26/04/2024 - Edição 540

Saúde

Qual é a cor da sua luta?

Publicado em 18/02/2020 12:00 -

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Um laço, uma cor e um mês que, somados, sintetizam uma discussão. Além de servir de alerta para os grupos em situação de risco, como no caso do câncer de mama e câncer de próstata, e como momento de visibilidade e conscientização para outras questões de saúde, como o autismo, campanhas que atrelam cores a meses do ano trouxeram ao debate público temas muitas vezes silenciados. É o caso de iniciativas como “Setembro amarelo”, com a promoção da vida e a prevenção do suicídio, e “Dezembro vermelho”, que promove ações de conscientização e solidariedade às pessoas que vivem com HIV/aids.

Entre as campanhas distribuídas ao longo do ano, a do “Outubro rosa”, no mês da conscientização e prevenção do câncer de mama, é uma das mais conhecidas. No começo dos anos 1990, a Fundação Susan G. Komen for the Cure, organização que luta contra o câncer de mama, distribuiu laços na cor rosa para participantes da Corrida pela Cura, em Nova York. Hoje, o laço rosa lembra a quem vê que o mês é outubro e que a população — e em especial as mulheres — deve se prevenir contra o câncer de mama. Poucos anos antes, em 1988, foi criado o Dia Mundial de Luta contra a Aids, pela Assembleia Geral da ONU e pela Organização Mundial da Saúde. Em 1991, a luta ganharia um símbolo — o laço vermelho — e o mês no qual ocorre, dezembro, ficou conhecido no Brasil como “Dezembro vermelho”, quando se acentuam as ações de prevenção ao HIV e à aids.

Visibilidade na mídia

Instituições e empresas apoiam algumas dessas campanhas, que também garantem visibilidade na mídia. A Fundação Laço Rosa — instituição de apoio a mulheres com câncer de mama, na busca de direitos, promoção de autoestima e advocacy (processo de reivindicar ações para uma causa visando influenciar tomadores de decisões) — é uma das instituições que organiza eventos para celebrar o “Outubro rosa”, além de atividades relacionadas à discussão em outros meses do ano. O Instituto Nacional do Câncer (Inca), também investe em intervenções em diferentes meses relacionadas a diferentes tipos de câncer, como fez no lançamento do “Outubro rosa”, junto ao Ministério da saúde, em 2019. “Outras questões fundamentais para que avancemos no controle do câncer são a comunicação e as ações educativas. É por isso que estamos aqui hoje reunidos para lançar a campanha do “Outubro rosa”, que o Inca e o Ministério da Saúde prepararam para a nossa população”, declarou Ana Cristina Pinho, diretora-geral do Inca, durante o lançamento da campanha no Rio de Janeiro.

O crescimento deste tipo de estratégia de comunicação ultrapassou as fronteiras da prevenção e do combate a doenças e foi incorporada por diferentes campos da Saúde, como a conscientização sobre o lúpus, a fibromialgia e o Alzheimer, a importância da doação de órgãos e da amamentação e os riscos de acidentes de trânsito, entre outros. Entretanto, embora as ações tenham tornado os temas tratados mais presentes nas discussões públicas, outras nuances sobre as causas que defendem podem permanecer excluídas do debate, como alerta Igor Sacramento, pesquisador do Laboratório de Comunicação e Saúde (Laces/Icict) da Fiocruz.

Igor reconhece que as campanhas interferem no agendamento do próprio debate público, ressaltando que os temas precisam ser tratados de maneira contínua e sistemática, e não pontual. Além disso, ele chama atenção para a possibilidade de uma dimensão cíclica dessas campanhas. “A expansão da estratégia para quase todos os meses do ano me dá uma sensação de ciclo que acaba obliterando outras doenças”, avalia. O pesquisador exemplifica, advertindo sobre outros eventos que permanecem invisíveis, como o crescimento da sífilis entre os jovens e o sarampo entre crianças. “É preciso um trabalho contínuo em relação a essas múltiplas frentes. Eu não sei se eleger um mês para cada coisa, para cada evento adverso, transtorno ou doença, não esconde mais processos sociais e desigualdades sociais, e além disso leva a negligenciar outras doenças”, diz.

JANEIRO ROXO
Esclarece a população sobre sintomas, prevenção e tratamento da doença que causa incapacidades físicas permanentes, principalmente nas mãos, pés e olhos

JANEIRO BRANCO
Campanha dedicada a colocar os temas da Saúde Mental em máxima evidência no mundo em nome da prevenção ao adoecimento emocional da humanidade, sensibilizando mídias, instituições sociais, públicas e privadas

FEVEREIRO LARANJA
Alerta para a leucemia, um dos tipos mais comuns de câncer, com mais de 250 mil casos por ano no país, segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA)

FEVEREIRO ROXO
Aponta para o Alzheimer, que afeta memória e linguagem. Estima-se que, no mundo, 35,6 milhões de pessoas têm a doença; no Brasil, 1,2 milhão

MARÇO AZUL-MARINHO
O câncer colorretal é o terceiro câncer mais comum no país. A escolha do mês foi devido ao Dia Nacional de Combate ao Câncer de Intestino, 27 de março

ABRIL VERDE
Dedicado à saúde e à segurança no ambiente de trabalho; 28 de abril é o Dia Mundial em Memória das Vítimas de Acidentes e Doenças do Trabalho

MAIO AMARELO
Levanta o debate sobre prevenção de acidentes de trânsito, com campanhas anuais que envolvem o poder público e a sociedade civil

JUNHO VERMELHO
Criada pelo movimento Eu Dou Sangue, em 2011. Em 14 de junho é celebrado o Dia Mundial do Doador de Sangue

JULHO AMARELO
O mês se divide na conscientização da população sobre a prevenção às hepatites virais e à importância do diagnóstico precoce do câncer ósseo, para um tratamento mais rápido e efetivo.

AGOSTO DOURADO
Mês da conscientização do aleitamento materno. Segundo os idealizadores da campanha, os momentos de amamentação são “horas de ouro”

SETEMBRO AMARELO
A campanha tem como objetivo a prevenção do suicídio. Apesar de ser uma ação mundial, só foi iniciada no Brasil em 2015, pelo Centro de Valorização da Vida (CVV)

SETEMBRO VERMELHO
Para conscientização sobre as doenças cardiovasculares, é no mês em que se celebra o Dia Mundial Do Coração (29)

OUTUBRO ROSA
Movimento internacional de conscientização para o controle do câncer de mama, criado no início da década de 1990, com o objetivo de promover a conscientização sobre a doença

NOVEMBRO LARANJA
Chama a atenção para a Campanha Nacional de Alerta ao Zumbido, que é o som contínuo percebido nos ouvidos ou na cabeça sem um estímulo sonoro externo

NOVEMBRO AZUL
Alerta para os riscos de câncer de próstata, tipo mais comum entre os homens, e que é a causa de morte de 28,6% da população masculina que desenvolve neoplasias malignas

NOVEMBRO AZUL
No dia 14 de Novembro é comemorado o Dia Mundial da Diabetes, mas no Brasil o mês todo é dedicado à prevenção da doença

NOVEMBRO DOURADO
Chama atenção para o diagnóstico precoce do câncer Infantojuvenil. No dia 23, é celebrado o Dia Nacional de Combate ao Câncer Infanto-juvenil

DEZEMBRO LARANJA
Para prevenção do câncer de pele, o tipo da doença mais incidente no Brasil, com cerca de 180 mil novos casos ao ano

DEZEMBRO VERMELHO
O laço vermelho, um dos pioneiros nesse tipo de campanha, reforça a luta contra a aids, cujo dia mundial é 1º/12


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