20/04/2024 - Edição 540

Ponte Aérea

Antipetismo: o palavrão

Publicado em 16/12/2020 12:00 - Raphael Tsavkko Garcia

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Uma das coisas mais interessantes na política brasileira é quando alguém fala em "antipetismo".

Quando sai da boca de petistas e parapetistas parece um palavrão. Um crime cometido contra o PT, um absurdo sem igual que, vejam só, é igualzinho ao que o próprio PT fazia contra o PSDB – lembram da propaganda do Lula com ratos saindo do esgoto?

Só que o "anti-tucanismo" não pegou tão forte quanto o antipetismo (e aí cabem inúmeras análises), que é um sentimento consolidado e absolutamente… legítimo.

Sim, o antipetismo é absolutamente legítimo, parte do jogo político. Pessoas amam ou odeiam partidos e ideologias e claro que esse amor ou ódio pode ser exagerado, nonsense e mesmo ridículo, mas a vida é assim.

"Ah, mas Bolsonaro foi eleito por causa do antipetismo" diz o petista que aplaudia a tese de "segundo turno ideal", achava lindo a Dilma com a Katia Abreu, gritava que Belo Monte ia sair junto com "VAI PM" e acha que 2013 foi GOLPE da CIA.

Antipetismo nada mais é que um sintoma de cansaço, de repúdio, de horror a um partido que levou o país a uma crise sem precedentes, mas que manteve sempre um discurso de que a culpa é dos outros. De que não louvar Lula é falha de caráter.

"O PT perdeu por causa do antipetismo," grita desesperada a fanfiqueira de rede social, como se antipetismo fosse uma arma secreta ilegal. Oras, e daí? A mesma turma que chora porque existe uma "repulsa à esquerda" (confundindo aí PT com esquerda) é a que prega ativamente uma repulsa à direita e que diz que todo liberal é fascista.

É ridículo quando Bolsominions demonstram ódio ao PT compatível ao fanatismo com que defendem Bolsonaro? Lógico, mas o inverso também se aplica.

A ideia que o pessoal do PT tenta vender, de que antipetismo é algo fora da política, que está além do tolerável dentro do jogo democrático, é tão ridículo quanto a ideia de que a CIA esteve por trás de 2013 ou de que Dilma foi uma boa presidente.

NA MORAL

Parte do problema é a suposta superioridade moral que parte da esquerda professa ou defende. A ideia de que ser de esquerda te coloca num patamar moral acima dos demais quando, na verdade, a esquerda reproduz muito da cultura e do momento tanto quanto qualquer outra ideologia que se apresente como progressista (o liberalismo é em muitos aspectos progressista).

A esquerda tem a mania por vezes incômoda de achar que está sempre à frente de seu tempo, quando muitas vezes se limita a reproduzir os mesmos preconceitos e a mesma cultura do momento em que se insere.

Foi assim no auge dos regimes comunistas e com a URSS exportando seu modelo e seu modo de pensar (que era basicamente parte do mesmo caldo social-conservador médio mundial) e segue sendo igual, com a esquerda adotando pautas identitárias radicais que são eminentemente liberais e exportadas sem qualquer tipo de tradução dos EUA para o mundo.

O que parece vanguarda muitas vezes é apenas reprodução de modelos ultrapassados ou autoritários.
 

Cuba condenou homossexuais a trabalhos forçados e o próprio Fidel Castro reconheceu o erro. Soube agora, com dados…

Publicado por Gustavo Gindre em Domingo, 13 de dezembro de 2020

ISSO A MÍDIA NÃO MOSTRA

Eu não tenho a menor paciência pra turma "Isso a mídia não mostra".

Primeiro porque, onde diabos eles acham que consegue informação? Sinal de fumaça? Eu garanto que não é pelo Brasil 171, DCM e outras centrais de fake news petistas, porque quando essas acertam alguma coisa é porque chuparam da grande mídia (e às vezes sequer incluem a referência).

Eis um exemplo clássico. Mil likes, duas centenas de RTs. E não passa de fake news.

Valor não é mídia? https://t.co/TFGTSupURl?amp=1 e https://t.co/Awkph6wLSe?amp=1

Estadão também não? https://t.co/JVnxPF2NnE?amp=1

NSC Total? https://t.co/BxLeiR8AOC?amp=1

São todas matérias falando sobre a falta de produtos industrializados no mercado.

Desemprego?

Primeiros resultados do Google. Pesquise: "Desemprego+cresce".

Pronto. Aparecem vários resultados. Não é magia, é tecnologia. E jornalismo.

Tem Estado de Minas, tem G1, tem IG…

É só uma questão de boa vontade. Mas é mais fácil ficar chorando dizendo que a mídia não mostra. Mostra. Se você não procura, o problema é seu.

Leia outros artigos da coluna: Ponte Aérea

Victor Barone

Jornalista, professor, mestre em Comunicação pela UFMS.


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