29/03/2024 - Edição 540

Viver Bem

Por que os mosquitos preferem morder algumas pessoas?

Publicado em 01/10/2019 12:00 -

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Você com certeza já passou por isto: no cair da tarde, alguém começa a reclamar de pernilongos, mas você nem se deu conta. A explicação é simples: os insetos são seletivos, e algumas pessoas os atraem mais que outras.

Alguns fatores estão envolvidos: em um estudo do Journal of Medical Entomology, os insetos escolheram as pessoas com sangue tipo O duas vezes mais que nas pessoas com sangue tipo A. Os pesquisadores observaram que isso está relacionado às secreções que produzimos, que ajudam os insetos a identificar nosso tipo sanguíneo.

Ainda são necessárias mais pesquisas sobre essa potencial preferência, diz Jonathan F. Day, professor de entomologia da Universidade da Flórida. Mas ele concorda que os pernilongos são atraídos por certos sinais de nosso organismo.

“Esses sinais indicam que existe uma fonte de sangue”, afirma Day. “Talvez o CO2 seja o mais importante. A quantidade de CO2 que você libera está relacionada a altos índices metabólicos. Quanto mais CO2 você libera, mais atrai esses artrópodes.”

Mas então por que eles não vão atrás de carros, que emitem quantidades enormes de CO2? Day diz que eles procuram sinais “primários e secundários”.

O ácido lático – que está associado à dor que sentimos quando fazemos esforço físico intenso – é uma dessas pistas secundárias.

O ácido lático é liberado pela pele, indicando aos insetos que somos um alvo potencial, afirma Day. 

E os insetos têm outras qualidades que ajudam a identificar esses sinais secundários.

“Os pernilongos têm uma visão excelente, mas voam perto do chão para fugir do vento”, diz Day. “Eles identificam o nosso contraste com o horizonte, então a roupa que você está usando faz diferença. Se estiver usando roupas escuras, o contraste será maior. Cores mais claras ajudam a evitar picadas.”

Depois de pousar na sua pele, o inseto procura “sinais táteis”.
“O calor do corpo é um sinal tátil muito importante”, afirma Day. “E existem diferenças genéticas e fisiológicas. Algumas pessoas têm temperatura corporal um pouco mais alta – quando o pernilongo pousa no seu braço, por exemplo, ele busca a área em que o sangue esteja mais próximo da pele.” Ou seja, os lugares do seu corpo que têm temperatura ligeiramente mais alto são mais propensos a levar picadas.

Outros fatores, como estilo de vida e saúde, também podem ter influência, diz Melissa Piliang, dermatologista da Cleveland Clinic. 

“Se você estiver se exercitando ou se mexendo muito, ou então se está tomando bebidas alcoólicas, vai atrair mais insetos”, afirma Piliang. “Grávidas e pessoas acima do peso também têm metabolismo mais acelerado.” 

Outro estudo mostrou que uma pessoa que tomou uma única latinha de cerveja tinha mais chance de atrair pernilongos que outra que não ingeriu álcool.

Como evitar picadas de mosquitos

O fato de ser mais atrativo para os mosquitos não quer dizer que você tenha de sofrer e ficar coberto de picadas. 

“Uma das melhores dicas é evitar as horas do dia em que os insetos estão mais ativos”, diz Day. “Pouquíssimas espécies estão ativas no meio do dia. Os insetos são muito seletivos. O nascer e o por do sol são os horários preferidos deles.” 

É claro que isso não ajuda no churrasco que se estende da tarde até à noite. Nesses casos, o ideal é cobrir o corpo o máximo possível.

“Existem tecidos que respiram bem e mantêm os insetos longe da pele”, afirma Day. “Procure repelentes que têm longa duração – entre a aplicação e a primeira mordida. Os produtos que contêm cerca de 5% de DEET em geral oferecem 90 minutos de proteção.”

O DEET é um ingrediente comum nos repelentes, e Piliang recomenda os que vêm em formato de spray. Apesar das controvérsias a respeito dos efeitos do DEET na saúde, uma análise de estudos científicos realizada em 2014 pela Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos concluiu que o uso de produtos que contêm o químico não oferecem riscos à saúde ― incluindo crianças, grávidas e mulheres que estão amamentando.

“O DEET é [a solução] mais eficaz”, afirma Piliang. “Aplique uma quantidade pequena, e depois a retire no banho.” Ela também recomenda ler as instruções com atenção e sempre ajudar as crianças na hora da aplicação.

E as velas com repelentes naturais, como a citronela? Por enquanto, não há estudos que comprovem sua eficácia. Melhor ligar o ventilador ou procurar uma área com vento. “Os insetos não gostam do vento”, diz Piliang.

A reação às picadas também variam de pessoa para pessoa. “Tudo depende de quão alérgico você é aos químicos presentes na saliva dos insetos. E também isso varia conforme o inseto”, afirma Piliang.

Se a picada estiver coçando, resista à tentação.

“Coçar libera mais histaminas, o que só piora a coceira”, diz ela. “Outro risco é romper a pele e causar sangramentos, o que gera o risco de infecções e cicatrizes.”

Uma solução para a coceira é colocar um cubo de gelo sobre a picada. “A sensação do frio viaja pelos mesmos nervos da coceira, e você não vai sentir as duas ao mesmo tempo”, diz Piliang. 

Se você tomou muitas picadas, ela recomenda um creme que contenha hidrocortisona. “Você pode aplicá-lo duas ou três vezes por dia para reduzir a coceira.”

“O último recurso é tomar um anti-histamínico”, acrescenta Piliang. “Eles ajudam a conter a reação alérgica.”

Alguns tipos podem causar sonolência, então tome esse tipo de remédio somente à noite. Durante o dia, procure aqueles que não causam torpor.

Mas prevenir é sempre melhor que remediar. Então lembre-se dessas dicas da próxima vez que estiver num lugar onde há risco de pernilongos.


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