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Nova-iorquinos protestam contra impunidade de policiais

Publicado em 05/12/2014 12:00 -

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Milhares de manifestantes interromperam o tráfego em Nova York na madrugada de quinta-feira (4), após um júri divulgar sua decisão pelo não indiciamento do policial Daniel Pantaleo pela morte de Eric Garner, em julho. O Departamento de Justiça disse estar conduzindo investigação independente para descobrir se os direitos civis de Garner foram violados.

O homem de 43 anos e pai de seis filhos foi acusado de estar vendendo cigarros ilegalmente em uma calçada quando Pantaleo o imobilizou com uma “gravata” e o derrubou com a ajuda de outros quatro policiais. Apesar de dizer 16 vezes que não conseguia respirar, os policiais mantiveram a imobilização, o que levou Garner a uma parada respiratória. Segundo a autópsia, Garner morreu em decorrência da "gravata" aplicada por Pantaleo e da pressão de seu tórax contra o chão. A polícia alegou que ele resistiu à prisão.

O incidente em Staten Island, distrito menos povoado de Nova York, foi filmado e o vídeo rapidamente se espalhou pela Internet, alimentando o debate sobre o abuso da violência pela polícia norte-americana.

O presidente dos EUA, Barack Obama, disse que a decisão do júri causou a reação daqueles que possuem "a preocupação por parte de muitas comunidades minoritárias em que a aplicação da lei não está funcionando com elas nem lidando com elas de modo justo".

Desafio

A decisão representa o maior desafio já enfrentado pelo prefeito de Nova York, Bill de Blasio, que assumiu o cargo em janeiro com a promessa de pacificar as tensas relações entre nova-iorquinos negros e a polícia.

Foi o segundo júri em pouco mais de uma semana a não indiciar um policial branco pelo morte de um homem negro desarmado nos EUA. A decisão do júri sobre a morte a tiros do adolescente negro Michael Brown em Ferguson, no Missouri, provocou uma onda de violência, com lojas incendiadas e saqueadas no subúrbio de St. Louis.

Os protestos em Nova York foram pacíficos, embora cerca de 70 pessoas tenham sido presas até a madrugada.

“Nossos procuradores vão conduzir uma investigação independente, extensa, justa e rápida", disse o procurador-geral dos EUA, Eric Holder, a repórteres em Washington. "Além de conduzir nossa própria investigação, o departamento vai conduzir uma revisão completa do material coletado durante a investigação local."

Juristas dizem que embora não haja nenhuma lei explícita contra sufocamentos por imobilização, o uso desse tipo de abordagem é proibido pelo regulamento da polícia de Nova York. A violação das regras, no entanto, não constitui um crime necessariamente. O sindicato dos policiais municipais de Nova York disseram que os policiais envolvidos no incidente de Garner agiram dentro do escopo da lei.

Treinamento

Na tentativa de dar uma resposta rápida aos protestos, o prefeito Bill de Blasio anunciou que 22 mil policiais da cidade passarão por novo treinamento. Em entrevista ao lado do chefe da polícia de Nova York, William Bratton, Blasio afirmou que "a relação entre a polícia e a comunidade tem de mudar".

O novo treinamento, que terá duração de três dias e será aplicado à maior parte da força policial de Nova York, de mais de 34 mil agentes, não foi detalhado. Blasio afirmou, no entanto, que a nova abordagem incluirá o uso menor da força, quando possível, e um processo de "desescalada", que orienta os policiais a aliviarem a tensão no contato com a população.

A prefeitura também vai acelerar a implementação de um projeto-piloto para o uso de câmeras em uniformes. Cerca de 60 agentes começarão a usar os equipamentos já neste final de semana – o prazo dado anteriormente era até o fim do ano.


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