19/03/2024 - Edição 540

Campo Grande

Prefeitura define plano de ação integrada e deflagra megaoperação contra o Aedes no dia 22

Publicado em 17/01/2020 12:00 -

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A partir de quarta-feira (22) a Prefeitura de Campo Grande inicia uma megaoperação que estabelece uma série de ações de enfrentamento, conscientização e sensibilização sobre os riscos do mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue, Zika e Chikungunya, integrando diversos órgãos da administração municipal, instituições públicas e privadas e sociedade civil organizada. A primeira etapa começa pelo Bairro Nova Campo Grande, Região do Imbirussu. Até o fim da campanha, que deve durar em torno de dois meses, as sete regiões urbanas da Capital serão atendidas.

As ações contemplarão a limpeza de terrenos públicos, transporte de materiais inservíveis descartados, alocação pontual e temporária dos descartes em locais previamente definidos, fiscalização e autuação de descartes irregulares, visita às casas pelos agentes de combate às endemias para detecção de focos, limpeza, orientação e conscientização da população sobre os riscos e consequências das doenças transmitidas pelo mosquito.

Paralelamente, a prefeitura se encarregará de fazer o trabalho de limpeza dos espaços públicos, incluindo praças e parques, sob a sua administração.

Durante o período de ação, será realizada uma grande gincana que, conforme as regras a serem estabelecidas, premiará os moradores que mais contribuírem com a limpeza do bairro e região, envolvendo toda a comunidade e contribuindo assim de maneira efetiva na eliminação de potenciais criadouros do mosquito.

Os trabalhos devem durar em torno de sete dias em cada região, respeitando a ordem pré-definida, conforme cronograma descrito abaixo:

  • 1ª Semana – 22 a 28 de janeiro/ Imbirussu.
  • 2ª Semana – 29 de janeiro a 4 de fevereiro/ Anhanduizinho.
  • 3ª Semana – 5 a 11 de fevereiro/ Bandeira.
  • 4ª Semana – 12 a 18 de fevereiro/ Prosa.
  • 5ª Semana – 19 a 25 de fevereiro/ Lagoa.
  • 6ª Semana – 26 de fevereiro a 3 de março / Segredo.
  • 7ª Semana – 4 a 10 de março / Centro.

Ações

Desde agosto do ano passado a prefeitura tem intensificado as ações de enfrentamento ao mosquito, antecipando a chegada dos períodos críticos, de chuva e calor.

De lá pra cá, as equipes da Coordenadoria de Controle de Endemias Vetoriais (CCEV) da Sesau tem realizado diariamente o trabalho de orientação e eliminação de criadouros do mosquito.

Além de inspeções em residências, é feita a vistoria em pontos estratégicos, áreas consideradas de maior risco de proliferação de mosquito e que exigem um trabalho específico, a exemplo de borracharias, oficinas mecânicas, pontos de recicláveis, construções, casas e construções abandonadas.

Recomendações

Durante as visitas, os profissionais de saúde orientam os munícipes a seguirem os cuidados necessários: nunca deixar ao ar livre qualquer recipiente propenso a acumular água, manter a limpeza de terrenos e quintais em dia, instalar telas nas janelas, colocar areia até a borda dos vasos de planta, manter garrafas de vidro e latinhas de boca para baixo, acondicionar pneus em locais cobertos, limpar e trocar a água de bebedouros de animais, proteger ralos pouco usados com tela ou jogar água sanitária.

Infestação pelo Aedes

Conforme o Levantamento Rápido de Índices de Infestação pelo o Aedes aegypti (LIRAa), sete áreas de Campo Grande foram classificadas com o risco de surto de doenças transmitidas pelo mosquito.
O número de áreas em alerta praticamente dobrou, em comparação com o último LiRaa divulgado em novembro do ano passado, passando de 22 para 42 áreas. Dezoito áreas permanecem com índices satisfatórios.

O índice mais alto foi detectado na área de abrangência da USF Iracy Coelho, com 8,6% de infestação. Isso significa que de 233 imóveis vistoriados, em 20 foram encontrados depósitos. A área da USF Azaleia aparece em segundo com 7,4% de infestação, seguido da USF Jardim Antártica, 5,2%, USF Alves Pereira, 4,8, USF Sírio Libanês, 4,4%, Jardim Noroeste, 4,2% e USF Maria Aparecida Pedrossian (MAPE), 4,0%.

Dados epidemiológicos

Os dados epidemiológicos relativos aos 15 primeiros dias do ano mostram um número significativo de notificações de suspeitas de dengue feitas ao serviço de vigilância epidemiológica. Desde o início do ano foram 284 notificações, sendo que um óbito, de um homem de 30 anos, já foi confirmado.

Além dessas ainda foram registradas três notificações de Zika Vírus e uma de Chikungunya, que ainda estão passando por processo de avaliação laboratorial para confirmar ou não as suspeitas.

Durante todo o ano de 2019 foram registrados 39.417 casos notificados de dengue em Campo Grande, sendo 19.647 confirmados e oito óbitos.

Apesar dos números expressivos impulsionados pela epidemia do último ano, o mês de dezembro fechou com aproximadamente 45% a menos de casos registrados no ano anterior.

No Estado

A Secretaria de Estado de Saúde de Mato Grosso do Sul (SES), através da Superintendência Geral de Vigilância em Saúde, tem auxiliado os municípios no combate à dengue, zika e chikungunya neste período de alta incidência do mosquito Aedes aegypti, vetor das doenças.

A Coordenadoria Estadual de Controle de Vetores dá suporte técnico e logístico para que todos os municípios de Mato Grosso do Sul possam elaborar estratégias de ações de combate.

A Secretaria Estadual de Saúde está em contato constante com os municípios, tanto na parte de Controle de Vetores como na assistência e vigilância epidemiológica. As ações são interligadas. São orientadas condutas como, por exemplo, colocar em ação os planos de resposta à epidemia contidos no Plano de Contingência Estadual e Municipal.

No final do ano passado, a Secretaria de Estado de Saúde lançou a Campanha Estadual de Combate de enfrentamento das arboviroses para 2020, onde foram apresentadas estratégias de ação para sensibilização da comunidade, o engajamento dos prefeitos na articulação intersetorial no âmbito de seus municípios, implementação das ações do Comitês Municipais, bem como capacitações técnicas aos Agentes e Coordenadores de endemias.

Em dezembro, a Secretaria de Estado de Saúde realizou capacitação para os municípios sobre manejo clínico para a dengue ministrado pelo médico infectologista Rivaldo Venâncio (Fiocruz/UFMS). Participaram 60 profissionais da área de saúde das prefeituras de Campo Grande, Coxim, Cassilândia, Corumbá, Ribas do Rio Pardo, Maracaju e Anaurilândia.

O Governo do Estado também investiu em estrutura, distribuindo equipamentos e materiais às prefeituras. Os municípios de Mato Grosso do Sul também receberam 4,5 mil uniformes, 2,6 mil bolsas de lonas totalmente equipadas, 880 máscaras, 620 macacões, 2 mil luvas ecológicas, 1 mil botinas, 4,5 mil filtros, 170 bonés, 1 milhão de sacos de lixos, 630 óculos de proteção, 1 milhão de folders, 700 faixas, 20 mil cartazes, 1,6 mil banners.

A Coordenadoria Estadual de Controle de Vetores também disponibilizou 16 máquinas de UBV pesado para os municípios de Campo Grande, Dourados, Três Lagoas, Corumbá, Coxim, Naviraí, Corguinho, Rio Negro, Aquidauana, Bataguassu, Ponta Porã, Sidrolândia, Terenos, Água Clara e Bonito. Também foram distribuídas 56 bombas costais motorizadas no Estado.

Foram capacitados 79 coordenadores de Endemias, para atuação em cada município, 189 supervisores de Endemias, 359 agentes de Endemias, 26 técnicos de laboratório e 162 técnicos operacionais.

Para dar agilidade na detecção da doença, a Secretaria Estadual de Saúde adquiriu com recursos próprios kits de diagnóstico capazes de realizar 25 mil exames. O Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen) realiza exames dos 79 municípios. Para o diagnóstico da dengue, zika e da febre chikungunya, são realizados os exames de biologia molecular (PCR) e sorologia (Elisa), feitos por kits IgM, NS1 e IgG. Os resultados ficam prontos em quatro horas, dando prioridade para pacientes graves, internações e óbitos.

Também está em desenvolvimento a implantação do Método Wolbachia em Campo Grande, parceria do Ministério da Saúde, Secretaria de Estado de Saúde de Mato Grosso do Sul (SES), Secretaria Municipal de Saúde de Campo Grande (Sesau) e Fundação Oswaldo Cruz. Campo Grande foi uma das três cidades do País a serem escolhidas para a etapa final do método Wolbachia para o combate ao mosquito Aedes aegypti, antes da sua incorporação ao Sistema Único de Saúde (SUS). Os mosquitos com Wolbachia carregam esse microrganismo, natural em 60% dos insetos, que dentro das células do Aedes aegypti reduz a capacidades deles na transmissão de dengue, zika e chikungunya. Os outros municípios onde esse trabalho está sendo realizado são Belo Horizonte (BH) e Petrolina (PE), demandando investimentos de R$ 22 milhões.

A SES também faz parte da REPLICK, Rede de Pesquisa Clínica Aplicada em Chikungunya, do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas. A Rede Replick é um consórcio de estudos clínicos aplicados à chikungunya que envolve 11 centros de pesquisa de nove estados brasileiros (RJ, BA, MS, SP, CE, PE, PR, AM e RR). A Rede é coordenada pela Fiocruz, no Rio de Janeiro, e conta com o apoio do Ministério da Saúde, por meio das Secretárias de Vigilância em Saúde (SVS) e de Ciência Tecnologia e Insumos Estratégicos (SCTIE).


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