26/04/2024 - Edição 540

Saúde

Um quarto dos que reduzem estômago volta a ficar obeso

Publicado em 12/12/2014 12:00 -

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Um quarto dos pacientes que fazem cirurgia bariátrica reganha peso e pode ter indicação para ser reoperado, aumentando os riscos de complicações pós-cirúrgicas. A principal delas é a fístula, o rompimento dos grampos usados na redução do estômago. O risco passa de 1%, após a primeira cirurgia, para 13%, depois da segunda.

As reoperações para a redução de peso e as complicações foram discutidas em congresso de cirurgia bariátrica que ocorreu na semana passada no Rio de Janeiro. O Brasil é o vice-campeão mundial em cirurgias bariátricas, com cerca de 80 mil procedimentos por ano (10% feitas no SUS), atrás apenas dos EUA, com 140 mil.

Segundo os especialistas, é esperado ganhar até 10% do peso perdido na cirurgia bariátrica. Por exemplo: se a pessoa perdeu 50 kg, é normal que ela ganhe 5 kg.

O sinal vermelho acende quando o reganho de peso é maior, chegando a 50% ou mais. Pesquisa da Universidade de Brasília (UnB) com 80 pacientes que tinham sido operados havia mais de dois anos mostrou que 23% engordaram além do esperado.

Difícil de acostumar

Outro estudo da Universidade Federal de Alagoas com 64 obesos operados revelou que, cinco anos após a bariátrica, 28% estavam obesos. "O problema é que, além dos quilos a mais, o obeso volta a ter os mesmos fatores de risco, como hipertensão e diabetes", diz o cirurgião Almino Ramos, presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica.

Segundo ele, a principal razão que leva ao reganho é a não aderência do paciente a um novo estilo de vida, que inclui dieta equilibrada e prática regular de exercícios. "A cirurgia não faz milagre. O paciente precisa aderir a um programa multidisciplinar, com nutricionista, psicóloga. Se ele não cumprir esse acordo, o estômago vai dilatar e ele vai ganhar peso."

Muitos desses pacientes apresentam deficiência de vitaminas, como a B12. A falta desse nutriente pode levar à anemia grave e contribuir para danos cardíacos e neurológicos, explica o endocrinologista Lucas Tadeu Moura.

Outro estudo mostrou que 80% dos obesos à espera da cirurgia bariátrica em um serviço de saúde tinham transtornos psiquiátricos (de humor e de ansiedade). "Isso tem que ser tratado antes da cirurgia. Não adianta colocar a carroça na frente dos bois", diz Ramos.

Segundo Lucas Moura, é frequente também o paciente trocar a comida pela bebida, tornando-se alcoólatra. "É complicado. Ele faz a cirurgia, acha que está curado e some do radar do médico."


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