os braços enquanto vários países estabeleciam tantos contratos quantos fossem capazes. O general mencionou pequenas compras anunciadas, como as 10 milhões de doses da Sputnik V e outras 20 milhões da Covaxin (sendo que este imunizante ainda nem tem resultados de ensaios de fase 3), e voltou a desdenhar da Pfizer, porque em sua opinião o Brasil “não precisa se submeter” às cláusulas contratuais da farmacêutica – ao contrário dos EUA, do Reino Unido e dos países da União Europeia, que as aceitaram de bom grado.

A verdadeira aposta brasileira, disse Pazuello, está na produção nacional, a partir do Instituto Butantan e da Fiocruz. É… Só que essa produção depende de insumos de fora, e, como temos visto, o fornecimento anda muito menos veloz que o desejado. Mesmo assim, para o ministro, está tudo azul: o Brasil está “abrindo o leque para ter reservas” de vacina e exportar para outros países da América Latina (uma possibilidade que já foi mesmo levantada pelo Instituto Butantan – porque o Ministério da Saúde não decidia se ia ou não querer mais doses da CoronaVac para o SUS). 

Pazuello ainda ofereceu um estapafúrdio argumento contra a abertura da CPI. Usando uma comparação com a Alemanha de Hitler, ele disse basicamente que investigar os erros do governo na pandemia pode gerar mais mortes: “A Alemanha perdeu a guerra duas vezes porque ela abriu a frente russa. Não há como manter duas frentes. Nós temos uma guerra, é contra a covid. Se nós entrarmos numa nova frente nessa guerra, que é a frente política, vai ser mais difícil ganhar a guerra.  E o resultado disso, é óbvio, é perder mais gente”. 

QUAL É A FONTE?

Tem mais. Durante a audiência, Pazuello disse que a variante do coronavírus identificada em Manaus é “três vezes mais contagiosa”, mas “graças a Deus tivemos a notícia clara de que as vacinas têm validade com essa variante ainda”. São duas informações que nunca haviam sido divulgadas em lugar nenhum, mas foram jogadas assim, sem qualquer explicação adicional.

Como foi feita a análise sobre a transmissibilidade (se é que foi feita)? Que vacinas foram testadas contra a nova variante, quando foi isso, que resultados foram colhidos (se é que isso aconteceu)? O ministro não deu detalhes, e nos parece altamente improvável eles existam. O irônico é que que se a pasta realmente descobriu que a P.1 é 200% mais contagiosa e não fez nada a respeito, isso é nada menos que um atestado de omissão. O Reino Unido viu que sua variante é cerca de 40% mais transmissível e tem sido uma grande correria para impedir o espalhamento. O território inteiro está em lockdown, mesmo que um quinto da população já tenha tomado a primeira dose de alguma das vacinas.

A propósito, o Brasil registrou ontem 1,4 mil novas mortes por covid-19, que é o maior balanço diário desde julho. Em transmissão ao vivo, Jair Bolsonaro disse que não adianta ficar em casa chorando, pois a economia não pode parar.

CLOROQUINA, FIOCRUZ, MINISTÉRIO

Uma reportagem da Folha sobre a fabricação de hidroxicloroquina na Fiocruz gerou várias críticas e uma nota de esclarecimento por parte da instituição. O jornal afirmou ter obtido documentos mostrando que o Ministério da Saúde usou a Fiocruz para produzir quatro milhões de comprimidos dessa droga, além de Tamiflu, para pacientes com covid-19. Para completar, isso teria sido feito com recursos públicos emergenciais voltados a ações contra a doença: um dos papéis, de junho, informa textualmente que o crédito extraordinário liberado pela MP nº 940 fora usado para esse fim.

A Fundação diz que produziu hidroxicloroquina como faz há duas décadas, a partir de solicitações do Ministério para o  Programa Nacional de Prevenção e Controle da Malária; as últimas remessas à pasta foram feitas em março de 2020 e janeiro de 2021, ambas para atendimento ao programa. Segundo a nota, os recursos emergenciais não foram usados nisso, mas sim para financiar ações como ampliação da capacidade de testagem, ensaios clínicos de novas drogas e a construção de um centro hospitalar voltado para covid-19. Parte da verba foi usada para a produção do Tamifu, mas visando ao tratamento da influenza. 

O Ministério também publicou nota dizendo que não usou os recursos emergenciais alocados à Fiocruz para comprar cloroquina, e que a aquisição realizada em 2020 tinha sido programada ainda em 2019, portanto antes da pandemia. 

Só que outra matéria, também na Folha, mostra um ofício da pasta justificando, no dia 4 de fevereiro, uma mudança de rumo em relação às drogas que seriam usadas contra a malária. “A aquisição desse medicamento foi planejada e instruída para atendimento ao programa de malária. Entretanto, com o advento da pandemia pelo novo coronavírus e dadas as orientações de uso pelo Ministério da Saúde, este medicamento passou a ser disponibilizado no SUS, em 27/03/2020, também para uso no contexto Covid-19″, diz a pasta, respondendo a questionamentos da Procuradoria do Distrito Federal, que investiga improbidade administrativa por parte do general Eduardo Pazuello. O documento detalha: “As distribuições foram realizadas aos estados, Distrito Federal e municípios conforme o número de casos de Covid-19 registrados no boletim do Ministério da Saúde e também com base nas solicitações enviadas pelas secretarias estaduais e municipais de Saúde”.

Ou seja: os ofícios do Ministério se contradizem. Ao que parece, a pasta pode não ter usado verbas da pandemia para pedir à Fiocruz que produzisse cloroquina contra covid-19 – talvez tenha “apenas” desviado esses remédios que são eficazes contra a malária, precisavam ser usados por pacientes com tal doença e foram fabricados com essa finalidade.

Deputados do PT, PSB e PSOL protocolaram ontem uma representação na PGR para que o caso seja investigado.

Por Outra Saúde

DEMOCRACIA SOB AMEAÇA

Com seu livro de memórias recém-lançado pela Fundação Getúlio Vargas, o general Eduardo Villas Bôas, comandante do Exército entre 2015 e 2019, atirou numa coisa e acertou em outra. Se ele pretendeu reforçar a ideia de que as Forças Armadas não se metem em assuntos políticos pelo menos desde o fim da ditadura militar de 64, conseguiu exatamente o contrário.

Em abril de 2018, às vésperas de o Supremo Tribunal Federal aceitar ou não um pedido de habeas-corpus que poderia libertar Lula preso em Curitiba, Villas Bôas postou no Twitter: “Asseguro à Nação que o Exército Brasileiro julga compartilhar o anseio de todos os cidadãos de bem de repúdio à impunidade e de respeito à Constituição, à paz social e à Democracia, bem como se mantém atento às suas missões institucionais. Nessa situação que vive o Brasil, resta perguntar às instituições e ao povo quem realmente está pensando no bem do País e das gerações futuras e quem está preocupado apenas com interesses pessoais? Asseguro à Nação que o Exército Brasileiro julga compartilhar o anseio de todos os cidadãos de bem de repúdio à impunidade e de respeito à Constituição, à paz social e à Democracia, bem como se mantém atento às suas missões institucionais.”

À época foi dito que Villas Bôas apenas refletia o ânimo dos seus companheiros de farda. Antecipava-se a possíveis manifestações raivosas de subordinados. Não queria perder o controle da tropa. Por isso ou por aquilo, intimidado, o Supremo negou o habeas-corpus por 6 votos contra 5 e manteve a prisão de réu condenado em segunda instância. Lula continuou encarcerado.

Villas Bôas conta que a mensagem postada no Twitter de advertência ao Supremo não foi obra exclusivamente sua, mas também do Alto Comando do Exército. “Sentimos que a coisa poderia fugir ao nosso controle se eu não me expressasse”, diz Vilas Bôas. Não diz que “coisa” era, nem como ela poderia se manifestar. Uma rebelião? Uma tentativa de golpe? Mas como, se o Exército e as demais armas são apolíticos como diz e repete o general ao longo do seu depoimento? Como, se são fielmente cumpridoras do papel que lhes reserva a Constituição?

A primeira versão da mensagem foi escrita por seu estafe e sob sua orientação, sendo submetida depois aos integrantes do Alto Comando do Exército residentes em Brasília. Em seguida, ela foi transmitida aos demais comandantes de área para que a endossassem ou sugerissem ajustes. Recebidas as sugestões, a mensagem ganhou sua redação definitiva. Jair Bolsonaro respirou aliviado quando leu a mensagem no Twitter. Era deputado federal e há pelo menos dois anos estava em campanha como aspirante a candidato a presidente

Neste governo, Villas Bôas, general da reserva, é assessor do Gabinete de Segurança Institucional da presidência da República. Ao empossá-lo, Bolsonaro emitiu todos os sinais de que lhe é grato. Por quê? Talvez porque Villas Bôas respaldou sua candidatura à reboque de generais e de soldados que já o apoiavam. Cada quartel foi uma célula de Bolsonaro, e não será diferente em 2022.

O chefe das Forças Armadas, segundo a Constituição, é o presidente da República. É ele, e somente ele, quem em nome delas pode falar sobre temas políticos de repercussão geral.

Aos comandantes das três armas – Exército, Marinha e Aeronáutica -, cabe falar sobre assuntos administrativos e aqueles diretamente afeitos aos cargos que ocupam. A fala de Villas Boas não foi a de um chefe que se dirige aos seus subordinados. Foi um pronunciamento em nome do Exército e a propósito do momento político que o país atravessava em 2018. Não faltou provocação (“Quem realmente está pensando no bem do país e das gerações futuras?”)Nem ameaça (O Exército “se mantém atento às suas missões institucionais”).

Militar não é igual a civil. O que os distingue não é só a farda que um veste e o outro não. Militar tem acesso a armas pesadas, pilota brucutu, maneja tanques e é treinado para matar. O que um deles fala, soa diferente do civil que diga o mesmo. Porque um tem a força capaz de pulverizar literalmente quem quer que seja. O outro, só a força da palavra. Não é apenas a saúde dos brasileiros que está ameaçada pelo vírus que o governo Bolsonaro ignorou o quanto pôde. A saúde da democracia segue sob ameaça.

Por Ricardo Noblat

MORO FOI ESCULACHADO POR GILMAR

O presidente da Segunda Turma do STF (Supremo Tribunal Federal), Gilmar Mendes, criticou por diversas vezes as dúvidas sobre a veracidade das mensagens obtidas na Operação Spoofing, que divulgou diálogos entre membros da força-tarefa da Lava Jato. A maioria dos ministros, Gilmar inclusive, decidiu liberar o compartilhamento das mensagens com a defesa do ex-presidente Lula (PT), réu na operação.

Para ele, é "chocante" e "constrangedor" que procuradores e a defesa do ex-juiz Sergio Moro questionem a autenticidade dos textos.

"Será obra de ficção isso? Foi adulterado em que ponto? Vamos admitir que seja uma obra de ficção. Então que se prove que esses diálogos nunca existiram", argumentou durante seu voto.

“Esses hackers de Araraquara são uns notáveis ficcionistas, já que eles escreveram tudo isso. Então vejam os senhores o tamanho do constrangimento. Ou os hackers merecem o Nobel de Literatura, ou as mensagens são verdadeiras. Esses hackers de Araraquara são o novo Gabriel García Márquez ou estamos diante de fatos de gravidade”, espetou.

Na fala, ele ressaltou que não foi considerada no julgamento a autenticidade dos fatos, apenas o uso dos dados pela defesa. "Isso significa que a questão do uso material que carrega consigo invariavelmente a pergunta pela origem ilícita ou não da prova devem ser deixadas para momento e espaço oportunos, a serem identificados nos próprios processos ou procedimentos que a defesa venha apresentar."

O ministro leu muitas mensagens vazadas pelos hackers e constrangeu Moro com citações à Rússia. Moro era chamado pelo apelido de Russo pelos procuradores da força-tarefa. "O Russo, que é o Moro, criou seu próprio código de processo penal da Rússia", leu.

"Portanto, eles estavam fazendo um Código de Processo Penal. E não era de Curitiba: era da Rússia", afirmou o ministro. "Isso envergonha os sistemas totalitários. É disso que nós estamos a falar. A não ser que se prove que isso não existiu, que é obra de um ficcionista", complementou.

Gilmar continuou: "Eu quero que alguém diga honestamente que isso encontra abrigo na Constituição". "É chocante. É constrangedor."

Alfinetando a Lava Jato, Gilmar também disse que "esse modelo de Estado totalitário teve a complacência da mídia". "Agora já não é o julgamento de um caso. Nós fomos cúmplices. Tortura feita por esta gente bonita de Curitiba. Os fatos são tão graves que estão repercutindo mundo afora."

O ministro disse, também, que o Brasil replicou a história da Stasi, a principal organização de polícia secreta e inteligência da Alemanha Oriental. "Sabem que estudei na Alemanha, estudei a Stasi, nós replicamos a história da Stasi! A Receita Federal virou um braço da Stasi brasileira", afirmou.

LIRA, RÉU

O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux, declarou que o fato do novo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), ser réu na Justiça é algo que "até no plano internacional não é o melhor quadro". Uma decisão do STF de 2016 impede a ocupação da Presidência da República pelo chefe do Legislativo que seja réu.

"Eu falo em geral, abstrato. Pelo princípio da moralidade, eu entendo que os partícipes da vida pública brasileira devem ter ficha limpa. Sou muito exigente com relação aos requisitos que um homem público deve cumprir para a assunção de cargos de relevância, como a substituição do presidente. Eu acho que, realmente, uma pessoa denunciada assumir a Presidência da República, seja ela qual for, é algo que até no plano internacional não é o melhor quadro para o Brasil", disse o presidente do STF em entrevista publicada na edição deste domingo (7) do jornal Estado de São Paulo.

Por ser réu, o atual presidente da Casa, que assumiria a Presidência da República na indisponibilidade do presidente Jair Bolsonaro e do vice Hamilton Mourão, não pode assumir o Planalto. Na ausência de Bolsonaro e Mourão, quem assumirá o Poder Executivo será o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG). Depois dele, o próximo na linha sucessória presidencial é o presidente do STF, Luiz Fux.

De acordo com dados do Radar do Congresso, plataforma que monitora a atividade legislativa, Arthur Lira responde a oito investigações. O deputado é réu em um desses inquéritos no STF, acusado de receber R$ 106 mil de propina do então presidente da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU), Francisco Colombo.

ANTIVACINA NAS ALDEIAS

Uma preocupante reportagem do site Amazônia Real trata das consequências já visíveis das notícias falsas sobre a vacinação que estão se alastrando em algumas comunidades indígenas, inclusive entre caciques. Áudios no WhatsApp e mensagens em redes sociais dizem, por exemplo, que as vacinas vêm com microchips e que os imunizados vão morrer dentro de dois anos. O problema piorou após a morte do líder indígena Fernando Rosas Katukina, que havia sido vacinado 13 dias antes, por parada cardíaca. O óbito não teve relação com o imunizante, mas gerou medo. 

De acordo com lideranças, as fake news estão sendo impulsionadas por missionários e pastores evangélicos, e vários indígenas estão se recusando a tomar a vacina. “Foi dito que eles não iriam tomar [a vacina]. A gente tentou explicar, mas eles não estão acreditando. Só acreditam no que está sendo dito pelos missionários. Dizem que essa vacina veio para acabar com a sociedade, tanto a não indígena como a indígena. Essas informações erradas ficam na cabeça dos nossos parentes, principalmente dos nossos anciãos”, conta o coordenador-geral da União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja), Paulo Kenampa Marubo.

Desde que a pandemia começou, organizações indígenas começaram a lutar por conta própria para evitar a contaminação. Agora que é preciso fazer uma campanha de informação sobre as vacinas, estão no mesmo caminho: A Apib (Articulação dos Povos Indígenas do Brasil) lançou a campanha #VacinaParente; a Coiab (Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira) tem repercutido vídeos feitos de forma autônoma por lideranças locais para tentar vencer a cruzada antivacina no celular e nas redes sociais.

Por Outra Saúde

SOBRE A ‘ENQUADRADA’

O presidente da Anvisa, contra-almirante Antônio Barra Torres, disse que pode pode ir ao STF contra a MP do Senado que pode permitir a liberação de vacinas no Brasil sem a análise técnica da Anvisa. Antes, vai pedir ao presidente Jair Bolsonaro que vete o dispositivo em questão. 

PATUSCADAS, PANTOMIMAS

Uma troca de farpas entre Bruno Gagliasso e Fernando Collor (Pros) agitou as redes sociais nesta semana). Tudo começou após o ator criticar as políticas econômicas de Collor quando ocupava a cadeira presidencial do Brasil. Em publicação nas redes sociais, Gagliasso chamou atenção para a recente aproximação do senador com o presidente Jair Bolsonaro (Sem Partido). “Chega a ser uma piada esse presidente que representaria tudo de ‘novo’ trazer pra ser seu conselheiro econômico um sujeito que fez tantas famílias sofrerem com sua política econômica. BolsoCollor é um escárnio”, escreveu o ator.

A crítica não passou despercebida pelo ex-presidente, que alfinetou Gagliasso e o acusou de querer “lacrar” nas redes sociais. “Sujeito, para de espernear e querer lacrar. Aproveita o tempo vago e vai fazer algo de útil pelo Brasil. Se não conseguir, vai para Noronha e para de encher o saco.”

A discussão não parou por aí e Bruno Gagliasso respondeu ao senador: “Tá querendo palco, irmão? Eu não ganho dinheiro do povo pra estar no Twitter ofendendo os brasileiros. Eu sou um brasileiro pagador de impostos e você é meu funcionário. Vai trabalhar e me respeite.”

MAINARDI, O PÂNDEGO

A participação de Fernando Haddad no Manhattan Connection de quarta-feira (10) foi marcada por momentos tensos, já que um dos apresentadores do programa, o jornalista Diogo Mainardi, decidiu dedicar seu tempo para atacar o ex-presidenciável petista. Em um dos momentos mais absurdos do programa da TV Cultura, Mainardi resolveu partir para a agressão gratuita a Haddad, chamando-o de “poste de ladrão”. Em outro momento, o jornalista baixou ainda mais o nível, chamando o petista de “imbecil”.

O professor universitário respondeu polidamente: “acabei de ouvir que poucos petistas participam desse debate (Manhattan Connection) e acho que você é um dos grandes responsáveis. Porque há muitas pessoas educadas nesse programa. Não considero você um exemplo de educação. Acho você uma pessoa muito problemática, inclusive psicologicamente”.

O programa também debateu a liberação dos vazamentos da Vaza Jato para a defesa de Lula, em decisão recente da segunda turma do STF (Supremo Tribunal Federal), o que talvez explique a postura de Mainardi, que tentou defender o atuar do ministro Sergio Moro e a força-tarefa da Operação Lava Jato.

A respeito disso, Haddad também fez comentários ao jornalista de direita, mas de forma mais elegante: “Seu herói será desmascarado, Diogo”.

Em seguida, argumentou que, com o que se descobriu recentemente nos diálogos entre o ex-juiz e os procuradores de Curitiba, “se fosse nos Estados Unidos o Moro já estaria em Guantánamo”.

GENTE DE BEM

Um ato de solidariedade acabou trazendo problemas para o trabalhador autônomo Robsom dos Santos, de 35 anos. Ele presenciou o capotamento de um veículo, na Rodovia Rio-Santos, altura de Bertioga, e parou para ajudar a vítima. Com isso, acabou se atrasando para chegar ao trabalho e foi demitido, de acordo com reportagem de Leticia Gomes, no G1.

O autônomo, que estava em período de experiência na empresa, conta que já tinha saído de casa atrasado. Mesmo assim, ao presenciar o acidente, parou para ajudar. Ele se dirigiu ao local onde estava o veículo e observou o carro parcialmente submerso na água. Robsom achou que a vítima poderia se afogar e decidiu tentar tirá-la. “Falei ‘oi, tudo bem? Tem gente?’. Aí ele falou ‘tem, eu estou sozinho’. Mandei ele tirar o cinto, para tirar ele, porque não conseguia virar o carro”, relembrou. Com o auxílio de dois outros homens que também pararam para ajudar, a vítima foi retirada do carro e ficou aguardando o resgate. “Ele estava com muito medo, muito assustado, em choque.

Quando vi que ficou bem, saí para ir ao trabalho”, relatou. De acordo com informações da Polícia Rodoviária, o rapaz sofreu apenas ferimentos leves e passava bem, sendo encaminhada ao Hospital de Bertioga.

Ao chegar ao trabalho, recebeu a notícia que foi demitido por estar em período de experiência. Ele destacou que imaginava que poderia ser dispensado, porém, mesmo assim, disse que tomou a decisão certa.

FRASES DA SEMANA

“A vida continua, temos que enfrentar as adversidades. Não adianta ficar em casa chorando, não vai chegar a lugar nenhum. Vamos limitar o vírus, voltar a trabalhar, porque sem economia não tem Brasil”. (Bolsonaro, quando o país se aproxima da marca de 240 mil mortos pelo vírus) 

“Quanto mais igualdade de gênero, mais cresce o feminicídio; quanto mais se combate a discriminação racial, mais ela se intensifica; quanto maior o ambientalismo, mais se agride o meio ambiente”. (Eduardo Villas Boas, general, ex-comandante do Exército)

“É o maior escândalo judicial da história. A República de Curitiba envergonha os sistemas totalitários que não tiveram tanta criatividade.” (Gilmar Mendes, sobre as conversas entre os procuradores da Lava Jato e deles com o juiz Sérgio Moro que antecederam à condenação de Lula)

“A abertura do impeachment em momento onde as condições políticas não estão colocadas só fortaleceria [Bolsonaro]. Tiraríamos da agenda a pandemia e colocaríamos o impeachment. Talvez seja o ele quer: tirar da frente os milhares de mortos pela pandemia.” (Rodrigo Maia, deputado)

“A linha sucessória está prevista em lei, tem gente responsável por tocar para frente. Não vejo problema nenhum se ele ficar, ou se ele sair. O país não vai parar por causa disso. Passa por aquele trauma e vai em frente”. (General Santos Cruz, ex-ministro do governo Bolsonaro)

“Indiscutível o direito de um partido lançar candidato a presidente. Questões são outras: qual o programa e quais as alianças para derrotar Bolsonaro? Se há uma coisa que não temos direito é de perder de novo para ele e prolongar tragédias.” (Flávio Dino, governador do Maranhão) 

“O peso do estado é muito grande. A orientação do presidente desde o início é vamos desonerar, reduzir, simplificar, tirar o Estado do povo brasileiro.” (Paulo Guedes, ministro da Economia)

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Victor Barone

Jornalista, professor, mestre em Comunicação pela UFMS.


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