Mundo
Publicado em 03/12/2019 12:00 -
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Mike Pompeo, secretário de Estado dos Estados Unidos, afirmou no último da 2 que Washington pretende “ajudar” os governos da América Latina que eles consideram “legítimos” para evitar protestos populares, como os que estão ocorrendo em vários países da região.
A postura do governo de Donald Trump demonstra um claro posicionamento intervencionista. Com a ampliação das desigualdades e o aumento da repressão, bancada por governos autoritários, Bolívia, Chile, Colômbia e Equador vivem um momento de conflagração social com intensos protestos populares exigindo mudanças. O Brasil, de Jair Bolsonaro, pode entrar nessa lista.
Na avaliação de Trump e sua equipe, essas manifestações representam um perigo para os governos aliados. A declaração de Pompeo ocorreu durante evento na Universidade de Louisville, em Kentucky.
Vontade democrática
O secretário destacou, ainda, que a intervenção dos EUA se deve a uma razão: “Os protestos não refletem a vontade democrática do povo”.
Pompeo argumentou que a ação do país no que chamou de “controle de distúrbios” ocorrerá porque os EUA, de acordo com ele, são o “maior exemplo de democracia da história do mundo”.
Análise
Sob Donald Trump, a Casa Branca continua acreditando que sua missão especial no universo dá aos Estados Unidos o direito de exibir os músculos ao redor da Terra para fins que desafiam as leis internacionais e o bom senso. A mais nova obsessão do governo americano é silenciar as ruas da América Latina.
Mike Pompeo discursou sobre política externa na Universidade de Louisville, em Kentucky. A alturas tantas, reiterou que Havana e Caracas tentam se apropriar do asfalto no Chile, Colômbia, Equador e Bolívia. Prometeu o apoio de Washington para quem quiser deter a perturbação.
Pompeo declarou: "Nós, no governo Trump, continuaremos a apoiar países que tentam evitar que Cuba e Venezuela se apropriem desses protestos e vamos trabalhar com os (governos) legítimos para impedir que protestos se transformem em distúrbios e violência que não refletem a vontade democrática do povo".
Faltou explicar de onde as ditaduras decadentes de Cuba e Venezuela retiram força e dinheiro para trazer as ruas do continente na coleira. Faltou definir "distúrbios". Por último, faltou explicar de quantos calibres será o apoio da Casa Branca aos aliados pobres.
Depois que o Zero Três Eduardo Bolsonaro e o ministro Paulo Guedes esgrimiram o AI-5 contra o asfalto, o risco é o capitão elogiar a preocupação de Trump em ajudar os parceiros e aceitar preventivamente a mão estendida. As ruas brasileiras ainda estão em casa. Mas o seguro, como se diz, morreu de velho.
Trump demonstrou que não há nada mais perigoso do que ser ajudado pela Casa Branca, hoje em dia. Após prometer apoio para a candidatura do Brasil à OMC, Trump deu uma rasteira em Jair Bolsonaro. Nesta segunda, enquanto Pompeo discursava em Kentucky, seu chefe avisava no Twitter que decidira sobretaxar o aço e o alumínio do Brasil e da Argentina.
Agora, informa Pompeo, a Casa Branca se dispõe a ensinar o que a América Latina precisa fazer para reprimir os protestos em vez de dar ouvidos a milhões de compatriotas que subordinam suas angústias às conveniências de um par de ditaduras decadentes.
Nesse ritmo, Bolsonaro, além de reconhecer a isenção tática dos Estados Unidos para exercer seu ineditismo na América Latina, acaba pedindo a mão de Trump em casamento.
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