23/04/2024 - Edição 540

Brasil

Cadê o pobre na equação?

Publicado em 03/10/2019 12:00 -

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Após quase dois anos, o Bolsa Família voltou a ter fila de espera para quem deseja entrar no programa que transfere renda para pessoas em situação de pobreza e de extrema pobreza. Com parte do orçamento congelado, o ministro da Cidadania do governo Bolsonaro, Osmar Terra, declarou que o número de novas famílias incluídas no projeto tem diminuído nos últimos meses.

Além do ministro, a informação também foi dada por integrantes da CMO (Comissão Mista de Orçamento) do Congresso, em reunião ocorrida há alguns dias, segundo reportagem de Thiago Resende, na Folha de S.Paulo.

“Conseguimos terminar com a fila. Agora está voltando a fila de novo em função da nossa dificuldade orçamentária”, disse Osmar Terra. “Nos últimos meses, houve redução no número de inclusões de famílias”, reconheceu. A fila de espera se forma quando as respostas demoram mais de 45 dias.

Neste ano, a equipe econômica do governo de Jair Bolsonaro congelou cerca de R$ 1 bilhão, de um total de quase R$ 5 bilhões, para as atividades da pasta responsável pelo programa. Portanto, o Bolsa Família está funcionando no limite de seu orçamento.

Até agosto foram gastos R$ 20,9 bilhões, uma média de R$ 2,6 bilhões por mês. Com esse ritmo, o dinheiro reservado —R$ 29,5 bilhões— pode não ser suficiente até o fim do ano. A cobertura chegou a 14,3 milhões de famílias em maio e, desde então, registra seguidas quedas, atendendo 13,5 milhões em setembro.

Para 2020, Jair Bolsonaro já anunciou um cenário ainda mais enxuto para o programa social. O projeto de Orçamento elaborado pelo presidente prevê o mesmo montante que em 2019 (cerca de R$ 29,5 bilhões), o que não incluiu aumento do benefício pela inflação nem o 13º, uma das principais campanhas de Bolsonaro para o programa.

Análise

O dinheiro é curto. Ainda assim, é possível fazer escolhas. Mesmo na carência. O governo Bolsonaro ainda não conseguiu pôr os pobres na sua equação. Notem que não faço juízo de valor. Trata-se apenas de um fato.

E, vejam que coisa!, onde os muito pobres estão, que é o Bolsa Família, começa a faltar dinheiro.

Faltam dinheiro e juízo.

Governos conservadores tendem a uma certa idiotia na área de assistência social que se confunde com insensibilidade, alienação e cinismo. E talvez não faltem esses componentes a se juntar à idiotia.

Corte-se de qualquer outro lugar, mas se mantenha o único programa destinado a minorar os extremos da pobreza. Em vez disso…

Claro! Sempre se pode acenar para essa gente com aquela história que Delfim Netto não disse sobre o crescimento do bolo…

Só não enrosquem depois com os eleitores, por favor.

Observem que todos os programas sociais relevantes que há no Brasil, mesmo que em declínio por falta de verba, são aqueles criados pelo Prisioneiro de Curitiba.

As nossas elites gostam de reclamar do povo. Mas nunca se perguntam a quem, afinal, o povo pode reclamar.

Ele acaba reclamando nas urnas.


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