27/04/2024 - Edição 540

Comportamento

Excesso de pensamento positivo e falta de trabalho podem levar a estresse

Publicado em 07/11/2014 12:00 -

Clique aqui e contribua para um jornalismo livre e financiado pelos seus próprios leitores.

Os perigos do estresse estão bem documentados – insônia, ansiedade, depressão, problemas estomacais, obesidade, dores de cabeça etc. Há muito tempo, ouvimos que o estresse pode matar. Mas alguns correm o risco oposto: morrer de tédio.

Uma pesquisa mostrou que trabalhar pouco pode ser tão prejudicial quanto trabalhar demais, segundo reportagem de Alina Tugend no "New York Times".

"Costumamos entender o estresse sob a óptica original da engenharia, ou seja, muita pressão ou muito peso sobre uma ponte a faz desabar", disse o professor de psicologia Paul Spector, da Universidade do Sul da Flórida. "É mais complicado do que isso."

Spector e outros pesquisadores dizem que a falta de trabalho (a chamada subcarga) também pode causar problemas relacionados ao estresse: tensão muscular, dores de estômago e de cabeça.

Um estudo publicado neste ano na revista "Experimental Brain Research" revelou que indivíduos assistindo a um filme entediante – homens estendendo roupa no varal – mostraram mais sinais de estresse do que aqueles que viam um filme triste.

Preguiça com o ambiente

James Danckert, professor de neurociência da Universidade de Waterloo, em Ontário, e coautor do estudo, disse que o tédio não está tão associado à preguiça, mas à profunda incapacidade de se envolver com o ambiente.

Spector e seus colegas afirmam que o estresse do tédio no trabalho pode provocar faltas sob a alegação de doença, pausas longas durante o dia, perda de tempo na internet, fofocas sobre os colegas e atitudes como pregar peças e até roubar. A maioria dos empregados faz esse tipo de coisa, mas os que estão entediados as fazem mais frequentemente.

O segredo é administrar o estresse. E parece que as mulheres são melhores nisso do que os homens, pelo menos em algumas situações. "Neurocientistas encontraram indícios de que, sob pressão, as mulheres mostram pontos fortes ímpares para a tomada de decisão", segundo artigo de Therese Huston, psicóloga cognitiva da Universidade de Seattle, publicado no "NYT".

Os pesquisadores criaram diversas situações nas quais os indivíduos eram forçados a apostar, e as conclusões alcançadas foram semelhantes: os homens assumiam mais riscos quando estressados, tentando obter grandes vitórias, mesmo quando essas apostas eram mais caras e improváveis.

Riscos

Ruud van den Bos, neurobiólogo da Universidade Radboud, na Holanda, e outros pesquisadores descobriram que a decisão de assumir riscos sob pressão é mais forte em homens que experimentam um aumento maior dos níveis de cortisol, hormônio associado ao estresse. Mas um leve acréscimo do cortisol parece ajudar as mulheres nas tomadas de decisão.

Em um estudo de 2007 no qual homens e mulheres foram expostos a uma experiência estressante, a neurocientista cognitiva Stephanie Preston, da Universidade de Michigan, descobriu que as mulheres eram mais propensas a buscar vitórias menores e mais seguras quando o tempo estava acabando. No caso dos homens, a tomada de decisão se tornava mais questionável quando o prazo chegava ao fim, e eles se mostravam menos cientes de que tinham adotado uma estratégia arriscada.

O excesso de pensamento positivo também pode ser uma estratégia arriscada, pelo menos de acordo com Gabriele Oettingen, professora de psicologia da Universidade de Nova York e da Universidade de Hamburgo.

Oettingen e sua equipe realizaram numerosos estudos mostrando que pessoas que fantasiavam sobre resultados felizes estavam menos propensas a concretizar seus sonhos. Sonhar com o futuro ajuda a acalmar as pessoas e a reduzir a pressão arterial -basicamente, reduzindo os níveis de estresse -, mas isso significa que elas têm menos energia para atingir seus objetivos. "O pensamento positivo engana nossas mentes com a percepção de que já atingimos nosso objetivo, enfraquecendo nossa disposição para persegui-lo".


Voltar


Comente sobre essa publicação...

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *