29/03/2024 - Edição 540

Entrevista

Um bate papo com Gilmar

Publicado em 19/02/2020 12:00 -

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Um breve perfil profissional. Como você começou, por onde passou e onde está agora.

Instalado no Grande ABC paulista, berço do sindicalismo, acabei começando minha vida profissional na imprensa sindical nos anos 80 e fiquei por 10 anos até mudar para a chamada grande imprensa na época. Passei então por jornais como a Folha de SP, Diário Popular, Jornal Do Brasil, Tribuna de Vitoria, diário do Grande ABC entre outros.

Se inspirou em algum chargista?

Minha fonte de inspiração eram os cartunistas paulistanos da época que publicavam as revistas em quadrinhos e vendiam em bancas. Época que não tinha a referência que temos hoje com a internet.

Qual o papel da charge em um jornalismo preocupado com a construção de uma sociedade mais plural?

Acho fundamental a charge livre, crítica, que provoca o debate e a reflexão sobre os assuntos que envolvem a sociedade. A charge, como qualquer manifestação artística ou jornalística, tem esse poder. Vale lembrar que grande parte das charges publicadas em jornais são meramente ilustrativas, por sofrer a censura de interesses políticos e econômicos dos veículos de imprensa. Com as redes sociais, temos esse trabalho veiculado de maneira mais contundente.

A charge é uma ferramenta carregada de “posicionamentos” que levam o leitor a refletir sobre determinado tema. Concorda com esta afirmação?

Não existe charge sem posicionamento. É justamente esse o sentido desse trabalho. Protesto, reflexão, humor, debate… Se não fizer esse tipo de ação não é uma charge e sim uma ilustração editorial.

Como o “mito” da imparcialidade se coloca para a charge? É possível ser “imparcial” diante do fascismo, do totalitarismo, do preconceito por exemplo?

Não tem como ser imparcial, essa linguagem gráfica tem por obrigação se posicionar contra qualquer tipo e ação totalitária, preconceituosa, racista e tantos “istas” por aí. Este é o sentido no mínimo honesto para essa proposta de trabalho e posicionamento. Mas, como em qualquer sociedade democrática, e a charge sendo um instrumento opinativo, tem os que passam o pano gráfico para essas questões. Eu abomino.

A charge não é um desenhinho que faz piadinha, o contexto trabalhado em uma charge vai muito além disso. O caminho para se produzir algo assim está carregado de emoção e indignação, é a transpiração do que você sente e defende, digo por mim. As vezes para o autor funciona como um instrumento de desopilação necessário para continuar respirando normalmente depois da conclusão e publicação.

Qual o papel das redes sociais na disseminação da charge?

São os canais de comunicação do momento, dinâmicos, rápidos. E o mais legal é que você é o seu próprio editor, tem autonomia para publicar a charge ou a opinião que defende sem sofrer interferência. Grande parte das charges publicadas em jornais são meramente ilustrativas por sofrer a censura de interesses políticos e econômicos dos veículos de imprensa. Com as redes sociais, temos esse trabalho veiculado de maneira mais contundente. Tem que usar essa ferramenta com inteligência e ética.


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