25/04/2024 - Edição 540

Campo Grande

Agora requalificada, 14 de Julho abre possibilidades para novos negócios

Publicado em 13/11/2019 12:00 -

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Com a nova Rua 14 de Julho, repaginada, mais bonita e agradável, é natural que surja a pergunta: o que ainda falta no comércio da via para que ela seja completa? Pois fomos às ruas para falar com quem frequenta o centro da cidade diariamente.

Considerado o coração comercial de Campo Grande, os consumidores apontaram alguns segmentos que, na visão deles, podem incrementar o leque de opções. A maioria citou a alimentação como um novo mercado para a região.

A estudante Maria Fernanda Lopes acha que faltam restaurantes na 14 de Julho. Opinião compartilhada pela promotora de vendas Ana Carla de Souza Ribeiro, que trabalha na via e sente falta de um local para fazer as refeições. “Tudo tem aqui, roupa, eletrodoméstico, mas um café seria legal, um restaurante com preço acessível. E está ficando tudo muito bonito, só acho que a rua tinha mesmo que ser fechada para os carros, deixar apenas para os pedestres”. Para o vigilante Jair de Paula, a instalação de espaços gastronômicos deixaria a rua ainda mais aconchegante.

E com esse calorão que faz em Campo Grande, a aposentada Edna Sarubi e a recreadora Thais Cardoso bem lembraram que uma sorveteria faz falta na 14. “Está faltando uma sorveteria, com espaço bom pra gente sentar, tomar um sorvete”, afirma Edna.

Já para o empresário Caio Franco, toda essa beleza que se posta agora merece a vinda de algo que faça o diferencial. “Faltam bares, eu acho que seria um chamariz legal, poderia trazer a vida boêmia, principalmente à noite. O comércio não pode viver só do período diurno, temos que deixar a 14 funcionando dia e noite. Tem que trazer bares, poetas, artistas, movimentar a cultura”.

O presidente da Abrasel/MS (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes), Juliano Wertheimer, se colocou à disposição da Prefeitura para desenvolver projetos na área da gastronomia para a região. “Concordo com a pesquisa, inclusive é uma posição nossa também, que se crie dentro dessas áreas de convivência nesse calçadão, pontos a se explorar como lanchonetes, cafeterias, sorveterias expressas. Uma sugestão seria criar uma estrutura, talvez até móvel, que já tem isso em outros calçadões do Brasil, com pontos modernos que façam uma comunicação com a população, que tenham uma estrutura voltada para a sustentabilidade, mas que se possa explorar pequenos cafés, salgados rápidos e sorvetes”.

Seguindo a tendência

Já acompanhando essa demanda, as empresárias Mary Andrade e Cler Zoghed acabaram de abrir uma cafeteria na esquina das ruas Maracaju e 14 de Julho. Mary está há um ano em Campo Grande, veio do Rio de Janeiro. Cler saiu do interior de São Paulo e aqui as duas se tornaram vizinhas e agora sócias. “Já conseguimos enxergar a prosperidade em pouco tempo. Os clientes chegam e elogiam bastante, falam que parece loja de shopping”, conta Mary. Ela lembra que pesquisou muito onde abrir a loja e logo percebeu a carência de um lugar mais aconchegante, diferente, na rua agora requalificada. “A mudança da Rua 14 de Julho influenciou bastante na escolha do endereço, vi que a via ficou muito bonita”. Para ela, além da localização e dos produtos, como o café gourmet, o diferencial está no atendimento, especial para conquistar o consumidor.

Expectativa para o Natal

Com a decoração natalina e a grande festa marcada para a inauguração da nova 14, no dia 29 de novembro, a previsão é de aumento nas vendas de fim de ano. “Depois de passado o período mais crítico das obras, percebemos maior ânimo entre os empresários da região e também entre os clientes. Mesmo antes do término da revitalização, a 14 de Julho está mais bonita, mais acessível para o trânsito de pedestres, e mais convidativa às compras. Este ano o campo-grandense poderá aproveitar o Centro já revitalizado, e isso impactará diretamente nas vendas. Com as obras concluídas, esperamos que o movimento na região seja retomado, impulsionando as vendas”, comenta o presidente da ACICG (Associação Comercial e Industrial de Campo Grande), João Carlos Polidoro.

De cara nova

O cenário de canteiro de obras não é restrito apenas ao longo dos 1,4 km de calçadas e de pista da 14 de Julho que entra na reta final das intervenções previstas no Reviva Campo Grande.  Dentro de muitas lojas também é intensa a movimentação de operários que estão trabalhando até aos finais de semana na conclusão da remodelagem destes  espaços comerciais, enquanto outros estão sendo adaptados para outros nichos de mercado. Ninguém quer perder o período de maior movimento no comércio, o mês de dezembro, quando o consumidor com o poder aquisitivo reforçado pelo 13º,  compra  os presentes de Natal.

Empresas estabelecidas em ruas transversais  quase  esquina com a 14 de Julho, estão adequando espaço, anexando prédios vizinhos  para o consumidor ter acesso à loja pela via.  É o caso da  Gazin Móveis  que está investindo R$ 300 mil para que sua filial da Rua Barão do Rio Branco se conecte em  ele com o salão comercial de 1.300 metros quadrados na 14, com direito inclusive a escada rolante para facilitar o acesso ao espaço de exposição de produtos montado num mezanino.

Segundo o gerente Denilson Lopes Molina, que deixou a cidade de Sinop  em Mato Grosso onde por 5 anos exerceu a mesma função, para trabalhar em Campo Grande, onde atuará no comando de uma loja que com a ampliação, passará a 3.100 metros quadrados, o que exigiu a contratação de mais 16 funcionários, ampliando 64 trabalhadores o quadro de pessoal.   “A direção da empresa acredita que com este investimento, as obras na 14 de Julho, este provavelmente será o melhor dezembro, em termos de vendas, dos últimos anos”, afirma.

Na esquina  da 14 com a Avenida Fernanda Correia da Costa, que é uma espécie de “marco zero”, do Reviva Campo Grande, os trabalhos estão acelerados num prédio onde por muitos anos funcionou a filial da Rede de Supermercados Comper.  O espaço está sendo preparando para se de tornar uma galeria com capacidade para sete abrigar 7 lojinhas, uma praça de alimentação, um Burger King e uma versão express (com 308 metros quadrados ) do supermercado.

Em outra esquina icônica do comércio campo-grandense, a 14 de Julho com a 15 de Novembro, em frente da Praça Ary Coelho,  o empresário Nilson Carvalho Vieira, está na contagem regressiva para a entrega das obras, no próximo dia 29. Há 30 anos neste ponto, primeiro atuando no segmento da fotografia,  agora também de óptica, está fazendo algumas adequações na loja e vai abrir uma porta adicional aberta para a 14. “Enquanto as obras duraram tive de fazer alguns ajustes, agora meu planejamento é reforçar o quadro de pessoal para atender o crescimento da clientela”, avalia.

Na expectativa de que aquecimento das vendas com a entrega da revitalização, o empresário Djalma Santos,   vai abrir sua terceira loja na 14 de Julho dedicada a bijuterias e acessórios.  O prédio onde por muitos anos funcionou uma lanchonete (na sobre esquina com a Afonso Pena), está sendo reformado e adaptado para abrigar a nova loja.

O mesmo movimento de trabalhadores se observa num prédio na altura do número 2.250 (no meio da quadra entre a Dom Aquino e a Cândido Mariano). Dois empresários chineses que estão há dois anos em São Paulo, escolheram Campo Grande para expandir seus negócios  no Brasil. Preferem não divulgar o nome da loja (também do segmento de bijuterias) até que o alvará de funcionamento da Prefeitura seja liberado.

O projeto

O Reviva Campo Grande está o transformando a mais tradicional via comercial de Campo Grande num autêntico shopping Céu a Aberto  sem a poluição visual do novelo de fios das redes elétricas e de telefonia, calçadas padronizadas, arborização e uma atrativa decoração natalina que começa a ser montada nos próximos dias.  Conforme a Engepar Engenharia, empresa responsável pelas obras, o projeto está mais de 95% executado. Estão sendo retirados os postes de energia aérea, concluído o o novo paisagismo e a arborização.

Circuito turístico

Um centro mais bonito, com calçadas largas, mobiliário urbano e paisagismo atrai mais turistas, isso é fato. Quem chega à cidade, logo quer saber de sua história e o que não falta na Rua 14 de Julho é isso. Na época em que o antigo relógio, em 1933, foi instalado, bem na esquina com a Avenida Afonso Pena, a região se tornou, por muitos anos, palco de manifestações culturais, políticas e religiosas.

Hoje mais comercial, a rua 14 de Julho já teve cinema, hotel, panificadora e tantos outros negócios que deram muito certo por algum tempo. Sem contar que cada estilo arquitetônico foi representado nos prédios e ainda resistem com suas características.

Além disso, a rua 14 de Julho guarda lembranças, histórias de famílias que ajudaram na construção de Campo Grande, como os irmãos Nasser, responsáveis pelo fornecimento de pedra britada para a pavimentação da Rua 14 de Julho, famílias Nacao, Name. Material para mostrar é o que não falta, garantindo um turismo informativo, acima de tudo.

“A Sectur tem a missão de fomento e, com esse objetivo, pretende-se estimular a criação de um novo roteiro turístico contando a história da 14 de julho e de suas principais edificações, estabelecendo a criação de novos fluxos turísticos e proporcionando um desfrute adequado dos atrativos a visitar. A ideia na 14 de julho é contar a história dessa nossa cidade por meio de sua arquitetura central, dos prédios históricos, árvores centenárias. Contar um pouco das famílias pioneiras que ajudaram a construir, literalmente, Campo Grande”, afirma a secretária de Cultura e Turismo da capital, Melissa Tamaciro.

Identificação nos imóveis

Dentro do Reviva Campo Grande, está prevista a identificação de mais de 30 imóveis de interesse histórico. Eles vão receber placas com QRCode com informações da construção da edificação, história dos empreendedores, fotos de época e curiosidades, que poderão ser conferidas no site do Reviva (campogrande.ms.gov.br/reviva).

A proposta da Sectur é ainda trabalhar junto com os guias de turismo da cidade, desenvolvendo roteiros especiais que incluam a 14 de Julho. Ao longo da via, temos imóveis de grande valor histórico, como o edifício Nacao, Galeria São José (o primeiro arranha-céu da cidade), Casa Glória, Edifício José Abrão e o relógio da 14.


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