16/04/2024 - Edição 540

Brasil

As dicas do médico Lair Ribeiro, defensor da ozonioterapia e da cloroquina, são um risco à saúde pública

Publicado em 13/08/2020 12:00 -

Clique aqui e contribua para um jornalismo livre e financiado pelos seus próprios leitores.

Em abril, um repórter do Balanço Geral de Olinda entrevistava pessoas que estavam na fila do banco para pegar o auxílio emergencial. Quando viu um senhor desrespeitando a recomendação de distanciamento entre as pessoas, perguntou se ele era imune. O senhor respondeu que “sim”, porque tomava água com ozônio todos os dias.

O repórter se mostrou desconfiado, mas entrevistado explicou: “o ozônio aumenta a intensidade da oxigenação no corpo, aumenta as defesas. Tomo todos os dias. O doutor Lair Ribeiro é o que mais toma. Toma até banho. A gente fica 70% mais imune. O Sílvio Santos vai toda semana em um hospital israelita para aplicar ozônio no reto. Paga R$ 10 mil por aplicação. O ozônio combate o vírus”.

O ozônio é só uma das várias substâncias que o médico Lair Ribeiro defende como sendo milagrosa. O senhor da fila em Olinda é só um entre os milhões de brasileiros que seguem as dicas de saúde do doutor, que tem arregimentado uma legião de fãs nos últimos anos com vídeos na internet. Para cada boa dica dada por Lair, validada pela ciência, há duas dicas estapafúrdias — e muitas vezes perigosas — sem validação científica.

A ozonioterapia, por exemplo, ainda é uma prática experimental que tem apresentado bons resultados em casos específicos, mas ainda está no campo da pseudociência. Não é o milagre propagado pelo médico, que vende a ideia de que o ozônio pode curar até câncer e aids, o que, não preciso dizer, não tem nenhum respaldo científico. A fé nos ensinamentos de Lair Ribeiro fez com que o senhor de Olinda ignorasse a necessidade de distanciamento por acreditar estar com a imunidade nas alturas graças ao ozônio. A viralização de algumas de suas ideias é perigosa para a saúde pública.

Mas, apesar do currículo invejável, o médico não ficou famoso no país pela atuação na área médica. Nos anos 90, Lair Ribeiro fez sucesso como um escritor best-seller de autoajuda. Ele se apresentava como um especialista em neurolinguística, que prometia transformar a vida das pessoas, deixá-las mais ricas e com mais saúde por meio de reprogramações mentais feitas por ações e pensamentos positivos — em algum momento da sua vida você já deve ter se deparado com essa papagaiada sem validação da ciência.

O principal produto de Lair Ribeiro sempre foi Lair Ribeiro. Com traços de megalomania e grande poder de retórica, construiu em torno de si uma aura mística. “Eu acho que meu trabalho vai ajudar a transformar o Brasil. Eu não estou aqui correndo uma corrida de 100m. Eu estou aqui numa maratona. Você vai escutar Lair Ribeiro daqui 10, 15, 20, 30 anos. Essa é a minha missão. Eu não preciso de trabalho para viver, eu tenho (dinheiro) o bastante. Estou aqui em uma missão de transformação das pessoas”, disse em entrevista ao Roda Viva em 1993. Até hoje o médico se apresenta usando um bordão megalomaníaco que faria gurus como Osho e João de Deus se orgulharem: “minha missão de vida é transformar as pessoas de uma forma alegre, poderosa, com amor e sabedoria”

Depois de passar um bom tempo no ostracismo, Lair Ribeiro voltou para os holofotes. Dessa vez, não como mestre da neurolinguística, mas como um guru da medicina especializado em nutrição. Para ele, os alimentos podem curar todas as doenças. É claro que a nutrição pode curar certas doenças, mas Lair leva a ideia ao extremo, divulgando alimentos e substâncias que curariam autismo, câncer e aids.

“Eu sou familiarizado com o conteúdo produzido pelo médico. Boa parte dos meus familiares, principalmente a parte idosa, foi arrebatada pelos seus ensinamentos. É comum ouvir na mesa do almoço em família alguém contando a última novidade de Lair Ribeiro e dando testemunhos de como melhoraram seguindo suas recomendações”, diz jornalista João Filho.

Além das dicas de nutrição e saúde, Lair Ribeiro também gosta de pregar suas visões de mundo. Faz parte do pacote do guru. Ele prega, por exemplo, a existência de uma máfia internacional envolvendo médicos e indústria farmacêutica, que tem interesse em manter a população mundial doente para lucrar com a venda de remédios. Nós sabemos que há algum fundo de verdade nisso. De fato, há médicos que atuam como vendedores de remédio e atuam a reboque dos interesses da indústria farmacêutica.

O problema é que isso é difundido como um dogma, uma verdade absoluta, que não permite enxergar as nuances dessa realidade. Com sua tese conspiracionista, Lair Ribeiro coloca uma nuvem de suspeita sobre toda a classe médica e todas as drogas produzidas pela indústria. Assim, prepara o terreno para se vender como o médico iluminado que desafiou o sistema para salvar a saúde das pessoas com soluções simples e baratas. É um homem “abençoado”— é assim que muitos seguidores o chamam —, que te livrará das garras do sistema. É uma espécie de Olavo de Carvalho da medicina. Lair Ribeiro opera nos mesmos caminhos do bolsonarismo.

Os seguidores do médico atuam nas redes sociais sob a lógica de seita. Qualquer um que ouse criticar o guru passa a ser atacado. A veneração em torno da figura de Lair Ribeiro fica clara pelo número de comentários e canais criados no YouTube para difundir suas ideias e defendê-lo das críticas. Hoje, os maiores divulgadores de Lair Ribeiro são seus seguidores, que se sentem iluminados pelo guru e imaginam que podem enxergar coisas que quem não faz parte do grupo, os pobres mortais manipulados pelo sistema, não conseguem chegar.

Médicos que se fiam na ciência, como Drauzio Varella, são achincalhados pelos lairribeirominions nas redes sociais — lembre-se que o bolsonarismo também o achincalhou por mais de uma vez. Eles já até organizaram um abaixo-assinado para que Bolsonaro o escolhesse como ministro da Saúde. Nem preciso dizer que Lair Ribeiro é defensor da hidroxicloroquina para o tratamento de covid-19.

Lair Ribeiro sempre procura dar um verniz científico para os milagres que oferece. Para sustentar seus pontos, ele costuma citar pesquisas científicas. Acontece que há pesquisa científicas apontando para todas as direções. Não só isso: há pesquisas com diferentes níveis de confiabilidade.. Um estudo de caso tem apresenta um grau de evidência diferente de um estudo randomizado, duplo cego e que reúne milhares de pacientes.

É natural que seja assim. As verdades científicas vão se consolidando através da formação de consensos. Hipóteses são derrubadas, enquanto outras são confirmadas, e o conhecimento sobre determinado assunto vai se apurando. Lair Ribeiro não se guia por essa lógica da ciência e escolhe estudos científicos como quem escolhe produtos nas prateleiras do supermercado. Enquanto a ciência se guia pelas dúvidas, Lair Ribeiro se guia por certezas.

O médico costuma apresentar pesquisas antigas, cujas teses já foram derrubada por outras, para afirmar que o chazinho da vovó cura determinada doença, por exemplo. Essa é uma prática que Lair lança mão constantemente, sempre escolhendo pesquisas aleatórias que se encaixem na narrativa que pretende construir. No fundo, é justamente o fato de ser um opositor dos consensos científicos que torna sua figura polêmica e lhe confere um ar de guerreiro antissistema.

Para Lair, hoje em dia qualquer pessoa pode entender mais de medicina do que um profissional frequentou as aulas da faculdade de medicina por 6 anos. “Hoje a informação está democratizada. Uma pessoa como você, que está me assistindo, que é inteligente, você vai na internet, vai em amazon.com (comprar livros) e daqui 2, 3 dias vai estar sabendo mais que o médico. Você tem tempo de fazer isso. O médico trabalha 14 horas por dia, não tem tempo”.

É com esse tipo de falácia que Lair ajuda a consolidar a ideia de que a classe médica e seus ensinamentos não são dignos de confiança. Para cuidar da sua saúde, basta você comprar livros na amazon.com — que por um acaso também vende livros de Lair — e estudar sozinho. Os profissionais médicos, exceto o abençoado Lair, claro, são dispensáveis.

O médico também gosta de se apresentar como o “maior estudioso de óleo de coco do Brasil”. Ele diz ter lido “todos os livros que existem na literatura sobre o assunto”. Para ele, o óleo de santo é um remédio santo que ajuda até a combater a aids. Para justificar, ele usou um estudo científico filipino que teria comprovado que o consumo de óleo de coco impediu que os nativos da ilha de Pukapuka com HIV desenvolvessem aids. Foi um estudo feito com apenas 14 pessoas. É tão ridículo que jamais foi replicado por outros cientistas, mas Lair Ribeiro o propagada como verdade absoluta.

A lista de benefícios do óleo de coco divulgada pelo guru impressiona. Além de combater câncer e aids, o óleo ajudaria a emagrecer e previniria um sem número de doenças. Acontece que nenhum desses benefícios encontram eco na ciência. Um médico português que se dedica a desmascarar mitos pseudocientíficos que circulam na internet tem se debruçado sobre a obra de Lair Ribeiro. Ele gravou um vídeo em que derruba todos os estudos apresentados pelo médico brasileiro em defesa do óleo de coco. Um dos mitos de Lair derrubado pelo português é o que afirma que os filtros solares são cancerígenos, e o que o melhor filtro solar é o óleo de coco. Lair Ribeiro chega ao cúmulo de afirmar que o alimento serve como um “filtro solar oral”: “se você tomar uma colher de óleo de coco, você pode ir para a praia que não queima.”

O nome de Lair Ribeiro ganhou as manchetes após a morte do jornalista Marcelo Rezende, que morreu com câncer de pâncreas. O diagnóstico foi feito quando o câncer já estava em estágio avançado e não havia chance de cura. Sofrendo com os efeitos colaterais do tratamento, Rezende buscou tratamentos alternativos e espirituais. Chegou a se encontrar com João de Deus, o charlatão cujo menor dos crimes eram suas cirurgias espirituais, que recomendou que ele procurasse Lair Ribeiro.

O médico, que é um crítico das quimioterapias no combate ao câncer, dá quatro recomendações básicas para tratar o câncer: redução de ingestão de carboidrato, redução da ingestão de proteína animal, aumentar ingestão de cúrcuma e cuidar do aspecto psicológico. Lair garante que falou apenas uma vez com Marcelo Rezende, mas os parentes disseram que os contatos eram frequentes. O jornalista passou a se consultar com uma médica indicada por Lair. Ele chegava a gastar 50 mil reais por semana nesse tratamento alternativo.

Quando o quadro piorou, Rezende voltou a ser internado no hospital. “Quando Marcelo foi internado, Lair Ribeiro ficou uma hora com ele ao telefone, dizendo que a dor é o caminho da cura”, contou um parente à revista Veja. A expectativa é de que a quimioterapia lhe renderia mais 3 anos de vida, mas Marcelo morreu 4 meses após interromper o tratamento.

Outro milagre propagado pelo médico abençoado é o MMS (Miracle Mineral Supplement), um remédio que, segundo ele, curaria autismo em crianças. A substância ficou famosa após ser disseminada por charlatões nos EUA como Jim Humble, um ex-cientologista que diz ser um alienígena. Essa figura exótica é o criador da mentira que inspira Lair Ribeiro. O MMS é um alvejante industrial proibido pela Anvisa e em vários países do mundo por ser altamente prejudicial à saúde humana. Por causa de Lair e outros mistificadores, criminosos se aproveitaram da aflição dos pais e passaram a vender o MMS no Mercado Livre.

Agora, vamos voltemos aos milagres do ozônio, que fazem a cabeça de pessoas como o senhor de Olinda. Um vídeo do prefeito de Itajaí, Santa Catarina, viralizou ao oferecer à população 10 sessões de aplicação de ozônio no reto.  Primeiro Volnei José Morastoni, do MDB, tentou previnir a covid-19 com homeopatia. No mês de julho ele ofereceu 1,5 milhão de comprimidos de ivermectina à população. A prefeitura chegou a montar uma grande estrutura para poder fornecer o remédio. Depois de tanto dinheiro público desperdiçado em soluções sem respaldo científico, os casos não diminuíram na cidade. O prefeito, pasmem, é médico, mas um médico da linhagem de Lair Ribeiro. Morastoni não é só um entusiasta dos ensinamentos do guru como já até participou de um curso com ele.

Um dos meus parentes, convencido por Lair Ribeiro da existência de um complô global de poderosos contra a saúde humana, se recusou a tomar os remédios indicados por médicos para tratar um problema no coração. Passou meses se entupindo de alimentos e suplementos que Lair, que é cardiologista, indica para problemas cardíacos. Cerca de um ano depois, sofreu um infarto e teve que colocar dois stents no coração.
O espírito dos nossos tempos favorece o florescimento de tipos como Lair Ribeiro. É o bolsonarismo médico: antissistema, anticiência, messiânico. Até quando o Conselho Regional de Medicina assistirá calado a esse tipo de médico que atenta contra a saúde pública?

Na Mira da Justiça

O medicamento defendido pelo presidente Jair Bolsonaro para combater a pandemia de covid-19, mesmo sem nenhuma comprovação científica de sua eficácia, entrou na mira da Justiça. Uma investigação foi solicitada pelo Ministério Público (MP) para apurar se houve superfaturamento na compra de insumos para fabricação dos comprimidos de cloroquina pelo Exército.

Solicitado pelo subprocurador-geral do MP junto ao Tribunal de Contas da União (TCU) Lucas Furtado, o pedido aguarda o parecer da secretaria do órgão para, então, ser analisado pelo plenário do tribunal.

O processo apura ainda a responsabilidade direta do presidente na decisão de aumentar expressivamente a produção de cloroquina "sem que haja comprovação médica ou científica de que o medicamento seja útil para o tratamento da covid-19", afirma o documento.

A compra do insumo, adquirido da Índia, sem licitação, custou seis vezes mais que o valor pago pelo Ministério da Saúde no ano passado. Finalizada no Laboratório Químico e Farmacêutico do Exército, a produção do comprimido aumentou 84 vezes nos últimos meses em relação ao mesmo período do ano passado, segundo o MP.

"Todo estudo científico produzido relatava a ineficácia da droga contra a covid", diz Furtado à DW Brasil sobre a motivação do processo. Caso as irregularidades sejam comprovadas, Bolsonaro pode sofrer diversas sanções, como multas e pagamento pelo dano causado.

O pedido de investigação argumenta que a fabricação em massa do remédio seria um desperdício de dinheiro público que deve ser devidamente apurado. "E os responsáveis (devem ser) penalizados na forma da lei, especialmente se há suspeitas de superfaturamento na aquisição de insumos", pontua o documento.

O pedido do sub-procurador gerou reação entre deputados bolsonaristas. José Medeiros, do Podemos (MT), pediu que o TCU investigue a atuação de Furtado.

Promovida por Bolsonaro como solução contra a doença que já matou mais de 94 mil brasileiros até início de agosto, a cloroquina foi banida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) no tratamento da covid-19. Administrada desde a década de 1950 contra malária, o remédio pode provocar efeitos colaterais graves, como problemas cardíacos, e ainda aumentar o risco de morte em pacientes com o novo coronavírus.

No Brasil, porém, Bolsonaro orientou o Exército a aumentar a produção do comprimido na pandemia. "Temos informação de que mais de 1,5 milhão de reais foram gastos para produção de cloroquina. O laboratório do Exército aumentou sua produção em 100 vezes desde o início da pandemia", afirma Débora Melecchi, do Conselho Nacional de Saúde (CNS).

Até 23 de junho, o Ministério da Saúde havia distribuído 4,4 milhões de comprimidos de cloroquina para os estados brasileiros.

"A rigor, esta aquisição [do insumo supostamente superfaturado] deveria ser fiscalizada pelo órgão de controle interno das Forças Armadas. Mas sabemos que eles não vão fazer nada, uma vez que o chefe do Executivo está fazendo propaganda da cloroquina", comenta Rudnei Marques, do Fórum Nacional Permanente de Carreiras Típicas de Estado (Fonacate), que acompanha a investigação do TCU.

Questionado sobre o volume da produção do medicamento e o pedido de investigação do TCU, o Exército não respondeu às perguntas da DW Brasil.

Onde a cloroquina falta

Além do Exército, o laboratório público da Fiocruz produz os comprimidos, mas para uso exclusivo contra a malária, informou a entidade por e-mail. Os medicamentos à base de cloroquina e hidroxicloroquina são fabricados também por empresas farmacêuticas como Cristáila, EMS, Sanofi e Apsen.

No início da pandemia, a propaganda de Bolsonaro a favor da droga provocou uma corrida às farmácias e o medicamento sumiu das prateleiras. Pacientes que precisam da cloroquina para tratar doenças crônicas como malária, lúpus e artrite reumatoide ainda encontram barreiras para comprar a substância.

Uma pesquisa feita pela Biored, órgão da sociedade civil que reúne associações de pacientes, mostrou que 65% dos entrevistados tinham dificuldade para acessar o remédio antes da pandemia. Esse percentual subiu para 84% depois que o coronavírus se instalou no país. A pesquisa foi feita em junho com 699 pacientes que sofrem de artrite reumatoide e lúpus.

"Esses pacientes ficam sem medicamento acima de 40, 60 dias, o que pode levá-los a atendimento hospitalar num sistema que já está sobrecarregado com casos de covid-19", afirma Melecchi.

Em falta, o remédio também ficou mais caro. Um paciente que gastava mensalmente 100 reais, hoje precisa desembolsar cerca de 450 reais com farmácias de manipulação. Por recomendação do governo federal, apesar de a ciência dizer o contrário, os estoques de cloroquina são priorizados para pacientes com covid-19, conta Melecchi.

É difícil saber o quanto a indústria farmacêutica lucrou no meio desta confusão. "Eles não informam quanto o faturamento aumentou, mas dados do Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos (Sindusfarma) mostram que o consumo de cloroquina pelos brasileiros cresceu 358% durante a pandemia", pontua Flávio Emery, presidente da Associação Brasileira de Ciências Farmacêuticas.

Dados da Sindusfarma obtidos pela DW Brasil confirmam o salto de vendas em março. Nos meses seguintes, a saída do produto continuou em alta, em comparação com o mesmo período de 2019.

Mas não são somente os pacientes de doenças crônicas que dependem da cloroquina que estão sofrendo os efeitos desta política que priorizou o fármaco sem eficácia comprovada no tratamento da covid-19.

Pacientes graves que chegam aos hospitais enfrentam diversas dificuldades. Há relatos sobre a falta do chamado kit intubação, composto por 22 medicamentos.

"Houve compra de novos respiradores, mas a compra dos remédios não acompanhou. Há uma morosidade muito grande do governo na compra dos kits", pontua Melecchi. "O que o governo federal distribuiu para 10 estados há poucas semanas é uma quantidade mínima, já está acabando, ou acabou".

Algumas dessas compras, segundo o CNS, foram feitas via Organização Pan-Americana da Saúde (Opas). Assim como o presidentes dos Estados Unidos,Donald Trump, Bolsonaro tem ameaçado retirar o apoio à agência, o que significaria, junto com EUA, um corte de 65% no orçamento da Opas.

Além de suprimentos contra a covid-19, a compra de outros insumos importantes para brasileiros corre risco se houver um afastamento da Opas. "O Brasil adquire medicamentos para o tratamento da Aids através da Opas. Se esses remédios não chegarem mais ao país, será um caos", lamenta Melecchi.

O Ministério da Saúde também foi questionado pela DW Brasil, mas não respondeu às perguntas até a publicação desta reportagem.


Voltar


Comente sobre essa publicação...

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *