20/04/2024 - Edição 540

Mato Grosso do Sul

‘Em briga de marido e mulher se mete a colher, sim’, defende Reinaldo Azambuja

Publicado em 28/05/2019 12:00 -

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O governador Reinaldo Azambuja disse que é necessária a participação de toda a sociedade na proteção de mulheres vítimas de violência. “Em briga de marido e mulher se mete a colher, sim”, defendeu ele no lançamento da Campanha de Combate ao Feminicídio em Mato Grosso do Sul.

Tipificado em 2015, o feminicídio é o assassinato de mulheres – motivado por violência doméstica ou discriminação de gênero. É única modalidade de crime que cresceu no Estado no primeiro quadrimestre de 2019, na comparação com o mesmo período do ano passado. As estatísticas foram reveladas por Reinaldo Azambuja.

“Reduzimos índices de vários crimes: 38% menos roubos a estabelecimentos comerciais; 28% menos latrocínios; 28% menos roubos a veículos; e 13% menos homicídios dolosos. Mas no feminicídio tivemos aumento de 8,33%; e nas tentativas de feminicídio aumento de 100%”, lamentou o gestor.

Para ele, o “despertar” da sociedade no combate à violência contra a mulher ocorre com a união entre o poder público e as pessoas. “O Governo faz campanha publicitária e convoca instituições, mas precisamos da participação de todos para evitar que mulheres continuem sendo vítimas, principalmente dentro do lar. Quem ama não mata”, frisou o governador.

Conscientização

Por meio da Campanha de Combate ao Feminicídio em MS, o Governo do Estado busca informar e conscientizar a sociedade civil sobre as formas de violência contra a mulher e suas consequências, como o feminicídio. Serão realizadas diversas atividades pelos 79 municípios: caminhadas, panfletagens, blitzes educativas, palestras e rodas de conversa. É prevista a participação da atriz e ativista Luiz Brunet na campanha.

“Nosso objetivo é unir esforços no engajamento, nesta luta de combate à violência de gênero. O País registra a cada duas horas um feminicídio (…) Em Mato Grosso do Sul, só em 2019, foram 16 mortes violentas de mulheres com idades entre 17 e 56 anos. Três delas indígenas”, revelou a subsecretaria de Cidadania de MS, Luciana Azambuja.

No Estado, a Lei 5.202, de autoria do Executivo, instituiu o dia 1° de junho como “Dia Estadual de Combate ao Feminicídio”. A normativa também regulamenta a “Semana Estadual de Combate ao Feminicídio”. Desde que a lei passou a vigorar em 2018, 124 mulheres morreram em Mato Grosso do Sul. Outras 160 mulheres sobreviveram as tentativas de feminicídio.

“Não podemos mais tolerar essa realidade. Precisamos do engajamento de todos, chamar a atenção de todas as pessoas e levar esse trabalho de conscientização para todos os municípios de Mato Grosso do Sul”, afirmou a primeira-dama Fátima Azambuja, que também participou do lançamento da campanha estadual.

Organização

A Campanha de Combate ao Feminicídio em Mato Grosso do Sul é realizada em conjunto pelo Executivo, Legislativo e Judiciário. Os principais parceiros da iniciativa são a Assembleia Legislativa do Estado (ALMS), o Tribunal de Justiça (TJMS), o Ministério Público Estadual (MPMS) e a Defensoria Pública.

Durante o lançamento da campanha, o CEO da empresa VSK Tactical, Marcellus Ferreira Pinto, doou para a Delegacia da Mulher de Campo Grande um veículo da marca Jeep, modelo J8, para ser utilizado nas ações de combate à violência contra a mulher. A nova viatura já está equipada com giroflex, lâmpadas de led e sirene – adaptada para patrulhamento em áreas urbana e rural.

Brunet

Mato Grosso do Sul terá como madrinha da Campanha Estadual de Combate ao Feminicídio, a atriz Luiza Brunet. O anúncio foi feito pelo governador.

Na semana de 1 a 7 de junho serão realizadas várias ações como palestras, panfletagens, eventos e debates para discutir o feminicídio como a maior violação dos direitos humanos contra as mulheres. No dia 1º de junho, às 8h, haverá uma caminhada que contará com a participação da madrinha Luiza Brunet, com concentração na frente da Governadoria, no Parque dos Poderes.

“A vinda da Luiza Brunet, atriz e modelo reconhecida internacionalmente, que é do nosso Estado, da cidade de Itaporã, dá à nossa campanha uma visibilidade muito maior, representando todas as mulheres que infelizmente são vítimas de violência doméstica, lembrando que não existe classe social, idade, raça ou nível educacional para a vítima. Ela própria foi vítima de violência e não se calou, não se envergonhou; ao contrário, tem se destacado como ativista pela defesa dos direitos das mulheres. E nós reafirmamos a necessidade de falarmos sobre combate à violência de gênero nessa e em outras campanhas, a exemplo do programa Maria da Penha vai à Escola, para que tenhamos mudanças comportamentais na sociedade: que tenhamos homens que não sejam agressores e mulheres que não sejam vítimas. O Governo do Estado não mede esforços no enfrentamento à violência contra mulheres e meninas”, disse o governador Reinaldo Azambuja.

A meta da campanha é que a divulgação se multiplique e que as pessoas abracem a causa, levando informação a todos os cantos do Estado, desconstruindo assim a cultura machista e patriarcal existente em nossa sociedade.

Dia 1º de junho, Dia Estadual de Combate ao Feminicídio

A data rememora a morte da jovem Isis Caroline, ocorrida por estrangulamento no dia 1º de junho de 2015 e registrada como primeiro feminicídio do Estado. Isis tinha 21 anos e havia se mudado do interior para Campo Grande para fugir do ex-companheiro, que inclusive tinha sido denunciado e preso por violência doméstica pelos crimes de estupro e cárcere privado no ano de 2014. O assassino foi preso e condenado a 26 anos de prisão em regime fechado. A vítima deixou duas filhas pequenas, que estão sendo criadas pela avó materna.


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