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Datafolha: Moro supera a aprovação de Bolsonaro em 25 pontos

Publicado em 06/09/2019 12:00 -

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Três dias após divulgar índices de aprovação do governo de Jair Bolsonaro, considerado “ótimo” ou “bom” por 29% dos entrevistados, o Instituto Datafolha divulgou nesta quinta-feira 5 um levantamento sobre a avaliação de ministros pela população. O titular da pasta da Justiça e Segurança Pública, o ex-juiz da Lava Jato Sergio Moro, apareceu com os melhores resultados da Esplanada: 94% dos entrevistados disseram conhecê-lo e 54% consideram sua gestão como “ótima” ou “boa”. Outros 24% a consideram “regular”, 20% responderam que é “ruim” ou “péssima” e 2% não opinaram.

Em outros índices, Bolsonaro teve 38% de reprovação entre os entrevistados e 30% classificaram seu mandato até aqui como “regular” (2% também não responderam). O Datafolha ouviu 2.878 pessoas em 175 municípios de todas as regiões do país e divulgou que o nível de confiança da pesquisa é de 95%.

Embora siga como a mais alta, a taxa de aprovação de Moro apresenta trajetória de queda desde o início do mandato. Em abril, pesquisa semelhante feita pelo mesmo instituto resultou em 63% de boas avaliações, enquanto outro levantamento de julho teve 55%.

Desde junho, diálogos obtidos pelo site The Intercept são divulgados na imprensa expondo conversas de procuradores de Lava Jato e levantando questões sobre decisões de Moro. O Datafolha não apresentou dados específicos sobre esse tema no levantamento divulgado nesta quinta, mas, em julho, 58% reprovaram sua conduta em conversas com procuradores da Lava Jato e disseram que suas decisões como juiz deveriam ser revistas, mas 55% eram contra ele deixar o cargo.

Entre outros ministros, o mais conhecido depois de Moro é Paulo Guedes (Economia), com 81%. Guedes é também o mais bem avaliado, com 38% dos entrevistados avaliando sua gestão como “boa” ou “ótima”. A seguir, aparecem com as maiores taxas de aprovação: Tarcísio de Freitas, da Infraestrutura (36%); Ricardo Salles, do Meio Ambiente (30%); e Abraham Weintraub, da Educação (29%).

Ricardo Salles, do Meio Ambiente, teve suas avaliações positivas reduzidas em doze pontos desde julho, coincidindo com o período de repercussão internacional sobre queimadas na Amazônia.

Popularidade de sub-Moro transtorna Bolsonaro

Moro vive um inusitado paradoxo: Popularíssimo na sociedade, ele se tornou um ministro impopular no gabinete do presidente da República, cujo prestígio declina. O atrito de Bolsonaro com Moro se deve a dois sentimentos nocivos: a inveja e o medo.

Os governos costumam ter um excesso de cabeças e carência de miolos. O governo de Bolsonaro sofre do mesmo mal, só que opera com uma cabeça só. Bolsonaro é o tipo de político que segue a teoria da palmeira única. Não convive muito bem com a ideia de dividir o gramado com outra palmeira, sobretudo se essa outra árvore tem quase o dobro do seu prestígio.

Da inveja para o medo é um pulinho. O presidente passou a enxergar o ex-juiz da Lava Jato como um potencial rival na sucessão de 2022. Corre o risco de transformar a neurose em realidade. Até outro dia, o sonho de Sergio Moro era fazer um bom trabalho no ministério e ganhar uma poltrona no Supremo Tribunal Federal. Empurrado para escanteio, nada impede que passe a enxergar na política sua melhor alternativa.

A mesma pesquisa que exibe a musculatura de Sergio Moro informa que os ministros Paulo Guedes, com 38% de aprovação; e Tarcísio de Freitas, com 36%, também colecionam índices de popularidade acima dos 29% atribuídos a Bolsonaro.

No momento, além de ser um sub-Moro, o presidente está empatado com o ministro das queimadas, Ricardo Salles (aprovação de 30%), e o ministro do marxismo cultural, Abraham Weintraub (29%). Bolsonaro talvez fizesse um bem a si mesmo se esquecesse 2022 para se concentrar no essencial no presente: a recuperação da economia.


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