28/03/2024 - Edição 540

Ágora Digital

Bundões da semana

Publicado em 14/10/2020 12:00 - Victor Barone

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É dura a vida dos devotos de Bolsonaro. Aplaudiram o presidente na frente do Alvorada quando ele disse que dará "uma voadora no pescoço" de quem for apanhado fora da linha no seu governo. Horas depois, trombaram com a notícia de que o senador Chico Rodrigues (DEM-RR), vice-líder de Bolsonaro no Senado, foi pilhado em Roraima numa batida da Polícia Federal escondendo dinheiro dentro da cueca, inclusive entre as nádegas. O episódio desce à crônica do poder como mais uma evidência de que, em política, nada se cria, nada se transforma… Tudo se corrompe.

Por Josias de Souza

Há tantas ironias entuchadas nessa história que ela entrará, certamente, para os anais do Senado. Primeiro, em discurso no dia 7 de outubro, o presidente afirmou: "Eu acabei com a Lava Jato. Por que não tem mais corrupção no governo". No dia 14, voltou a tocar no assunto, dizendo que se alguém andar fora da linha levará "uma voadora no pescoço". A operação desta quarta mostrou que o problema está mais embaixo.

Segundo, na já icônica reunião ministerial de 22 de abril, o presidente reclamou dos adversários políticos, afirmando que "o que os caras querem é a nossa hemorroida". O guru da família Bolsonaro, Olavo de Carvalho, cita sistematicamente o ânus em suas intervenções. O final do intestino grosso também foi usado em repetidas interpelações do vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos). Analistas que apontavam para a fixação anal na cúpula do poder e chegaram a ser atacados por bolsonaristas devem se sentir vingados.

Terceiro, Bolsonaro foi criticado por lançar a nota de R$ 200. Na época, uma das possibilidades levantadas é que isso favoreceria transporte de dinheiro ilegal, inclusive na cueca. Ninguém sabe o que a PF encontrou no senador, mas um lobo-guará ocupa o mesmo espaço de duas garoupas, quatro onças-pintadas ou dez micos-leões dourados sendo, portanto, uma mão na roda.

"É quase uma união estável, hein Chico?"

Sem contar que, em um vídeo que circula nas redes sociais, Bolsonaro brincou com a longa convivência com Chico Rodrigues, na Câmara dos Deputados, chamando o período de "quase uma união estável". Nas imagens, o senador comenta que ele "está retomando a moralidade".

No dia 31 de março de 2016, o então deputado Bolsonaro criticou governos com aliados flagrados com dinheiro na cueca. "Quero dizer ao líder do PT, que há pouco passou por esta tribuna, que presidencialismo de coalizão não é vale-tudo, não! Não é jogar ministério para cima e enfiar dinheiro na cueca de assessor parlamentar, não!". Ele se referia ao caso de um assessor do partido flagrado, em julho de 2005, com dólares nas roupas íntimas em um aeroporto. Agora, um dos líderes de seu governo e pessoa com quem teve "quase uma união estável" também foi flagrado com dinheiro enfiado na cueca.

Por Leonardo Sakamoto

Para evitar a "humilhação pública", o ministro Luís Roberto Barroso, do STF, mandou a Polícia Federal guardar no cofre o vídeo que expõe a batida policial realizada sob a cueca do senador Chico Rodrigues. A exibição tornou-se desnecessária. A simples reprodução do relato da PF deixou o investigado pelado, expondo ao país o nu que ninguém pediu, que ninguém queria ver, que já não espanta ninguém. Barroso reproduziu nacos da descrição da PF no despacho em que submete ao Senado sua decisão de afastar Chico Rodrigues do exercício do seu mandato por 90 dias. Foram extraídos do interior da cueca do senador R$ 33,150 mil. "Próximo às suas nádegas", havia R$ 15 mil. Na parte "frontal", R$ 17,9 mil. Numa derradeira incursão, foram encontrados mais R$ 250.

Antes da fase proctológica, a PF apreendera num cofre localizado no armário do quarto do senador R$ 10 mil e US$ 6 mil. Súbito, o investigado pediu para ir ao banheiro. Ao segui-lo, o delegado Wedson Cajé, que comandava a ação, "percebeu que havia um grande volume, em formato retangular, na parte traseira" do short de pijama azul que o senador vestia. Pergunta daqui, nega dali, o investigador decidiu realizar uma visita à região das ancas. Bingo! O volume retangular era feito de maços de notas de R$ 50. Na sala de estar, perguntou-se ao senador se havia outras surpresas escondidas na cueca. Indagou-se uma, duas, três vezes. Irritado, Chico Rodrigues "enfiou a mão em sua cueca, e sacou outros maços de dinheiro". Embora a cifra fosse maior, o volume era menor, pois as notas eram de R$ 200.

A certa altura, informou a PF, o senador baixou parcialmente o short do pijama, expondo partes íntimas de sua figura. Barroso avaliou que "o registro exibe demasiadamente a intimidade do investigado." Apura-se o desvio de verbas federais destinadas a combater a pandemia em Roraima. A pilhagem foi estimada em R$ 20 milhões. Confirmada a culpa, escreveu Barroso, "estará justificada a punição" do senador. É "desnecessária a humilhação pública." O ministro tem razão. Até porque o investigado não seria o único humilhado. A política brasileira vive há tempos a mais despida das épocas. O excesso de obscenidade humilha também a plateia.

Na sua transmissão semanal ao vivo pelas redes sociais, Jair Bolsonaro tratou na base do "não tem nada a ver" o senador Chico Rodrigues, com quem mantém uma amizade de mais de 20 anos —quase uma "união estável", segundo sua própria definição. O presidente poderia mandar gravar na sua testa a expressão "nada a ver". Isso o eximiria de dar explicações. E pouparia o país do seu ar de aborrecido. Se o Planalto não teve nada a ver com nada durante um ano e nove meses por que teria agora?

O Brasil assiste a um espetáculo que poderia se chamar "Mais do Mesmo." Aos pouquinhos, a era Bolsonaro vai ficando muito parecida com tudo o que o atual presidente prometia combater.   Ao declarar, na semana passada, que acabou com a Lava Jato porque não há corrupção no seu governo, Jair Bolsonaro tornou-se um prisioneiro do seu próprio cinismo. Inaugurou um vale-tudo retórico que lhe permite dizer que o senador Chico Rodrigues, pilhado com dinheiro na cueca, seu amigo e, agora, vice-líder afastado no Senado, não tem nada a ver com o governo. O cinismo libera o presidente para afirmar também que a operação conduzida pela Polícia Federal e pela Controladoria-Geral da União para investigar o amigo com quem disse ter quase uma "união estável" é "fator de orgulho".

Deixando-se de lado os desvios comprovados ou sob investigação —um balaio que inclui, além do amigo que suja dinheiro entre as nádegas, dois filhos suspeitos de peculato, dois líderes investigados por corrupção ativa, um ministro condenado por improbidade, dois ministros sub judice, e uma explicação pendente sobre o dinheiro que pingou na conta da primeira-dama…— tirando tudo isso, o que sobra são as reformas que o presidente disse que faria: política, tributária, do Estado e dos costumes.

Por Josias de Souza

FALANDO AO VENTO

Debater o combate às queimadas com Ricardo Salles é como levar uma inutilidade às fronteiras do paroxismo. O ministro do Meio Ambiente já demonstrou que não resolve problemas ambientais. Ele apenas sobrevive aos problemas. Desperdiça o seu tempo agravando-os. A cada nova manifestação fica evidente que Salles é parte da encrenca, não da solução. Isso ficou evidenciado mais uma vez na conversa virtual que o ministro manteve com os senadores que acompanham o drama das queimadas no Pantanal.

O receituário de Ricardo Salles contra o fogo é uma mistura de boi com incêndios controlados. O boi funcionaria como bombeiro natural, mastigando a folhagem seca. A queima monitorada de material orgânico completaria o serviço. O número de cabeças de gado só aumenta no Pantanal. A quantidade de focos de incêndio também. A fábula de que a baba bovina funciona como extintor é conversa para boi nanar.

Salles citou as condições climáticas adversas como causa do agravamento das queimadas. Tem razão. Faltou explicar por que o governo não se preparou para o pior. Instado a comentar o desmonte que promoveu nos órgãos ambientais de fiscalização e controle, o ministro desconversou. "O desmonte foi feito antes de nós", disse ele. Nas suas palavras, Bolsonaro herdou o caos de administrações passadas.

Ministro de um governo prestes a completar dois anos que ainda esgrime o discurso da herança maldita reforça a impressão de que participa de uma administração que já convive com a sua própria herança. Bolsonaro talvez não tenha notado. Mas Ricardo Salles virou parte do legado amaldiçoado que o governo impõe a si mesmo.

Por Josias de Souza

Há algumas semanas a Piauí problematizou o fato de que, para combater o fogo no Pantanal, o governo do Mato Grosso estava usando retardantes – produtos químicos que não têm a devida regulação ambiental no Brasil, e cujos efeitos na saúde humana e do ambiente ainda não foram suficientemente documentados. Pois o Ibama, sob orientação do Ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles, elaborou um contrato em regime de urgência para comprar – sem licitação – 20 mil litros do produto, agora com o Cerrado como destino. Ele seria usado na Chapada dos Veadeiros, em Goiás, e fornecido pela  Rio Sagrado Industrial Química. A mesma empresa já ‘doou’ mil litros do produto, que foi exibido recentemente pelo ministro em uma visita à Chapada. Na ocasião, Salles disse que o retardante já foi usado no local.

A descoberta é do repórter André Borges, do Estadão, que ressalta ainda como o contrato do Ibama ignora trechos importantes de um laudo da própria autarquia publicado em 2018. O documento, que foi usado para basear os pareceres favoráveis à aquisição, diz que “o produto é biodegradável e apresenta baixa toxicidade para seres humanos e para algumas espécies representativas do ecossistema aquático”. Só que ele não para por aí: alerta sobre riscos e sobre a falta de regulação no Brasil, uma vez que os dados sobre ecotoxicidade são incipientes. E enumera uma série de precauções, entre elas a “suspensão do consumo de água, pesca, caça e consumo de frutas e vegetais na região exposta ao produto pelo prazo de 40 dias”, devido ao risco de contaminação. Pelo mesmo motivo, o documento diz que esse tipo de produto deveria ser evitado em Áreas de Preservação Permanente (APP). Nada disso foi levado em conta quando a compra emergencial foi aprovada. Aliás, a Chapada dos Veadeiros é uma APP… E, segundo o governo de Goiás, não é autorizado o uso de retardantes na região.

Após a denúncia do jornal, o Ministério Público junto ao TCU pediu a paralisação do processo de compra e a interrupção de qualquer lançamento dos retardantes até que a corte analise o caso.

Em tempo: Salles participou de uma audiência pública na comissão do Senado que acompanha o enfrentamento aos incêndios no Pantanal, e justificou sua inação afirmando que o governo federal só tem competência para fiscalizar 6% desse território. O restante seria responsabilidade do estado. No G1, ambientalistas contestam o argumento: apesar de só esse pequeno percentual estar sob responsabilidade direta da União, o Ministério tem o dever de atuar na proteção do bioma, principalmente em situações de crise.

Por Outra Saúde

BOLSONERO

Após erguer estátua de “Bolsonero” em área devastada no Pantanal, ativistas do Greenpeace escreveram mensagem “Pátria Queimada Brasil” para revelar o absoluto descaso do governo federal com a proteção do patrimônio ambiental do país.

SEM DESTINO CERTO

O Ministério Público Federal entrou com uma ação contra a transferẽncia do lixo nuclear das usinas de Angra; esse lixo tem sido armazenado em tanques gigantescos que já estão quase cheios, e a ideia da Eletrobras Eletronuclear é transferi-lo para 72 cilindros metálicos envolvidos por concreto e aço. Eles ficariam a céu aberto em um terreno dentro do complexo de Angra, perto do centro de informações, do mirante para os visitantes e da BR-101. Esse tipo de depósito é usado em outros países, só que foi aprovado aqui sem nenhum estudo de impacto ambiental e sem audiência pública com os moradores da região. 

“Até um tempo atrás, falar em tornado aqui no Brasil seria um absurdo. Hoje já não é mais um absurdo. Qual é a capacidade de impacto, se tiver um tornado atingindo a região de Angra dos Reis? Não é claro o que que ele suporta”, disse o procurador Ígor Miranda no Jornal Nacional. Como se sabe, o lixo atômico representa perigo por milhares de anos. Mas, apesar de os tanques de Angra estarem sendo preenchidos há anos, o Brasil ainda não tem um depósito final. 

NA CAMPANHA ELEITORAL

Mesmo depois do amontoado de evidências contra o uso de hidroxicloroquina para curar ou prevenir covid-19, em vários municípios o remédio está sendo usado por políticos na disputa eleitoral. Uma série de reportagens especiais da Agência Pública mostra como isso tem sido feito em dez cidades onde o ‘kit covid’ foi distribuído . Em geral são municípios do interior ( “No Brasil profundo, a cloroquina é ‘pop'”, diz o texto), mas também há histórias nas capitais do Rio Grande do Norte e do Amapá. Em pelo menos oito dos dez municípios, moradores relataram que os remédios foram entregues até para quem não tinha os resultados do teste para a covid-19. 

“É muito fácil você conseguir votos e a simpatia do povo assim: ‘olha como eu cuido da população da minha cidade, eu estou distribuindo um kit de remedinhos de graça’”, comenta Natália Pasternak, do Instituto Questão de Ciência. A estratégia geral é resumida pelo cientista político Daniel Menezes, professor da UFRN, ao falar sobre o prefeito de Natal Álvaro Dias (PSDB), candidato à reeleição: “A minha hipótese é a de que ele, de posse de pesquisas qualitativas, conseguiu mapear muito bem o sentimento da população. ‘O pessoal quer remédio? Então remédio eu vou dar’”. Em Cárceres,no Mato Grosso, a prefeitura colocou até Jesus na jogada. O pacote com ivermectina distribuído à população vinha com a mensagem “esta luta é do Senhor Jesus. Juntos venceremos Covid-19”. O detalhe é que essa droga não é recomendada nem mesmo pelo Ministério da Saúde, cujos protocolos ainda insistem na cloroquina.

Por Outra Saúde

FORA!

Por pouco, muito pouco, pouco mesmo, a medalhista de vôlei de praia Carol Solberg não foi punida com uma pena mais dura por ter gritado, no final de um jogo, “Fora, Bolsonaro!”. Julgada pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva, ela correu o risco de ser suspensa por seis jogos e ainda ter que pagar multa de R$ 100 mil. Era o que se temia. A votação foi apertada – 3 votos contra 2. Ela poderá continuar jogando, desde que nunca mais faça o que fez. E a multa aplicada de RS 1.5 mil acabou convertida em advertência.

Advertência que deve servir de exemplo para todos os atletas que façam restrições ao presidente da República e que queiram expressá-las ao final de partidas. A Justiça Desportiva proíbe. A não ser que as restrições cedam lugar a menções favoráveis a Bolsonaro, aí pode. Felipe Melo, do Palmeiras, e outros atletas que o digam. Nunca foram censurados por apoiar o presidente. Há limites para tudo – até para um direito consagrado na Constituição. O direito pode ser invocado, por exemplo, para justificar fake news a favor de Bolsonaro – contra, jamais.

Por Ricardo Noblat

INFERNO ASTRAL

A advogada Rosângela Moro, esposa do ex-ministro da Justiça Sergio Moro debateu na madrugada do último dia 10 com seguidores bolsonaristas no Instagram e chegou a chamar um dos usuários de “otário”. Depois da discussão, sua conta na rede social foi desativada. As informações são do jornal Correio Braziliense.

“Fica aí idolatrando politico? Otário!!! Eh vc q emprega paga imposto e sustenta aquilo la!!! ACORDA!!!”, escreveu em um dos comentários, segundo prints divulgados pelo jornal. “Ok sustentar programa sociais para pessoas em situação de vulnerabilidade!! Nosso brasil e nossa CF ê solidaria! Agora idolatrar politico? Pare de ser besta! Manda lá teu boleto veja o que acontece e me conta!!! Talquei?”, afirmou, sem marcar usuários. Em outra mensagem, ela critica a polarização do país e diz haver muita vida fora de Brasília.

Depois da conturbada saída de Moro do governo Jair Bolsonaro, em abril, a advogada foi dispensada do posto de representante titular da sociedade civil que ocupava no programa Pátria Voluntária, do governo federal, o qual não era remunerado. Desde então, Moro tem sido alvo de reiterados ataques virtuais da rede bolsonarista. Rosângela foi uma das personalidades entusiastas da campanha de Bolsonaro nas eleições de 2018. Recentemente, a Folha de S.Paulo noticiou que Rosângela tem pedido ao marido para que a família se mude para o exterior. Uma das razões seriam os ataques reiterados a Moro disparados por apoiadores do presidente.

LIBERDADE PARA EXCLUIR

Foi histórico o julgamento do STF que enquadrou atos de homofobia e transfobia como crimes de racismo, em junho do ano passado. Foi um reflexo do que o Supremo chamou na época de omissão inconstitucional do Congresso (pela lentidão em criminalizar essas discriminações), e deve valer até que os parlamentares aprovem uma lei sobre o tema. O relator do processo foi o ex-ministro Celso de Mello. Em seu voto, de 155 páginas, ele dirigiu várias críticas às posturas de Jair Bolsonaro e do alto escalão do seu governo. 

Pois, um dia após a aposentadoria do decano, a Advocacia Geral da União (AGU) entrou com uma ação questionando a decisão e pedindo que o Supremo esclareça se ela fere a “liberdade religiosa” e a “própria liberdade de expressão”. O recurso diz que excluir de determinada religião as pessoas de comportamento considerado “gravemente inadequado” é apenas parte do exercício da liberdade religiosa. “Desde que não se converta em adjetivação depreciativa, voltada para a desqualificação injuriosa, é perfeitamente possível que a moralidade sexual (grifo nosso) seja avaliada nos diferentes ambientes de expressão intelectual”, escreve o advogado-geral da União, José Levi. Ele também pede que não sejam considerados crimes atos que controlem o acesso a espaços como vagões de transporte público, banheiros e vestiários.

Para lembrar: segundo a decisão do STF, não é crime dizer em templos religiosos que se é contra relações homossexuais, mas sim incitar ou induzir à discriminação, preconceito ou violência.

NÃO E SIM

Em tom de reclamação, Paulo Guedes disse ontem que talvez desista da criação da nova CPMF. Na véspera, porém, o ministro da Economia havia defendido a ideia – e acusado a Federação Brasileira dos Bancos (Febraban) de pagar economistas para darem pareceres contrários ao imposto. 

REPROVAÇÃO CAINDO

Saiu outra pesquisa sobre o governo Jair Bolsonaro. Desta vez, o levantamento foi feito pelo Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas (Ipespe) a pedido da XP Investimentos. A popularidade do governo quase não mudou: 39% o avaliaram como ótimo ou bom, maior índice desde o inicinho da gestão, em fevereiro do ano passado, quando o número chegou a 40%. E a reprovação vem caindo: era de 38% em outubro passado, 36% no mês passado e 31% agora. O levantamento teve abrangência nacional e ouviu mil entrevistados, por telefone, entre a última sexta-feira e domingo. A margem de erro é de 3,2 pontos.

Por Outra Saúde

GENTE DE BEM

No fim de semana que o Brasil bateu a triste marca de 150 mil mortes causadas pela covid-19, a rede Havan inaugurou uma nova loja em Belém, no Pará, provocando aglomeração de centenas de pessoas – muitas delas sem máscara. As imagens da multidão invadindo o local viralizaram na internet. A Polícia do Pará fechou a loja e o representante foi conduzido à Seccional da Marambaia para prestar esclarecimento pelo não cumprimento das regras previstas pela OMS (Organização Mundial da Saúde).

De acordo com a Polícia Civil do Pará, o representante da unidade será intimado para prestar esclarecimentos e autuado por crime Contra a Saúde Pública, de acordo com o artigo 268 do Código Penal Brasileiro. A pena varia entre um mês e um ano de detenção além de multa. Antes da abertura da loja, Luciano Hang, dono da varejista, publicou em sua conta no Instagram vídeos em que aparece abraçado a um grupo de funcionários, todos sem máscara. Em outro registro, o empresário percorre um trecho da loja mostrando a enorme aglomeração diante da vitrine. 

GENTE DE BEM 2

Um médico plantonista foi filmado tentado agredir o acompanhante de uma paciente dentro do Hospital e Maternidade Francisquinha Farias Leitão, em Monsenhor Tabosa, no sertão do Ceará. Vídeo mostra Neto Rosa correndo em direção ao homem para tentar acertá-lo com uma voadora. O episódio ocorreu na madrugada do último dia 14. No vídeo, é possível ouvir uma mulher dizendo que, caso acontecesse algo com a paciente, o médico seria responsabilizado. Em seguida, ele tenta agredir um dos acompanhantes da paciente, mas escorrega e cai no chão. “Vai me bater, é?”, chegou a questionar o rapaz.

GENTE DE BEM 3

Uma mulher de 47 anos causou confusão, na tarde do último dia 14, em uma agência do Banco do Brasil em João Pessoa (PB), ao atacar as pessoas que estavam no local com ofensas racistas. A Polícia Militar foi acionada e ela foi conduzida a uma delegacia, onde foi registrado um Boletim de Ocorrência por injúria racial.  Clientes do banco filmaram a cena mas, mesmo assim, a mulher não se intimidou, e assumiu, de maneira orgulhosa, que é “a maior racista do planeta Terra”. Ela ainda disse o próprio nome, que seria Luzia Sandra de Medeiros Dias Benjamin. A Polícia Civil, por sua vez, não informou qual foi o encaminhamento do caso depois que a mulher foi conduzida a uma delegacia.

FRASES DA SEMANA

“Bolsonaro, quem depositou 33 mil reais na cueca do seu líder?” (Fernando Haddad, ex-prefeito de São Paulo)

“Se nós e parte do empresariado tivéssemos embarcado na onda do ‘fique em casa e a economia a gente vê depois’ estaríamos em uma situação bastante complicada”. (Jair Bolsonaro, depois de o Brasil ultrapassar a marca de 150 mil mortos pela Covid-19)

“Talvez eles sejam mais resistentes que a gente porque eles convivem o tempo todo nas ruas, não têm como tomar banho todo o dia.” (Celso Russomanno, candidato de Bolsonaro a prefeito de São Paulo, sobre moradores de rua que, segundo ele, seriam menos sujeitos a Covid-19)

“O PT diz ‘vote em mim ou Bolsonaro fica’, Bolsonaro diz ‘vote em mim ou o PT volta’. E eles se alimentam. Eles querem levar a sociedade para esse tudo ou nada”. (Luiz Henrique Mandetta, ex-ministro da Saúde)

“Se pegar um dia, não fique preocupada. A gente evita. Estou com 65 anos. Não senti nada. Nem uma gripezinha. Zero”. (Bolsonaro, sem máscara, em conversa com devotos em praia de São Paulo, onde o uso de máscara e o distanciamento social são obrigatórios, e aglomerações proibidas)

“Fica aí idolatrando político? Otário! É você que emprega, paga imposto e sustenta aquilo lá! ACORDA!. […] Eu não estou nem aí para Bolsonaro, governo ou poder. Tem muita vida fora de Brasília”. (Rosângela Moro, mulher do ex-juiz Sérgio Moro)

“O boi? Ele ajuda, é o bombeiro do Pantanal. Ele come aquela mata seca e impede queimadas.” (Tereza Cristina, ministra da Agricultura de um governo que despreza o meio ambiente. Ano a ano, a pecuária só faz se expandir pelo Pantanal, e nem por isso os incêndios diminuem)

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Victor Barone

Jornalista, professor, mestre em Comunicação pela UFMS.


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