19/04/2024 - Edição 540

Saúde

Consumo de gordura trans pode aumentar o risco de Alzheimer, diz estudo

Publicado em 05/11/2019 12:00 -

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Gorduras trans estão presentes nas chamadas “junk foods”, como ultraprocessados, comidas congeladas, batatas fritas e fast-food. Um estudo brasileiro revelou, inclusive, que esta gordura está presente até mesmo em alimentos que alegam ter “zero” gordura trans em sua composição. A caça às gorduras trans se deve ao seu efeito negativo à saúde do coração e, agora, um novo estudo sugere que ela também pode aumentar o risco de demência. 

O estudo, publicado no jornal científico Neurology no final de outubro, mostrou que ter altos níveis de gordura trans no sangue pode aumentar o risco de ter Alzheimer entre 50% e 75%, em comparação às amostras de sangue com baixos níveis da gordura.

Pesquisadores acompanharam mais de 1,6 mil pessoas no Japão por 10 anos para averiguar o impacto da dieta na saúde. 

Todos os participantes iniciaram o estudo sem sinal de demência. Também foram feitos testes no sangue dos pacientes para acompanhar os níveis de gordura trans na corrente sanguínea. 

Em vez de submeter os pacientes a questionários frequentes, os pesquisadores utilizaram exames de sangue, “o que aumentou a validade científica dos resultados”, observou Dr. Richard Isaacson, diretor da Clínica de Prevenção de Alzheimer na Cornell Medicine em Nova York e co-autor do estudo. “Esse estudo é importante porque ele mostra evidências de que a o consumo frequente de gordura trans pode aumentar o risco de Alzheimer”, acrescentou Isaacson à CNN

“Este estudo demonstra que há um resultado negativo para nosso cérebro, além do impacto ao coração, que está relacionado à dieta rica em gordura trans”, acrescentou o neurologista Dr. Neelum T. Aggarwal, também envolvido no estudo. 

Durante o estudo, 377 participantes desenvolver algum tipo de demência e o alto nível de ácido elaídico, que é a gordura trans, no sangue foi significativamente associado a maior risco de desenvolver demência. “Os resultados sugerem que o ácido elaídico [gordura trans] mais elevado no sangue é um possível fator de risco para o desenvolvimento de demência por todas as causas em idade adulta. As políticas de saúde pública para reduzir a gordura trans produzida industrialmente podem ajudar na prevenção primária da demência”, concluiu o estudo. 

Os pesquisadores afirmam que os participantes que tinham o costume de consumir doces industrializados tiveram um aumento do nível de gordura trans no sangue. Outros alimentos que são “fortes contribuidores” são margarina, doces industrializados, croissants e outros pães industrializados, sorvetes de massa e biscoitos vendidos em supermercados.

Por que gordura trans é perigosa?

Enquanto especialistas aconselham o consumo da gordura insaturada, a famosa “gordura boa”, e liberam a gordura saturada com moderação, encontrada nas carnes e manteiga, nenhum especialista encoraja o consumo da gordura trans. 

Por aumentar o colesterol “ruim” (LDL) e ainda reduzir o colesterol “bom” (HDL), o que pode acarretar diversos problemas cardiovasculares, não há quantidade segura para ser consumida. Estudos comprovam que a gordura trans está relacionada ao aumento do risco de doenças cardíacas, como derrame, infarto, entre outros males.

Com tantas evidências de que essa gordura não é saudável, a indústria tem diminuído sua utilização de forma expressiva. Mas ela ainda é usada porque “é mais barata, dá mais sabor ao alimento e aumenta o prazo de validade”, conforme explicou a nutricionista do Idec, Laís Amaral, ao HuffPost em junho deste ano. 

A gordura trans é formada por um processo químico no qual óleos vegetais são transformados em ácidos graxos trans. Esse processo confere sabor e crocância marcantes.

A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), órgão que regulamenta o setor, discute formas de restringir o uso da gordura trans em alimentos. No ano passado, houve uma reunião para discutir sobre o tema e a agência prevê uma consulta pública ainda para este ano. 

A agência tem duas opções em análise: a primeira é impor limites máximos de gordura parcialmente hidrogenada e a segunda é a total proibição.


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