Meia Pala Bas

Imagina a Feijoada

Publicado em 30/01/2014 12:00 - Rodrigo Amém

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Aos gritos, num carioquês ufanista, a Brahma suplica aos pessimistas que imaginem a festa. Só a festa. Enquanto pessoas inexplicavelmente emocionadas reagem ao acender de refletores que emergiram das profundezas das nossas fronteiras legais, o Itaú convoca a participação de todos os brasileiros, porque isso “muda o jogo”. Pra Coca-Cola, a Copa não é só dos que lucram política e financeiramente com o evento. É de todos. Afinal, moramos no Brasil, a Copa é aqui. Logo, a Copa é nossa. A Copa da FIFA é nossa.

Os milhões de publicidade mal conseguem disfarçar o desconforto com a insatisfação popular diante de um evento marcado por desperdícios e desmandos.

Os milhões de publicidade mal conseguem disfarçar o desconforto com a insatisfação popular diante de um evento marcado por desperdícios e desmandos. Lutando para virar o jogo e combater prejuízos, os gurus da mídia fazem um apelo àquilo que chamo de “simpatia mágica”. Essa impressão de que qualquer problema se resolve na simpatia, no carisma de quem pede as desculpas. No “fique à vontade”. É a aposta de que nossa incompetência administrativa não é páreo para o nosso sorriso brejeiro, nosso suingue.

É uma tentativa de colocar a população na linha de frente de uma organização gravemente comprometida pela inoperância de seus dirigentes. Como se transformassem o Brasil numa central de telemarketing, tentando vencer a insatisfação do cliente na lábia, no jeitinho.

É como se o verdadeiro hino da Copa fosse “Feijoada Completa”, do Chico Buarque. Centenas de milhares de estrangeiros virão utilizar equipamentos turísticos já defasados para o público doméstico? A maior parte das obras de mobilidade urbana do legado da Copa jamais saiu do papel? Então vamos botar água no feijão, sorrir e dar uma gingadinha. Imagina a feijoada. Só imagina.

Brahma – Imagina a Festa