23/04/2024 - Edição 540

Mato Grosso do Sul

Combate com 170 homens e chuva reduzem focos de calor no Pantanal

Publicado em 06/11/2019 12:00 -

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A incidência de focos de calor no Pantanal de Corumbá, Miranda e Aquidauana, em Mato Grosso do Sul, reduziu significativamente nas últimas 24 horas com o combate intensivo da força-tarefa criada pelo Estado e a chegada das chuvas na região. De 120 focos registrados pelos satélites do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), no último dia 6, mantiveram-se apenas 22, sendo 16 em Corumbá.

“Estamos caminhando para o controle do fogo, com trabalhos de rescaldo e monitoramento aéreo e terrestre das áreas ainda críticas”, informou o tenente-coronel Fábio Catarinelli, coordenador da Coordenadoria Estadual de Defesa Civil (Cedec).

Catarinelli adiantou, com base em estimativa do Inpe, que a área queimada no Pantanal, desde o dia 26 de outubro, e na borda do Parque Estadual do Rio Negro somam 173 mil hectares. O combate aos focos que atingiram a borda e o Parque Estadual do Rio Negro está sendo realizado por 44 homens. Os focos no Parque Estadual das Várzeas do Rio Ivinhema foram debelados.

A Operação Pantanal 2, coordenada pelo Corpo de Bombeiros do Estado, conta com um contingente de 170 homens e cinco aeronaves. O efetivo foi reforçado esta semana com a chegada de 38 bombeiros do Corpo de Distrito Federal. Participam ainda das ações o Corpo de Bombeiros do Estado, Ibama (Prevfogo), ICMbio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade), Exército, Polícia Militar Ambiental (PMA), Polícia Rodoviária Federal (PRF) e Polícia Militar de MS.

As chuvas que caíram na região atingida pelos focos de calor somaram 70 milímetros, na quarta-feira. Com as mudanças no cenário das queimadas, devido aos ventos, a base operacional de combate foi transferida da fazenda BR Pec, que teve uma extensa área queimada, para a fazenda Bodoquena, situada na margem da MS-243, entre Miranda e Corumbá. Voltou a chover na região, no período da tarde desta quinta-feira.

Um RJ queimado

A queimada que há duas semanas atinge o Pantanal sul-mato-grossense já destruiu uma área equivalente à cidade do Rio de Janeiro. Segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), já foram queimados 122 mil hectares na região de Corumbá e Miranda.

Este é o segundo incêndio de grandes proporções no Pantanal em dois meses. No primeiro, só em uma fazenda, foram destruídos 35 mil hectares.

Os números do Inpe mostram que houve aumento nas queimadas no Pantanal. Nos primeiros três dias de novembro foram 393 focos, sendo que a média para todo o mês é de 405.

No mês passado, o total de focos no Pantanal foi 20 vezes maior do que o mesmo mês do ano anterior. O bioma vai na tendência contrária ao que foi verificado pelo Inpe na Amazônia, que teve o menor número de queimadas para um mês de outubro desde 1998. Entre outros fatores, a diminuição dos focos na Amazônia foi verificada após ações do governo federal como a implementação da Operação da Garantia da Lei e da Ordem Ambiental (GLO).

Incêndio maior

A dimensão do incêndio desta vez é bem maior. O governo do estado resumiu como de "proporções nunca registradas" e "cenário de devastação". A faixa de fogo vai da BR-262, que leva até a cidade de Corumbá, até pontos de difícil acesso no meio da mata.

Quem passava pela rodovia se via cercado. De um lado fogo, no outro vegetação queimada e à frente e atrás, cortina de fumaça. A Polícia Rodoviária Federal (PRF) não interditou a rodovia, porém, pediu que se evitasse passar por lá à noite. Na BR, o cenário é flora cinza.

Mata à dentro, animais mortos queimados. Entre eles, jacarés. Outros tentam fugir dos focos de calor e das chamas. Somente em uma estrada, em um trecho de 12 quilômetros, quatro pontes foram queimadas e os bombeiros precisaram abrir um desvio para tráfego de moradores da região.

Além de moradores, a região concentra pousadas e ainda uma base de pesquisa da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. O fogo chegou bem perto da base de estudos. Funcionários passaram o domingo jogando água na vegetação para encharcar o solo.

Alagados secaram com o calor do incêndio. Em um deles, onde havia também plantas aquáticas, só ficaram cinzas e peixes ainda se debatendo na lama que sobrou.

O fogo também destruiu cabos de fibra óptica e 'isolou' Corumbá por alguns dias. A internet na cidade tem oscilado diariamente e quando os incêndios começaram houve falta de energia. As chamas também chegaram bem perto de onde estão sendo instaladas torres de comunicação do Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras (Sisfron), do Ministério da Defesa.

Combate

O combate à queimada é feito por brigadistas e bombeiros, com apoio de três aviões que já lançaram mais de 200 mil litros de água. Um deles, o do Mato Grosso, já completou 30 horas de voo e foi para Cuiabá fazer manutenção preventiva.

Há trechos em que as aeronaves passam por cortina de fuma para despejar água em pontos de difícil acesso. Máquinas abrem estradas para levar caminhões com água até os combatentes.

Para ajudar no combate, a Defesa Civil pediu a volta dos bombeiros do Distrito Federal, uns 30 devem chegar essa semana. Um grupo já havia estado no Pantanal durante o incêndio do mês de setembro.

As condições climáticas: umidade relativa do ar baixa, ventos fortes e temperaturas altas dificultam o trabalho. O vento espalha o fogo rapidamente e as labaredas se intensificam por causa do tempo seco.

Em setembro, diversos municípios decretaram emergência por conta das queimadas. No fim do mês, choveu na região e os focos de incêndio acabaram. Os bombeiros desmobilizaram as equipes e os de outros estados encerraram o trabalho no Pantanal.

Doações da WWF

Empenhados nas ações de combate, buscando unir forças para auxiliar no controle e combate, foram entregues 3 Kit de combate a incêndios, composto por lança jato (15 metros) – com capacidade de armazenamento de 600 litros – cedidos pela WWF Brasil.

Instalados em 3 camionetes Mitsubishi L200 Triton do Imasul, os equipamentos que tem facilidade para serem reabastecidos, serão levados para a Fazenda BR Pec, no município de Miranda, onde funciona um Posto de Comando.

As ações realizadas até o momento contaram com parcerias que, segundo o secretário estadual Jaime Verruck, da Semagro (Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar), são fundamentais quando se trata desse tipo de demanda, onde é impossível para qualquer Estado encontrar soluções agindo sozinho. “Trabalhamos constantemente a estruturação das equipes de Bombeiros e do Prev Fogo. Hoje recebemos esses equipamentos, que são diferenciados e vem para ajudar nas ações que já estão em andamento, podendo ser utilizados pelas unidades de conservação posteriormente”. Completou.

“Fogo se combate com rede de cooperação e parcerias” afirmou o Secretário, lembrando que recentemente foi assinado um termo com o Estado do Mato Grosso que garantiu reforço nas atividades.

Participaram da assinatura, Julia Boock (analista da WWF Brasil), o comandante-geral do Corpo de Bombeiros, coronel Joílson Alves do Amaral e André Borges, Diretor Presidente do Imasul.


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