28/03/2024 - Edição 540

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Coleira usa inteligência artificial para selecionar cães-guias

Publicado em 19/11/2019 12:00 -

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Os cães-guias têm um papel muito importante para auxiliar pessoas que perderam a visão. Mas não é qualquer cachorro que se dá bem de primeira com qualquer paciente — ambos precisam ter boa sintonia, o que nem sempre é fácil de acontecer.

Para tornar esse processo mais ágil e preciso, a empresa de tecnologia IBM se uniu à Guiding Eyes for the Blind (organização sem fins lucrativos que treina animais para serem cães-guias). O resultado é o Smart Collar, uma espécie de coleira que usa inteligência artificial para monitorar a personalidade dos animais e identificar quais têm potencial de se tornar cães-guias.

Segundo Lorraine Trapani, da área de Assuntos Governamentais e Regulatórios da IBM e responsável pelo projeto, os cachorros precisam ter algumas características para se darem bem no trabalho: ser calmos, confiantes, focados e resilientes. “Eles devem ter excelentes habilidades de resolução de problemas e serem capazes de evitar distrações”. E a tecnologia ajuda a identificar justamente essas características nos cãezinhos.

Trapani é criadora voluntária de filhotes de cachorro na Guiding Eyes for the Blind há oito anos e ela mesma já passou pela frustração de treinar um cachorro que não deu certo como cão-guia. Ao assistir uma palestra de Jane Russenberger, diretora sênior de genética e criação da Guiding Eyes for the Blind, decidiu ajudar na tarefa de melhorar a taxa de sucesso desses profissionais de quatro patas.

Durante a palestra, Jane falou sobre como reuniu uma enorme quantidade de dados para descobrir o que torna os animais capazes de serem cães-guias. Mesmo com um rigoroso programa de treinamento de 20 meses a um custo de US$ 50 mil para um único cão, as taxas de sucesso estavam em torno de 30%. O cenário melhorou quando a tecnologia entrou na jogada: a inteligência artificial Watson, da IBM, passou a analisar as informações coletadas.

Para reunir os dados, a ONG se uniu à Universidade do Estado da Carolina do Norte, nos Estados Unidos, e desenvolveu as coleiras inteligentes. Os animais, ainda filhotes, passaram por testes: o aparelho capturava a frequência dos cachorrinhos enquanto eles eram expostos a situações estressantes, como o contato com superfícies desconhecidas, barulho e a presença de um cão desconhecido.

A rapidez com que a frequência cardíaca do filhote retorna ao normal após esses eventos é um indício de sua capacidade de lidar com o estresse como cão-guia. Esses resultados já são suficientes para dizer se o cachorro poderá acompanhar pessoas com deficiência visual ou se trabalhariam melhor em outras funções. A maior vantagem é reduzir custos com treinamento.

No momento, a empresa não pensa em vender o produto para o público geral. “Nosso foco principal é pesquisar e ajudar a descobrir os segredos por trás de cães-guias bem-sucedidos, para que organizações como a Guiding Eyes for the Blind possam conectar mais animais com quem precisa dele”, diz Trapani.


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