20/04/2024 - Edição 540

Ecologia

Fiat 500 Abarth

Publicado em 12/12/2014 12:00 -

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Karl Abarth era um sujeito "invocado": quando criou uma preparadora de veículos que batizou com seu nome, em 1949, o austríaco de nascença, mas italiano de coração, escolheu o escorpião como símbolo. Ele afirmava que seus esportivos eram os únicos com condições de apresentar bom desempenho nas pistas e, ao mesmo tempo, serem utilizados satisfatoriamente nas ruas, em uma clara “alfinetada” em Ferrari e Lamborghini.

Mais de 60 anos depois, e sob o comando da Fiat, a Abarth mantém a tradição de modelos “apimentados” na Europa e nos Estados Unidos, com kits de preparação e veículos completos, como 500 e Punto.

Querendo repetir o sucesso do exterior, a Fiat resolveu trazer a divisão do escorpião para o Brasil, com o 500 Abarth. Vindo do México, o compacto estará disponível em aproximadamente 150 concessionárias da marca – as mesmas que já vendem o 500 convencional – a partir da segunda quinzena deste mês, por R$ 79,3 mil.

Para apresentar o 500 Abarth, a marca italiana escolheu o local mais propício para um “foguetinho”: um circuito.

Muitos cavalos

Empurrar os 1.164 kg do carrinho é tarefa para um motor 1.4 turbinado, que desenvolve 167 cavalos a 5.500 rotações por minuto e 23 kgfm de torque, em uma faixa que varia de 2.500 rpm a 4.000 rpm. O turbocompressor é capaz de gerar até 1,24 bar de pressão.

Ele conta com o sistema MultiAir, uma espécie de comando de válvulas que varia continuamente, de acordo com a carga do acelerador e a faixa de rotação do motor. Para isso, alterna ângulo e tempo de abertura e fechamento das válvulas na fase de admissão. Se o motorista quer mais desempenho, as válvulas ficam abertas por mais tempo e com maior ângulo. Se o objetivo for melhoria no consumo, é feito o contrário.

Segundo dados de fábrica, o 500 Abarth acelera de 0 a 100 km/h em 6,9 segundos, com máxima de 214 km/h. É o Fiat mais ágil já vendido no Brasil. Supera até o Marea Turbo, ícone da marca, que cumpria a mesma prova em 7,9 segundos, mas atingia os 220 km/h. Vale lembrar que o Marea tinha motor bem maior, no caso um cinco cilindros de 2 litros com 192 cv.

Objeto de desejo

A vocação do Cinquecento Abarth pode ser notada tão logo o motor é colocado em funcionamento. Quer mostrar o brinquedo novo para aquele vizinho que observa cada movimento? Experimente dar a partida no 500. Mesmo em marcha lenta, as duas saídas do escapamento emitem um ronco grave. Melhor ainda quando o motorista resolve acelerar. Aí o som se transforma em um ruído rouco.

O Abarth não é um 500 comum nem no visual. A versão "cresceu" 6,9 cm na dianteira, ficando mais “bicuda". Tudo isso para acomodar os radiadores de ar e água. O para-choque, também com o objetivo de resfriar melhor o motor, foi redesenhado, e conta com entradas de ar maiores.

O logotipo da Fiat foi substituído pelo da Abarth, com o escorpião em uma insígnia vermelha e amarela. O animal, inclusive, aparece em várias partes do veículo, como nas rodas, na lateral, tampa do porta-malas, volante e na capa plástica do motor. Completam o visual rodas de 16 polegadas com desenho esportivo.

Espaço

No interior, há algumas modificações. A mais visível é um instrumento do lado esquerdo do volante, chamado de Sport, responsável por mostrar a pressão do turbo.

O conjunto fica completo com o quadro de instrumentos configurável. Ao toque de uma tecla, os mostradores são rearranjados, com foco no velocímetro e no conta-giros.

Os bancos possuem formato de concha – e poderiam oferecer um pouco mais de apoio lateral. Volante e câmbio são revestidos de couro com costuras vermelhas.

Todos os comandos estão ao alcance das mãos, até pelo espaço restrito da cabine. Trocar as marchas também fica mais divertido (e rápido) devido à proximidade da alavanca em relação ao volante.

Os únicos opcionais são teto solar elétrico (R$ 3.638) e o poderoso sistema de som Beats, com 6 alto-falantes, subwoofer e amplificador (R$ 1.929).

Incansável

Na pista, o 500 Abarth mostra que tamanho não é documento, e acelera com a desenvoltura de esportivos maiores. Em curvas, é preciso como o bote de um escorpião, apontando exatamente para onde o motorista quer.

É possível ajustar o controle de estabilidade de três formas. Na mais “tranquila”, o sistema intervém no menor sinal de “barbeiragem”.

Para deixar as coisas mais divertidas, basta pressionar o botão ESC Off, do lado esquerdo do painel. Assim, a central fica mais permissiva, arrancando sorrisos do piloto a cada curva feita de lado (o que só é possível fazer em autódromos, vale ressaltar).

Para desligar o controle, é só manter a tecla pressionada por 10 segundos. Porém, no modo intermediário é possível ter doses de adrenalina e segurança diretamente proporcionais.

É possível acelerar o Cinquecento em três baterias, de cinco voltas, cada. Em todas elas, o veículo acabava de chegar aos boxes e já retornava para a pista. Em nenhum momento os freios apresentaram o menor sinal de fadiga.

O bom comportamento deles pode ser explicado pelo conjunto, que foi redimensionado na dianteira. Os discos dianteiros, de 257 mm nas demais versões, cresceram para 284 mm para parar o carro da melhor maneira possível. Na traseira não houve mudanças.

Conclusão

Até então, o Bravo T-Jet era o que havia de mais esportivo na linha Fiat no Brasil. Por R$ 72.470, ele oferece mais espaço, mas deve em desempenho e carisma. Com o 500 Abarth, a montadora espera vender 30 carros até o final do ano, além de outros 300 em 2015. Com tantas qualidades, o objetivo parece modesto.

Se a ideia é ter um esportivo de verdade, mas a "verba" não permite regalias como Volkswagen Golf GTI, Civic Si e Mini Cooper S, O 500 Abarth é o que há de mais divertido na casa dos R$ 80 mil. Com um visual bacana, desempenho e dirigibilidade que agradam, e nível de equipamentos coerente, ele supera o recém-lançado Suzuki Swift Sport, que parte de R$ 74.99, e o Citroën DS3, que começa em R$ 81.490.


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