25/04/2024 - Edição 540

Saúde

O que fazer para não contrair o coronavírus? Adianta usar máscara? E álcool-gel?

Publicado em 03/03/2020 12:00 -

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O Brasil apresentou o primeiro caso confirmado de coronavírus no último dia 25. Com a confirmação da doença, muitos brasileiros se perguntam como podemos nos prevenir, ou ao menos evitar que o vírus letal se espalhe. Com ajuda de especialistas, preparamos um guia para você entender o que é o coronavírus, como ele é transmitido e que cuidados você pode ter na sua casa. Veja:

O que é o coronavírus?

O vírus, na realidade, se chama sars-cov2 e já havia sido identificado desde a década de 1960. Ele faz parte de uma ampla família de vírus, mas apenas sete tipos são capazes de infectar humanos. Esse vírus desencadeia uma síndrome gripal, a covid-19, que é mais agressiva em pacientes acima dos 60 anos. 

Qual é a fonte de infecção e como o coronavírus é transmitido? 

Ainda não se sabe a fonte originária da doença, mas pela característica do vírus, a transmissibilidade acontece de animais para seres humanos. Uma vez identificado o animal reservatório, aquele em que o agente infeccioso vive e se multiplica, fica mais fácil de se acompanhar as transmissões.

No caso do coronavírus, o mercado de peixes e frutos do mar de Wuhan, na China, é apontado como uma hipótese. Outra possibilidade, ainda, são animais selvagens da região, como morcegos e coelhos.

A transmissão inter-humana acontece pelo ar e por meio do contato próximo entre o paciente infectado e outras pessoas. Por contato próximo, entende-se o contato físico e também a disseminação por gotículas respiratórias e de saliva, por exemplo. Tosse, espirro, catarro, aperto de mão e até o contato com objetos e superfícies contaminadas também podem ocasionar a infecção. 

Quais são os sintomas do coronavírus?

O coronavírus pode causar desde uma gripe comum até a morte de uma pessoa. Tudo vai depender do contexto do paciente.

Em geral, o vírus causa febre, tosse, coriza e dificuldade em respirar. Em casos mais graves, pode evoluir para pneumonias. 

O tempo de incubação do vírus é de 14 dias, em média. A pessoa pode incubar o vírus mesmo sem apresentar sintomas, no entanto. 

Estamos vivendo uma pandemia?

Apesar dos altos números, a OMS afirma que a população não precisa entrar em pânico. No entanto, no dia 30 de janeiro, a organização declarou “emergência de preocupação internacional”. A OMS também diz que não adota mais o termo pandemia.

O coronavírus mata? 

A taxa de mortalidade da doença é de cerca de 2%. Pacientes com mais de 80 anos e com outras doenças, como as cardiovasculares, estão em maior situação de risco.

Na China, epicentro global que concentra 96,5% dos casos, a taxa de mortalidade caiu para 1%.

Segundo a OMS, 4 em cada 5 pacientes apenas apresentam sintomas leves e se recuperam da doença.

Quanto tempo demora para ter o diagnóstico? 

No Brasil, o tempo médio para o diagnóstico da doença é de 2 dias. No entanto, todo o processo, que deve ser exposto a uma contraprova, pode durar até uma semana. 

O que o Ministério da Saúde está fazendo para combater o coronavírus?

O ministro Luiz Henrique Mandetta afirmou que o Sistema Único de Saúde (SUS), assim como as instituições privadas, está preparado para responder em casos de avanço da doença no País.

As unidades de saúde estaduais vão receber equipamentos de prevenção individual, como máscaras, para serem distribuídas para a população.

Além disso, o ministro afirmou que já foi realizado o pedido de mais leitos e equipamentos do Centro de Terapia Intensiva (CTI), caso haja uma evolução da doença. Mandetta também informou que já foi realizado o levantamento do estoque de medicamentos de suporte para a doença, para que não falte a distribuição.

Em São Paulo, foi criado um comitê de emergência específico para monitorar os casos sob suspeita no estado. A equipe é presidida pelo infectologista David Uip e conta com profissionais do Instituto Butantan, médicos especialistas das redes pública e privada, sob a supervisão do Secretário de Saúde, José Henrique Germann.

Existe cura para o coronavírus?

Não existe nenhum medicamento específico para a doença até agora. O que é realizado é a utilização de medicamentos para controle dos sintomas.

Os que são usados são os medicamentos suportes: paracetamol, dipirona, hidratação. É uma virose, ou seja, o próprio organismo ao entrar em contato com o vírus passa a produzir anticorpos.

A expectativa do Ministério da Saúde é de que, no final de março, ocorra uma nova campanha de vacinação contra a gripe no País, e que essa nova vacina possa cobrir o coronavírus. 

Como prevenir a infecção do coronavírus?

A prevenção é a mesma de qualquer outra gripe: manter-se hidratado e saudável, lavar bem as mãos com água e sabão, usar o álcool em gel quando necessário e, em caso de espirro ou tosse, cobrir o nariz e a boca. Também recomenda-se não compartilhar objetos de uso pessoal, como talheres, e evitar aglomerações ou o contato com os países com casos diagnosticados. 

MÁSCARAS DESCARTÁVEIS REALMENTE TE PROTEGEM CONTRA O CORONAVÍRUS?

Como o vírus é uma situação nova para nós, e estamos sendo bombardeados a todo momento com notícias sobre o tema, muitas pessoas já correram atrás de máscaras descartáveis para se proteger, já que o coronavírus é transmissível através do contato humano e da exposição a gotículas respiratórias de uma pessoa infectada.

Mas esse tipo de prevenção realmente funciona?

Especialistas são céticos em relação à eficácia da máscara na proteção contra vírus e bactérias perigosos.

Veja algumas opiniões sobre se você deveria ou não usar uma máscara e de que outra forma você pode se proteger.

Máscaras que cobrem o rosto podem ajudar, até certo ponto. Quando uma pessoa infectada tosse ou espirra, ela expele gotículas no ar que podem carregar o vírus. E ele pode se espalhar quando essas gotas tocam os olhos e o nariz de outra pessoa.

O vírus também pode se espalhar em algumas superfícies. Se alguém entrar em contato com essas gotículas contagiosas – no ar ou tocando em uma superfície que continha as gotículas – pode se contaminar.

O diretor do Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA (CDC), Robert Redfield, disse ao Congresso norte-americano que a agência está avaliando quanto tempo o coronavírus pode sobreviver e ser infeccioso nas superfícies.

“No cobre e no aço é bastante típico, são cerca de duas horas”, declarou Redfield. “Mas direi que em outras superfícies – papelão ou plástico – é mais longo, e estamos analisando isso.”

Existem evidências de que, quando usadas corretamente, as máscaras faciais podem retardar a propagação de vírus no ar. Por exemplo, um estudo de 2008 descobriu que aqueles que usavam uma máscara tinham 80% menos chances de contrair a gripe. Outro relatório de 2009 constatou que, juntamente com a lavagem frequente das mãos, as máscaras faciais diminuíram o risco das pessoas de contrair a gripe em cerca de 70%.

Mas as máscaras não são infalíveis, e só porque você está usando uma não significa que você está 100% seguro.

“Qualquer tipo de máscara seria útil, porque se você está cobrindo seu nariz e sua boca, é uma forma de se proteger. Mas lembre-se que os seus olhos ainda estão abertos e você pode contaminar o transmitir a doença por eles”, explica Michael Ison, especialista em doenças infecciosas da Northwestern Medicine.

Quando olhamos para a epidemia da síndrome respiratória aguda grave (SARS) que aconteceu em 2003, também com epicentro na China, os pesquisadores concluíram que as máscaras faciais tiveram um certo papel na diminuição da propagação – especialmente em ambientes hospitalares – mas principalmente porque impediram que os doentes passassem a SARS para as pessoas ao seu redor. De fato, a maioria das pessoas na Ásia usa as máscaras para não ficar doente, mas também para proteger outras pessoas de germes e vírus prejudiciais.

Em 2012, quando outro coronavírus mortal – a síndrome respiratória do Oriente Médio (MERS) – se espalhou, as autoridades de saúde recomendaram o uso de máscara facial apenas se você estivesse na mesma sala que uma pessoa contaminada. Na época, não havia evidência suficiente se as máscaras tinham algum papel em impedir a propagação da MERS.

O principal argumento é: as máscaras por si só não eliminam o risco de contrair o coronavírus. Mas, elas podem ajudar. “Isso pode reduzir o risco de algumas transmissões, mas não leva o risco a zero”, diz Ison.

Existem diferentes tipos de máscaras descartáveis

Existem dois tipos de máscaras faciais que podem ajudar a reduzir suas chances de contrair o coronavírus: máscaras hospitalares e as respiradoras, também conhecidas como máscaras N-95.

A maioria das máscaras que vemos em fotos são as máscaras hospitalares, que médicos, dentistas e enfermeiros usam no tratamento de pacientes.

Embora elas protejam as pessoas de espirros, elas não são super seguras. Isso porque a máscara não fica ajustada ao rosto e o tecido é bastante fino, então permite que gotículas menores acabem penetrando por ela.

“As máscaras [cirúrgicas] fornecem um grau de proteção contra líquidos, incluindo a tosse ou espirro, e fornecem alguma filtragem do ar. No entanto, como as máscaras não fornecem uma vedação firme ao redor do nariz e da boca do usuário, grande parte do ar inalado e expirado não é filtrado”, diz Richard Martinello, especialista em doenças infecciosas da Yale Medicine.

Há ainda os respiradores, comumente usados ​​por trabalhadores da construção civil. Eles são mais resistentes e ficam ajustados ao seu rosto. Segundo o CDC, essas máscaras filtram cerca de 95% das partículas transportadas pelo ar, incluindo vírus e bactérias.

Mas eles não são tão confortáveis ​​e muitas pessoas relatam problemas para respirar, dificultando o uso continuo da máscara.

Os respiradores podem ficar entupidos e fazer com que a frequência cardíaca da pessoa suba. Mulheres grávidas ou pessoas com problemas respiratórios devem consultar um médico antes de usá-los.

Grande parte das pessoas não precisa de uma máscara facia

Os especialistas em saúde ainda dizem que você não precisa entrar em pânico. Enquanto a Anvisa e o Ministério da Saúde estão se preparando para a disseminação do vírus aqui no Brasil, o risco imediato para as pessoas ainda é relativamente baixo e os especialistas enfatizam que é importante manter a calma.

Ou seja, não há uma necessidade real de o público usar máscaras, de acordo com os especialistas. O ponto principal, nesse momento, é impedir que alguém que já esteja doente infecte outros.

“Geralmente, não recomendamos o uso de máscaras ou respiradores para o público em geral. É claro que as pessoas que desejam ser mais cautelosas quanto à exposição a germes quando em público podem optar por usar uma máscara”, disse Martinello.

A qualidade das máscaras depende em grande parte se você as está usando corretamente. Certifique-se de que o lado correto esteja voltado para fora, mantenha a máscara bem ajustada sobre o nariz, prenda os laços atrás das orelhas e feche as folgas ao redor da linha da mandíbula. Martinello disse que o maior erro que as pessoas cometem é quando a máscara cobre a boca, mas não o nariz.

Há outras atitudes mais eficazes do que usar uma máscara, no entanto. Uma delas é manter distância de pessoas doentes, especialmente aquelas que tossem ou espirram. Além disso, não tocar o rosto com as mãos com muita frequência minimiza a exposição a germes nocivos.

Por fim, lavar as mãos é a sua melhor linha de defesa contra qualquer vírus. Lave as mãos com frequência e com dedicação. Isso significa passar pelo menos 20 segundos lavando as mãos com sabão e água.

“Garantir que as pessoas lavem as mãos e tomem a vacina contra a gripe provavelmente será uma maneira melhor para mantê-las saudáveis ​​do que colocar uma máscara facial”, diz Ison.

ÁLCOOL GEL É EFICAZ NA PREVENÇÃO AO CORONAVÍRUS

O uso de álcool gel para higiene das mãos como prevenção ao coronavírus é eficaz. Em nota, o Conselho Federal de Química (CFQ) criticou a disseminação de fake news por meio de um vídeo, com informações equivocadas e incorretas a respeito do emprego do álcool gel, divulgado por um “químico autodidata”.

Assinada pelo presidente da entidade, José de Ribamar Oliveira Filho, a nota do conselho esclarece que o álcool etílico (etanol) é um eficiente desinfetante de superfícies/objetos e antisséptico de pele. “Para este propósito, o grau alcoólico recomendado é 70%, condição que propicia a desnaturação de proteínas e de estruturas lipídicas da membrana celular, e a consequente destruição do microrganismo.”

Segundo a entidade, o etanol age rapidamente sobre bactérias vegetativas (inclusive microbactérias), vírus e fungos, sendo a higienização equivalente e até superior à lavagem de mãos com sabão comum ou alguns tipos de antissépticos.

O conselho lembra que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) tornou obrigatória a disponibilização de preparação alcoólica (ou sua versão em gel) para fricção antisséptica das mãos pelos serviços de saúde do país.

A entidade lembra que a Organização Mundial de Saúde (OMS) emitiu uma orientação sobre a eficácia da utilização de álcool gel como medida preventiva e mitigatória ao Covid-19, tanto nos setores da saúde quanto para a comunidade em geral.

“Tão importante quanto proteger a população no que diz respeito ao contágio do novo vírus é evitar o alarmismo e a viralização de conteúdos sem a devida verificação”, afirmou o presidente do CFQ, apelando para que a sociedade busque informações válidas e de fontes confiáveis, em especial as emitidas pelas autoridades de Saúde.

Denúncia ao Ministério Público

O CFQ afirmou ainda que não reconhece como válida a denominação de “químico autodidata” ou a de pessoas que atuem nas atividades da química sem o devido registro profissional.

Segundo a entidade, a falta do registro configura infração tipificada no artigo 47 da Lei de Contravenções Penais (3.688/41) como exercício ilegal da profissão – sem prejuízo de enquadramento em outras normas legais.

Constatadas irregularidades no que tange à qualificação e ao registro profissional, o conselho vai oferecer denúncia junto ao Ministério Público, observando a devida proteção à população.

Medidas preventivas

O Ministério da Saúde recomenda como medidas de prevenção ao novo coronavírus:

– lavar as mãos frequentemente com água e sabonete por pelo menos 20 segundos, ou usar desinfetante para as mãos à base de álcool quando a primeira opção não for possível;

– evitar tocar nos olhos, nariz e boca com as mãos não lavadas;

– evitar contato próximo com pessoas doentes;

– ficar em casa quando estiver doente;

– usar um lenço de papel para cobrir boca e nariz ao tossir ou espirrar, e descartá-lo no lixo após o uso; 

– não compartilhar copos, talheres e objetos de uso pessoal;

– limpar e desinfetar objetos e superfícies tocados com frequência.

Outros cuidados importantes são manter ambientes bem ventilados e higienizar as mãos após tossir ou espirrar.

O ministério explica que não há nenhum medicamento, substância, vitamina, alimento específico ou vacina que possa prevenir a infecção pelo novo coronavírus.


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