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Gilmar Mendes ataca conluio entre imprensa e Lava Jato: ‘Vocês criaram falsos heróis’

Publicado em 11/10/2019 12:00 -

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“Vocês criaram falsos heróis”, afirmou aos jornalistas o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes, sobre os procuradores da Lava Jato e o ex-juiz e atual ministro Sergio Moro. Na noite do último dia 7, ao participar do programa Roda Viva, na TV Cultura, Gilmar Mendes fez críticas severas ao papel da imprensa corporativa desde 2014, que se empenhou em proteger a operação das acusações de atuação ilegal.

“Vocês mesmos na imprensa acabaram por deletar o trabalho que o Supremo fez com o mensalão. Tudo passou a ser Lava Jato. É um lavajatismo militante. Eu não quero personalizar mas muitos de vocês assumiram esse papel. E nós temos que ter, na verdade, em uma democracia também uma mídia crítica”, afirmou.

“Todos nós devemos querer e devemos encorajar o combate à corrupção. Mas eu tenho dito também que não se combate o crime cometendo o crime. Se não houvesse o Intercept muito provavelmente daqui a pouco nós teríamos pessoas vendendo operações, fazendo coisas a que estavam fazendo como forçando as pessoas a comprarem palestras. Tudo isso não é republicano. Isso nada tem a ver com um sistema que seja digno do sistema judicial”, afirmou, lembrando a atuação do procurador federal Deltan Dallagnol, que arrecadou dinheiro com palestras.

As críticas à operação Lava Jato permearam toda a entrevista. “Também essa integração, essa mistura de juiz e promotor que foi revelada não tem nada a ver com o nosso sistema. Então, precisamos corrigir isso. Prosseguir contra a corrupção, mas dentro de um quadro de normalidade institucional, menos personalista. É isso o que se deseja. Quando a Lava Jato acerta, tem que se dizer que ela acerta, agora quando ela erra, tem que se dizer que ela erra. E nesse ponto nós estamos vendo o quê? Excesso”.

O ministro foi indagado também sobre a prisão após condenação em segunda instância, os jornalistas tentaram fazer a defesa desse instrumento, que tem sido reconhecido como abusivo por algumas frentes judiciais. Mendes disse a “possibilidade” da prisão após segunda instância foi convertida em “imposição” desse tipo de prisão, o que a tornou abusiva no país, depois que uma súmula da Justiça Federal em Curitiba e o TRF4, e atropelou o andamento das discussões judiciais. A prisão em segunda instância se tornou um instrumento de “totalitarismo penal”, defende Mendes.


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