19/03/2024 - Edição 540

Comportamento

Além da máscara: Quais os cuidados para evitar contaminação na reabertura das cidades

Publicado em 07/07/2020 12:00 -

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Sem sinais de controle da pandemia do novo coronavírus no Brasil e na contramão das recomendações de sanitaristas e da OMS (Organização Mundial da Saúde), prefeitos e governadores têm flexibilizado as medidas de isolamento social. A reabertura do comércio das cidades aumenta a circulação de pessoas e, portanto, a transmissão do vírus. Apesar das decisões dos governantes, a melhor forma de conter a covid-19, é ficar em casa. Mas se não for possível, alguns cuidados são imprescindíveis, como o uso de máscara.

O SARS-CoV-2 é transmitido por meio do contato com secreções contaminadas, como gotículas de saliva, espirro, tosse e catarro. Também se sabe que o vírus fica em algumas superfícies, como maçanetas e corrimões. Por esses motivos, é consenso entre especialistas em saúde pública que o distanciamento social e a higiene são essenciais para conter a contaminação.

Dos 5.570 municípios brasileiros, 5.021 (90,1%) registraram casos do novo coronavírus até 27 de junho, de acordo com o Ministério da Saúde. É possível que o patógeno esteja em presente em mais cidades, uma vez que há diversos indícios de alta subnotificação de diagnósticos no Brasil.  

Quem transmite o novo coronavírus?

O período de incubação do vírus pode variar de 2 a 14 dias. Em média, a transmissão ocorre 7 dias após o início dos sintomas, mas o SARS-CoV-2 também pode ser transmitido antes desse período ou por assintomáticos.

O distanciamento social também precisa ser mantido pelos recuperados da covid-19 porque eles podem se contaminar novamente e, portanto, ser vetores do vírus. Também não está esclarecido se existe ou não a possibilidade de reinfecção pelo novo coronavírus.

Por que, quando e como usar máscara?

A máscara é uma barreira física contra a contaminação. As mais eficazes são a cirúrgica ou a N95, mas como a prioridade de uso desses equipamentos é para profissionais de saúde, as pessoas comuns podem usar máscaras caseiras, de tecido. 

Elas devem ser usadas todas as vezes em que for preciso sair de casa. É necessário que a máscara tenha pelo menos duas camadas de pano, que cubra totalmente a boca e nariz e que esteja bem ajustada ao rosto, sem deixar espaços nas laterais. O uso é individual e deve-se evitar tocar nos olhos, nariz e boca.

O Ministério da Saúde publicou um vídeo em abril com orientações de como fazer a máscara de proteção caseira de forma segura, além de disponibilizar um link com protocolos de como manusear e limpar o acessório corretamente.

A recomendação da pasta é que a máscara pode ser usada até ficar úmida. Por isso, o ideal é ter uma limpa para usar a cada duas horas. Caso a pessoa espirre ou tussa, também é preciso trocar. Chegando em casa, lave as máscaras usadas com água sanitária. É preciso deixa de molho por cerca de 30 minutos. 

Uso de máscara é obrigação legal 

Em 3 de julho, o presidente Jair Bolsonaro sancionou uma lei que obriga o uso de máscara no transporte público coletivo e privado (como aplicativos e táxis), mas vetou a obrigatoriedade no comércio, em escolas, igrejas e templos. É possível que o Congresso derrube o veto.

Apesar da decisão do presidente, em abril, o STF (Supremo Tribunal Federal) decidiu que as medidas do governo federal não interferem na competência dos estados e municípios. Isso significa que o cidadão deve seguir o que está determinado no local onde mora, especialmente se as regras forem mais rígidas.

Em uma carta aberta à OMS, 239 cientistas de 32 países citaram evidências de que o vírus permanece no ar em ambientes fechados, infectando as pessoas nas proximidades. De acordo com os pesquisadores, o SARS-CoV-2 é transmitido por partículas menores de saliva, que ficam no ar. Esse entendimento reforça a importância de usar máscara em locais fechados, como comércios e igrejas.

Manter distância entre as pessoas

Além do uso de máscara, é recomendado manter o distanciamento de dois metros das pessoas. Se possível, evite transportes coletivos lotados. Ao usar o carro, o ideal é usar apenas 50% da capacidade. Se for pegar uma carona, por exemplo, use o banco de trás.

Quanto aos ambientes, o ideal é que haja ventilação. Melhor abrir as janelas do que usar ar-condicionado, por exemplo. O Ministério da Saúde recomenda usar álcool em gel 70% ou outro produto, devidamente aprovado pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), e lenços ou toalhas de papel disponíveis e com fácil acesso no transporte privado (como aplicativos e táxis).

De acordo com a Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), a limpeza de superfícies pode ser feita com água e sabão (incluindo detergentes), álcool  70% ou hipoclorito (água sanitária) 0,1%. O ideal é que a limpeza seja feita no mínimo uma vez ao dia. 

Também não se devem compartilhar objetos de uso pessoal, como talheres, pratos, copos ou garrafas, além de celulares. Outra recomendação é evitar contato com pessoas que não estejam no seu convívio muito próximo, por exemplo, quem não mora com você.

Se estiver com sintomas como febre, tosse, dor de garganta e/ou coriza, com ou sem falta de ar, o Ministério da Saúde recomenda evitar contato físico com outras pessoas, incluindo familiares, principalmente, idosos e doentes crônicos, buscar orientações de saúde e permanecer em isolamento domiciliar por 14 dias.

Lavar as mãos ou usar álcool em gel

Um cuidado básico é lavar as mãos da maneira correta: com a quantidade de sabão suficiente para cobrir toda a superfície das mãos, além de incluir esfregar entre os dedos, dorso e punho. O médico Dráuzio Varella gravou um vídeo demonstrando o passo a passo.

É preciso lavar as mãos antes e após o preparo de alimentos e quando for comer, além de antes de depois de entrar em contato com pessoas infectadas. 

O álcool em gel deve ser usado para quem precisa sair de casa para trabalhar ou para atividades essenciais, como ir ao mercado. Para matar os microrganismos, o produto precisa ter porcentagem entre 65% e 80%.

É necessário reaplicar ao longo do dia. “Se tocar em qualquer coisa de novo, precisa repetir o processo quantas vezes for necessário. Se eu desci do ônibus e limpei a mão, estou caminhando e peguei em alguma coisa, imediatamente, repete o procedimento porque se você entrou em contato com o vírus e levar a mão à mão ou olhos, você vai se contaminar”, afirmou Webert Santana, gerente da área de saneamento da Anvisa.

Como fazer higienização ao chegar em casa?

Ao chegar de qualquer lugar, o ideal é que a pessoa tire a roupa e tome um banho. A roupa pode ser lavada com sabão em pó comum. O mais adequado é que sapatos fiquem do lado de fora de casa. Se não for possível, devem ser colocados em um local isolado. 

Também é preciso limpar e desinfetar objetos e superfícies tocados com frequência, como celulares. O álcool isopropílico tem menos risco de oxidar as peças de aparelhos eletrônicos, mas provoca maior secura da pele, é mais tóxico e tem menor atividade contra vírus, de acordo com o Conselho Federal de Química.

Para limpar alimentos em casa, se forem embalados, uma solução desinfetante é suficiente. No caso de comidas prontas, deve-se escolher um local para retirar a embalagem, que precisa ser logo descartada e o lugar, limpo.

Já verduras, legumes e frutas devem ser mergulhados por 15 minutos em solução com água sanitária, na proporção de uma colher de sopa para cada litro de água. Em seguida, passe os alimentos por água corrente e limpa. A água sanitária não pode ter perfume ou desinfetante na fórmula, de acordo com a Fiocruz.

Ferver a comida mata agentes infecciosos. Por isso, alimentos crus devem ser evitados se você não conhecer a procedência e como foram manuseados.


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