23/04/2024 - Edição 540

Saúde

Crianças têm menos chances de contrair o coronavírus? Entenda

Publicado em 03/03/2020 12:00 -

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Quando os funcionários dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos afirmaram nesta semana que provavelmente não é uma questão de “se”, mas “quando” o novo coronavírus vai se espalhar em todos os países, o meu primeiro pensamento foi para as minhas próprias pequenas fábricas de germes: meus filhos.

Um está na escola primária, o outro está na creche. Os dois andam fungando e corizando por aí desde setembro. A minha preocupação é o que um surto do vírus poderia acarretar para eles.

Aqui está o que sabemos até agora – e o que os pais devem ter em mente quando se trata de manter seus filhos saudáveis.

Não há evidências de que as crianças sejam mais suscetíveis ao vírus.

Primeiro, uma observação importante: há muita coisa que não está clara neste momento sobre o coronavírus.

“Não sabemos por que as crianças parecem não estar nas notícias”, disse Aaron Milstone, epidemiologista e professor de pediatria na Johns Hopkins Medicine, ao HuffPost. “As notícias que estamos recebendo são filtradas e tudo o que sabemos é o que ouvimos.”

As crianças costumam ter vírus respiratórios. Especialistas dizem que não é incomum que uma criança saudável que frequenta a escola ou a creche tenha até 10 gripes por temporada – em parte porque estão em contato com muitas outras crianças, mas em parte porque tendem a ser um pouco mais negligentes sobre coisas como manter as mãos higienizadas. Ou não espirrar nos amigos.

Além disso, seus pequenos sistemas imunológicos ainda estão em desenvolvimento nessa fase escolar.

No momento, no entanto, não há evidências de que as crianças sejam mais propensas do que os adultos a apresentar esse coronavírus específico, diz o CDC.

E a agência de saúde americana enfatiza que a maioria dos casos confirmados na China ocorreu em adultos maiores de 60 anos.

Também digno de nota: o maior estudo que temos até agora sobre o surto deste coronavírus, chamado COVID-19, que analisou mais de 44.000 casos na China, não encontrou nenhuma morte entre crianças menores de 9 anos.

Existem evidências de que as crianças apresentam sintomas mais leves

As informações limitadas que temos sobre as crianças afetadas pelo vírus na China sugerem que aquelas com casos confirmados apresentavam sintomas relativamente leves: coriza, febre, tosse e alguns problemas gastrointestinais.

“Embora complicações graves (por exemplo, síndrome do desconforto respiratório agudo, choque séptico) tenham sido relatadas”, afirma o CDC, “elas parecem incomuns”. Crianças com outros problemas de saúde podem ter um risco maior de desenvolver sintomas mais graves.

Agora, por que crianças saudáveis ​​podem ter uma reação mais suave ao vírus do que os adultos, isso ainda não está claro.

“As crianças têm o benefício de que a maioria delas é bastante saudável, o que pode contribuir para o aparecimento de sintomas um pouco mais leves”, explica o Dr. Andrew Janowski, médico pediatra de doenças infecciosas da Escola de Medicina da Universidade de Washington, St. Louis.

Janowski disse que existem exemplos de surtos virais de anos passados em que as crianças tendem a se sair melhor do que os adultos, incluindo o surto de influenza de 1918.

Ele explicou que os adultos jovens podem ter tido respostas imunes ao vírus fortes demais. Mas o desenvolvimento do sistema imunológico das crianças pode realmente ter beneficiado elas, embora seja muito cedo para dizer que algo semelhante pode estar acontecendo com o COVID-19.

Os pais podem fazer algumas coisas para se preparar

″É tão difícil prever o que esse vírus poderia fazer nos Estados Unidos”, diz Janowski. “Vamos ter um grande surto? Será principalmente isolado em alguns locais? Se você pensa no que aconteceu com a SARS, sim, vimos alguma transmissão para o Canadá e os Estados Unidos, mas não vimos um grande surto.” Novamente, neste momento, simplesmente não sabemos.

Mantenha-se atualizado sobre as imunizações de seus filhos, primeiro, porque a gripe atualmente é uma ameaça muito maior para as crianças do que o coronavírus e, segundo, porque pode ajudar seus filhos a se manter saudáveis ​​no geral.

Agora é a hora de ficar particularmente atento a manter as crianças em casa, longe das escolas ou da creche, mas somente se estiverem doentes. E fale com seu pediatra se você tiver alguma dúvida sobre possíveis viagens.

Se o vírus se espalhar nos Estados Unidos, “medidas de distanciamento social” em lugares como escolas, creches e outros espaços públicos podem se tornar importantes, mas não estamos ainda nesse momento – e talvez ele nunca venha a acontecer.  

Portanto, a principal dica dos especialistas é lavar as suas mãos e as mãos dos filhos com frequência – por pelo menos 20 segundos. (Incentive seu filho a cantar “Parabéns pra você” duas vezes enquanto faz a higienização.)

Dito isto, vi recentemente meu filho se envolver no que só posso descrever como uma luta de lambida entusiástica com um de seus amigos, por isso é difícil impedir que crianças pequenas passem germes para todo mundo.

Em um determinado momento, não há muito o que você possa fazer.

“As pessoas podem realmente ficar um pouco loucas tentando controlar tudo o que seus filhos estão fazendo, mas isso é impossível”, diz Milstone.

 Este texto foi originalmente publicado no HuffPost US e traduzido do inglês.


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