29/03/2024 - Edição 540

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Administrador de grupos de fake news critica Bolsonaro: “Nem com o PT a Lava Jato esteve tão ameaçada”

Publicado em 13/09/2019 12:00 -

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De Portugal, ele administrou mais de 50 grupos de whatsapp, que atingiam cerca de 10 mil pessoas, propagando fake news durante a campanha política de Jair Bolsonaro para a Presidência da República em 2018. Mas, passados pouco mais de 8 meses, Carlos Nacli parece estar arrependido e, em entrevista Affonso Benites no jornal El País, critica o governo, o senador Flávio Bolsonaro e o que ele considera como ameaças à Lava Jato, “para nós, o estandarte de esperança” no país.

“É com muita tristeza que digo que nem no Governo do PT a Lava Jato esteve tão ameaçada”, disse o ex-empresário de lutas de vale-tudo, que teve a identidade revelada em reportagem da revista Fórum durante as eleições.

Segundo ele, tudo começou com a “culpa” assumida pelo senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) ao acionar a Justiça para barrar as investigações no caso Queiróz.

“O senador Flávio Bolsonaro desde que foi pego no caso Queiroz ao invés de usar o lema tão defendido pelo seu pai “conhecereis a verdade e ela vos libertará” tem feito exatamente o contrário”, diz, ressaltando que o filho de Bolsonaro “está se protegendo pelo foro privilegiado e enrolando como pode o STF”.

“Isso para nós, que lutamos tanto em defesa da Lava Jato e a favor de uma limpeza no país, já serve como prova de culpa. Já diz o ditado: “Quem não deve não teme””.

Nacli diz ainda que as críticas sobre Flávio Bolsonaro, que por ter sido beneficiado pelo STF estaria relutando em assinar a CPI da Lava Toga, atingem diretamente o governo.

“Acredito que o Governo Bolsonaro tem que escolher qual lado ele quer ficar, se do lado do visível acordão comandado pelo centrão ou do lado do povo. O povo em sua maioria está cansado de ser enganado e manipulado e quanto mais tempo demorar para o Governo deixar claro qual lado está, maior será o desgaste”.

Fake News

Administrando grupos bolsonaristas durante as eleições, Nacli disse que a atuação nas redes é “voluntária”, para combater “notícias no mínimo tendenciosas para não falar maldosas no intuito de desconstruir o Bolsonaro”.

Ele admite que há uma guerra virtual nas eleições entre a “grande mídia tendenciosa” e a mídia nas redes sociais, “onde tem de tudo, mas com certeza é mais democrática e está se mostrando mais poderosa”. “Temos a certeza que esse efeito multiplicador das redes sociais é mais forte que qualquer grande grupo, ainda mais quando eles lançam notícias maldosas. Em resumo, nosso trabalho aqui é fazer o feitiço virar contra o feiticeiro”, diz.

Ele disse ainda ter se mudado para Portugal – país administrado por uma coalizão política de esquerda – porque o “Brasil está muito ruim”. “Lá, independentemente de ideologias, o básico que todo ser humano deveria ter, tem”, diz, antes de declarar que não pretende voltar ao Brasil, mesmo com uma vitória de Bolsonaro.


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