23/04/2024 - Edição 540

Viver Bem

O que a ciência diz sobre o estresse te deixar de cabelos brancos

Publicado em 21/04/2020 12:00 -

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Eu lembro exatamente do dia em que me olhei no espelho e notei o meu primeiro fio de cabelo branco. Foi em dezembro, em meio às entregas de fechamento do ano. O que eu pensei? Eita.

Mas seria coincidência o fato de eu estar em um período maior de estresse e o surgindo do fio grisalho? De acordo com a ciência, não.

Pela primeira vez, pesquisadores da Universidade de Harvard conseguiram associar o fato de que o estresse ativa parte do nosso sistema nervoso relacionado às respostas de “fuga” do nosso corpo, e isso traz danos permanentes às células responsáveis pela pigmentação dos folículos capilares. Ou seja, uma vez que os fios grisalhos aparecem, eles são irreversíveis.

O estudo, publicado na revista científica Nature, reforça o conhecimento popular de como o estresse afeta o nosso organismo e também traz alguns caminhos para criarmos soluções em relação aos efeitos dele.

Como o estudo sobre cabelo branco e estresse foi feito?

Não é novidade que o estresse traz efeitos negativos para todo o nosso corpo. Então, o primeiro passo dos pesquisadores foi entender qual sistema era responsável por conectar o estresse e a mudança na cor do cabelo.

A primeira versão do estudo indicava que o estresse provocava um ataque imunológico às células produtoras de pigmentos. No entanto, em determinada parte do estudo, os pesquisadores voltaram sua atenção para o hormônio do estresse, o cortisol. Mas, novamente, não era essa a explicação que respondia a pergunta.

Depois de eliminar essas e outras possibilidades, os pesquisadores aprimoraram a análise do sistema nervoso simpático, responsável pela resposta de luta ou fuga do corpo quando estamos sob estresse.

E foi aí que os cientistas descobriram que o estresse fazia que esses nervos liberassem uma substância química chamada norepinefrina.

Essa substância faz que as células-tronco se ativem excessivamente. Por sua vez, as células-tronco funcionam como um reservatório de células produtoras de pigmentos.

Sob uma situação de estresse, todas as células-tronco se transformam em células produtoras de pigmentos. Mas, depois de alguns dias de atividade, todas essas células morrem; portanto, não resta nenhuma célula responsável pela coloração dos cabelos.

Se, por um lado, o estresse é visto como algo benéfico para a nossa sobrevivência, por outro, diversos estudos estão mostrando os impactos negativos de se manter em uma rotina estressante constantemente.

“Compreender como nossos tecidos mudam sob estresse é o primeiro passo para um tratamento eventual que pode interromper ou reverter o impacto prejudicial do estresse”, disse Ya-Chieh Hsu, um dos pesquisadores de Harvard. “Mas ainda temos muito o que aprender nessa área.”


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