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CNI-Ibope: 55% dos brasileiros não confiam em Bolsonaro

Publicado em 27/09/2019 12:00 -

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Jair Bolsonaro mantém sua popularidade no geral, mas é reprovado por 50% população na maneira de governar, e tem a desconfiança de 55% dos brasileiros. É o que diz a pesquisa CNI-Ibope, divulgada no último dia 25, que aborda, também, os índices de aprovação em relação à temáticas de segurança pública, saúde, meio ambiente e questões econômicas.

A pesquisa foi realizada entre os dias 19 e 22 de setembro, e abordou 2 mil pessoas em 126 municípios. Cerca de 34% avaliaram o governo como ruim ou péssimo, um crescimento de 2 pontos percentuais em relação à última pesquisa, que foi divulgada em junho. Bolsonaro também manteve-se estável em relação a sua aprovação: 31% o julgam ótimo ou bom, apenas um ponto percentual abaixo da última pesquisa.

A aprovação do governo na atuação das políticas públicas ainda tem amparo da maioria somente na área da segurança pública, a melhor avaliada por 51% dos entrevistados. As políticas relativas a impostos, taxa de juros, combate ao desemprego e saúde foram as com maiores índices de reprovação registrados, variando entre 58% e 62% nesses tópicos.

A insatisfação com as políticas sobre meio ambiente, por outro lado, foi a que obteve maior aumento significativo: a desaprovação subiu 10 pontos percentuais (45% para 55%) entre junho e setembro. O noticiário sobre as queimadas na Amazônia e demais temáticas do assunto também foi o mais lembrado pelos entrevistados, apontou a pesquisa.

Em relação ao perfil de apoiadores ou críticos, a pesquisa mostrou que a popularidade de Bolsonaro caiu nas regiões Sul e Sudeste, mas continua crescendo no Norte e Centro-Oeste. No Nordeste, 47% avaliam o governo como ruim ou péssimo e 20% como ótimo ou bom.

A popularidade do presidente caiu mais entre jovens com idade entre 16 e 24 anos, cuja avaliação de ótimo/bom caiu de 32% para 24%. As mulheres são mais descrentes em relação a melhora do governo: a perspectiva delas da situação avançar para ótimo ou bom caiu 4 pontos percentuais e parou em 34%. Entre os homens, 44% ainda mantém essa confiança.

Estorvo

A pesquisa confirma a tendência de queda na popularidade do governo de Jair Bolsonaro, avaliado como ótimo ou bom por 31% dos entrevistados. Há nas dobras da sondagem algo mais preocupante para o presidente: sua imagem pessoal descola-se do conceito atribuído ao governo. Tomado pelas estatísticas, Bolsonaro é visto pelo eleitorado como um estorvo para sua própria administração.

A desaprovação de Bolsonaro atingiu patamares inéditos. Metade dos brasileiros (50%) desaprova a forma de o presidente governar. A taxa de desaprovação era de 40% em abril e 48% em junho. O índice dos que aprovam desce o elevador: 51% em abril, 46% em junho, 44% agora.

Também a taxa de confiança no presidente sofre um processo de declínio gradativo. Disseram não confiar em Bolsonaro 55% dos eleitores ouvidos pelo Ibope. Em abril, a taxa de desconfiança era de 45%. Em junho, 51%. Na outra ponta, disseram confiar em Bolsonaro 42% dos entrevistados.  Eram 45% em abril, 51% em junho).

Não há no horizonte político nada que facilite a tarefa de Bolsonaro de restaurar sua imagem. Governar é acumular contrariedades. A reversão da curva depende da economia, pois não há popularidade sem prosperidade. E o governo do capitão demora a superar a herança da cleptogestão empregocida de Dilma Rousseff, sucedida pelo entreato bandalho de Michel Temer.

A recuperação é bem mais lenta do que o falatório da campanha fazia supor. Bolsonaro faria um bem a si mesmo se criasse menos problemas para o ministro Paulo Guedes (Economia). Na melhor das hipóteses, o presidente poderia equipar-se para colher bons indicadores econômicos nos dois anos finais de sua gestão. Para isso, teria de fechar a usina de crises e parar de errar. Algo que não é do seu feitio.


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