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Charles Bukowski: 4 livros para conhecer a obra do ‘Velho Safado’

Publicado em 18/08/2020 12:00 -

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Se estivesse vivo, o escritor Henry Charles Bukowski completaria 100 anos em 2020. Apelidado de “Velho Safado” (Dirty Old Man), Bukowski faleceu em 1994 e foi o maior expoente da literatura underground dos Estados Unidos. Ele escreveu sobre temas como sexo, alcoolismo, jogos de azar e subempregos.

Nascido em 16 de agosto de 1920, na cidade de Andernach, na Alemanha, Bukowski se mudou com a família para os Estados Unidos aos 2 anos de idade. Desembarcaram em Maryland e, em 1930, mudaram-se para Los Angeles, onde Bukowski viveu praticamente até o fim da vida. Sua infância foi marcada pela violência do pai e pela acne, que lhe desfigurou o rosto e fez dele um jovem desajustado.

A carreira literária e, de certa forma, a vida de Bukowski desabrocharam tarde. Conseguindo escapar do alistamento para a Segunda Guerra Mundial, passou praticamente todos os anos 1940 bebendo e rodando o país em subempregos e pensões baratas. Escrevia contos, mas sem obter sucesso no mercado editorial. Na década seguinte, começou a trabalhar nos Correios dos Estados Unidos e quase morreu após ser internado por uma úlcera. Fora do hospital, começou a escrever principalmente poemas, gênero em que melhor conseguiu expressar sua sensibilidade.

Foi só nos anos 1960 que a carreira de Bukowski como escritor engrenou, quando editoras publicaram suas primeiras coletâneas de poemas. Ao mesmo tempo, seus versos crus, diretos e pornográficos começaram a ganhar espaço na cena underground. Em 1967, o jornal alternativo Open City, de Los Angeles, o convidou a escrever uma coluna, intitulada Notas de Um Velho Safado.

Dois anos depois, veio a grande virada: a editora Black Sparrow Press o convidou a abandonar o trabalho nos correios para se dedicar exclusivamente à literatura. Ele aceitou e, em um mês, finalizou sua primeira novela, Cartas na Rua (Post Office). Com a fama, Bukowski começou a ganhar dinheiro e a experimentar, pela primeira vez, uma vida sexual ativa e promíscua, tema recorrente em sua prosa nas décadas seguintes. Também passou a ser paparicado por estudantes, frequentemente recebendo convites para fazer leituras em auditórios universitários.

De 1976 até sua morte, Bukowski viveu com Linda Lee Beighle. Continuou escrevendo e sendo cultuado pelos seus fãs até 9 de março de 1994, quando morreu, vítima de uma leucemia. Aos 73 anos, faleceu pouco depois de entregar seu último livro, Pulp.

Para conhecer mais sobre o “Velho Safado”, confira quatro obras que marcaram sua carreira:

Cartas na Rua (1971)

Primeiro livro publicado por uma grande editora, foi escrito em um mês. É nele que apresenta seu alter ego, Henry Chinaski, um bêbado, sexualmente depravado e um tanto misógino, que protagoniza muitas de suas histórias. O livro narra as duas experiências de Bukowski nos correios, batalhando contra a monotonia de uma “vida comum” para sustentar sua esposa e seus vícios.

O amor é um cão dos diabos (1977)

A coletânea de poemas, uma das mais conhecidas de Bukowski traduzidas para o português, é essencial para enxergar o lado mais sensível do autor.

Mulheres (1978)

Alçado à fama pela editora Black Sparrow Press, Bukowski começou a atrair uma legião de fãs desvairadas em busca de uma experiência sexual com o "Velho Safado". A verdade é que, antes disso, muito do que Bukowski escrevia eram rememorações da década de 1940, quando passou a maior parte do tempo bebendo. As proezas sexuais eram principalmente ficção. De forma sincera e bem-humorada, Bukowski fez da promiscuidade com suas admiradoras um laboratório para escrever a terceira novela.

Hollywood (1989)

Já velho, acomodado e vivendo com Linda e seus gatos em Los Angeles, Bukowski escreveu essa novela, que conta a experiência de participar como roteirista em um filme. O livro basicamente narra os bastidores de Barfly, filme inspirado na vida do escritor dirigido por Barbet Schroeder e estrelada por Faye Dunaway e Mickey Rourke. Com pouco esforço, é possível identificar cada um dos personagens da vida real, destroçados pela prosa ácida e niilista do "Velho Safado".


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