19/04/2024 - Edição 540

Poder

Escândalo na Petrobras

Publicado em 10/10/2014 12:00 -

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O diretor de Abastecimento da Petrobras de 2004 a 2012, Paulo Roberto Costa, é suspeito de intermediar negócios entre a estatal e grandes fornecedores, recolhendo propina das empresas e distribuindo dinheiro a políticos.

– A 1ª prisão Em 20 de março, Costa foi preso pela Polícia Federal por tentar ocultar documentos e provas que o incriminavam em esquema bilionário de lavagem de dinheiro comandado pelo doleiro Alberto Youssef . Em 19 de maio, ele foi solto por ordem do Supremo Tribunal Federal (STF).

– Os indícios de propina A Polícia Federal (PF) apreendeu na casa do ex-diretor uma tabela contendo nomes de empresas e executivos, com anotações que indicam possíveis pagamentos a campanhas eleitorais.

– Nova prisão Em 11 de junho a Suíça bloqueou US$ 23 milhões em contas atribuídas ao ex-diretor e seus familiares. As contas estavam em nome de empresas estrangeiras sediadas em paraísos fiscais. Costa foi preso novamente.

– A delação O ex-diretor da Petrobras deu o nome de 12 senadores, 49 deputados federais e um governador – ligados ao PT, PMDB e PP – a quem ele teria repassado 3% do valor dos contratos da estatal

– O acordo Em 22 de agosto, a PF cumpriu mandados em empresas ligadas ao ex-diretor. Costa aceitou fazer um acordo de delação premiada com o Ministério Público para atenuar sua pena

Paulo Roberto e Youssef citam o nome de 13 empreiteiras como fontes pagadoras de propina. Entre elas, estão as gigantes Camargo Corrêa, Odebrecht, Queiroz Galvão, Andrade Gutierrez e OAS, que negam qualquer irregularidade. Em seu depoimento, Youssef foi explícito: “Se ela [a empresa] não pagasse [a propina], tinha a ingerência política e do próprio diretor; ela não fazia a obra se ela não pagasse”.

Paulo Roberto Costa diz que cada grande contrato com a Petrobras tinha uma propina de 3%. Nas suas palavras: “Me foi colocado lá pelas empresas, né?, e também pelo partido que, dessa média de 3%, o que fosse diretoria de Abastecimento, 1%, seria repassado para o PP. E os 2% restantes ficariam para o PT, dentro da diretoria que prestava esse tipo de serviço, que era a diretoria de Serviços”.

Assim, Paulo Roberto e Youssef, que operavam em parceria, cuidavam do 1% da propina que era paga ao PP — o engenheiro que está preso foi posto lá pelo partido. E dos 2% do PT, quem cuidava? Youssef esclarece: “O contrato é um só. Por exemplo, uma obra da Camargo Corrêa de R$ 3,48 bilhões. Ela tinha que pagar R$ 34 milhões por aquela obra para o PP. Eu era responsável por essa parte. A outra parte, eu não era responsável”. Segundo Youssef, os 2% do PT eram negociados diretamente por João Vaccari Neto, o tesoureiro do partido, por intermédio de Renato Duque, então diretor de Serviços, indicado para o cargo, segundo Paulo Roberto, por José Dirceu. Nestor Cerveró, o principal articulador da compra da refinaria de Pasadena, era o homem do PMDB na empresa.

Políticos

A Justiça Federal não pode investigar os políticos que têm foro especial por prerrogativa de função. Isso ficará a cargo do Supremo Tribunal de Justiça (STJ) ou do STF, a depender do cargo. Por isso seus respectivos nomes não podem ser citados nos depoimentos divulgados. Mas Paulo Roberto não deixa dúvida: “Na minha agenda, que foi apreendida em minha residência, tem uma tabela que foi detalhada junto ao MP, e essa tabela revela valores de agentes políticos de vários partidos que foram relativos à eleição de 2010”.


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