24/04/2024 - Edição 540

Mato Grosso do Sul

Reinaldo Azambuja elogia bombeiros e agradece apoio de SP e DF no combate aos incêndios em MS

Publicado em 02/10/2019 12:00 -

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Ao participar da cerimônia de desmobilização da força-tarefa que combateu por 13 dias os focos de calor na região do Pantanal e sua borda, em quatro municípios, o governador Reinaldo Azambuja agradeceu o apoio dos governos de São Paulo e do Distrito Federal e também ao Exército, pela cedência de bombeiros e aeronaves. A parceria foi essencial para uma ação mais efetiva diante da situação crítica devido a extensão das queimadas.

“Fiz questão de estar aqui nesse momento de celebrar resultados e de reconhecimento pelo esforço de cada um de vocês (bombeiros) para externar a nossa gratidão a essa maravilhosa tropa e aos parceiros, que foram muitos”, afirmou o governador, ao falar aos mais de 350 bombeiros do Estado e do Distrito Federal que atuaram na Operação Pantanal, desde o dia 20 de setembro. “Vocês, mais uma vez, conquistaram o reconhecimento da sociedade”, disse.

O ato de desmobilização da força-tarefa foi realizado nesta terça-feira (1/10), no quartel do Centro de Proteção Ambiental (CPA) do Corpo de Bombeiros do Estado, no Parque das Nações Indígenas, na Capital. Na oportunidade, foi lida uma referência elogioso do comando do CBMS a todos os combatentes, dentre os quais os comandantes da base operacional da ação, com sede em Aquidauana, os coronéis Huesley Paulo da Silva (MS) e Márcio Ferreira da Silva (DF).

Parceria de resultados

Em sua fala, o governador Reinaldo Azambuja lembrou dos momentos tensos que o Estado vivenciou na segunda quinzena de setembro, com o registro de até 600 focos de calor em um dia, e destacou a solidariedade e o comprometimento dos governos de São Paulo e do Distrito Federal em enviar reforço de homens e viaturas. “O governo do Distrito Federal, mesmo com os problemas de focos em sua região, foi parceiro e nos atendeu prontamente”, citou.

Reinaldo Azambuja também agradeceu ao ministro de Desenvolvimento Regional, Gustavo Canuto, o apoio operacional e financeiro do governo federal, e a integração do Ibama e seus brigadistas à operação. “Tivemos o pior inverno dos últimos 11 anos, nos obrigando a decretar uma situação de emergência para que houvesse uma mobilização de todos os órgãos e meios. O esforço conjunto nos ajudou a defender esse Patrimônio da Humanidade, que é o Pantanal”, destacou.

O comandante do Corpo de Bombeiros de MS, coronel Joílson Alves do Amaral, enfatizou o espírito guerreiro e solidário dos bombeiros e citou que a presença do governador Reinaldo Azambuja ao ato de desmobilização da força “é o reconhecimento ao nosso trabalho”. Ele destacou duas ações do Estado, que considerou fundamentais, para o sucesso da operação: o apoio do governo federal e o emprego das aeronaves do Distrito Federal e de São Paulo.

Combate ao fogo no braço

O combate em linha de frente aos incêndios florestais exigiu muito além dos limites físicos e técnicos dos bombeiros de MS e do DF, no enfrentando a um terreno de difícil acesso, como em algumas regiões montanhosas e de brejo do Pantanal. O apoio aéreo, além do lançamento de água, tornou a ação mais efetiva com o deslocamento rápido dos bombeiros para áreas inacessíveis por terra. O resultado foi a extinção dos focos, com a ajuda das chuvas.

Em quase duas semanas da Operação Pantanal, muitos combatentes do fogo se destacaram pelas boas práticas e desprendimento. Um deles foi o 1º tenente bombeiro Lucas Medrado Campos, 34, citado na fala do coronel Huesley Silva. Ele foi deslocado com mais sete homens para combater um grande incêndio na fazenda Porto Ciríaco, na beira do Rio Aquidauana, entre Corumbá e Aquidauana, e o cenário encontrado foi de muito pânico.

“Era uma linha de fogo de pelo menos 10 quilômetros indo em direção da sede da fazenda, onde, além dos moradores, havia 600 cabeças de gado e um reservatório com seis mil litros de diesel”, contou Medrado. “Depois de um sobrevoo, entramos em ação para salvar a sede, o fogo cercou o local e o combatemos por mais de nove horas sem descanso. Foi uma coisa terrível, o fogo brotava do esterço do gado, mas o vencemos no braço”, disse, orgulhoso.

Integração dos órgãos

Para o coronel bombeiro Márcio Ferreira da Silva, 44, do Distrito Federal, a participação na Operação Pantanal foi uma experiência ímpar, que será incorporada no aprendizado de sua tropa, acostumada a grandes desafios. “A união dos órgãos nos surpreendeu e foi decisiva para o sucesso da operação, onde ficou marcada a hospitalidade e o engajamento dos moradores e a ajuda dos fazendeiros, que colocaram suas estruturas a nossa disposição”, comentou.

Presentes ao ato realizado no CPA do Parque das Nações Indígenas o secretário Jaime Verruck e o secretário-adjunto Ricardo Senna, da Semagro (secretaria estadual de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar); deputado José Carlos Barbosa; tenente-coronel Fábio Catarinelli, coordenador da Coordenadoria Estadual de Defesa Civil (Cedec/MS), e representantes do Ibama e do Imasul, além do alto comando do CBMS.

Cerrado

Depois de aumentos alarmantes em julho e agosto, os números de queimadas na Amazônia diminuíram em setembro em relação ao mesmo mês do ano passado, segundo dados divulgados pelo Instituto Nacional de Pesquisa Espacial (Inpe). Focos de incêndios em outros biomas, porém, cresceram no mesmo período.

Segundo o Inpe, em setembro, foram registrados 19.925 focos de incêndios na Amazônia, o que representa uma queda de 19,66% em relação ao mesmo mês de 2018, quando houve mais de 24 mil focos. Já em relação a agosto, a queda foi de 35,52%.

Historicamente, setembro costuma ser um mês em que há aumento no número de queimadas na Amazônia. De acordo com especialistas, a redução ocorreu devido ao envio de militares para combater o fogo na região.

Diante do recorde de focos de incêndios registrados em julho e agosto e da pressão internacional, o presidente Jair Bolsonaro proibiu queimadas na região por 60 dias e enviou militares para ajudar a combater os incêndios.

Em relação ao acumulado no ano, o número de queimadas nos primeiros nove meses chegou a 66.750 e já bateu a quantidade registrada em todo o ano de 2018. Em relação a janeiro e setembro de 2018, houve um aumento de 42,11%, quando no ano passado foram registrados 46.968 focos.

O Inpe, no entanto, alertou para o aumento do desmatamento na região. Entre 1º e 19 de setembro, a Amazônia perdeu 1.173 quilômetros quadrados de cobertura vegetal, 58,65% a mais do que no mesmo período de 2018.

Apesar da queda na Amazônia, as queimadas aumentaram em setembro em outras regiões do país. O bioma mais afetado no momento é o cerrado, onde os focos dobraram, passando de 11.467 em setembro de 2018 para 22.989 em 2019.

Grandes altas foram registradas ainda na Mata Atlântica, com 4.333 mil focos em setembro de 2019 contra 2.309 no mesmo mês do ano passado, um aumento de 87,65%, e no Pantanal, com 2.887 mil focos em setembro de 2019 contra 785 no mesmo mês do ano passado, um aumento de 267,7%.

Já no Pampa, houve um aumento de 307,4%, passando de 67 focos em setembro de 2018 para 273 no mesmo período deste ano. Somente na Caatinga, as queimadas se mantiveram estáveis em cerca de 2,8 mil focos.


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