19/04/2024 - Edição 540

Brasil

Saneamento básico segue como problema do País, afirma IBGE

Publicado em 23/05/2019 12:00 -

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A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) constatou que a falta de saneamento básico e de destinação adequada para o lixo seguem como os maiores problemas das moradias brasileiras, com impacto considerável na saúde da população.

Divulgado nesta quarta-feira, 22, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), o trabalho revela que essas carências ficaram praticamente inalteradas nos últimos anos. São 72,4 milhões de brasileiros em residências que não estão ligadas às redes de esgoto.

“É um número ainda muito elevado de pessoas”, constatou Adriana Araujo Beringuy, analista do IBGE que apresentou os resultados.

De acordo com os números do IBGE, mais de 90% das casas brasileiras têm um banheiro de uso exclusivo. Um terço (33,7%) delas, porém, não tem escoamento do esgoto por rede, nem por fossa – um porcentual que permanece estável desde 2016. O número, no entanto, é muito mais alto no Norte (78,2%) e no Nordeste (55,4%) e bem mais baixo no Sudeste (11,4%).

“Na verdade, a situação tende a ser pior porque essa estatística é feita com base nas declarações dos moradores”, ressalta Adacto Benedicto Ottoni, do Departamento de Engenharia Sanitária e do Meio Ambiente da Uerj. “Em muitos casos, o esgoto está sendo despejado diretamente nas galerias de águas pluviais, e as pessoas acham que é rede de esgoto.”

Os números de 2018 mostram que era de 83,0% o porcentual de domicílios cujo lixo era coletado diariamente por um serviço de limpeza. Em 8,1% dos casos, o lixo era coletado em caçamba de serviço de limpeza, e em 7,5% das casas, queimado dentro da propriedade. No Norte e no Nordeste, mais uma vez, a situação é pior, ficando abaixo da média nacional: 70,8% e 69,6%. 

“O lixo que é queimado na propriedade é um grande problema”, explica Adriana Araujo Beringuy. “Ele contamina o solo, afeta as crianças que brincam ali naquele terreno.”

O porcentual de residências com abastecimento regular de água, contudo, é alto: 97,5%. Em 85,8% dos casos, a principal fonte de abastecimento era a rede geral de distribuição. Variações regionais persistem, mas são menores.

A cobertura de energia elétrica no País também é alta. Em 2018, estimou-se que 99,7% das residências – praticamente todas em tempo integral- tinham fornecimento regular de eletricidade.

Bens de consumo

A Pnad investigou também a existência de alguns bens de consumo nessas residências (geladeira, máquina de lavar roupa, automóvel e motocicleta). A geladeira foi encontrada na quase totalidade dos domicílios brasileiros: 98,0%, sendo que, em todas as regiões do país, o porcentual é sempre superior a 90%.

A posse de máquina de lavar apresenta maiores discrepâncias entre as grandes regiões, com média nacional de 65,1%. Os menores porcentuais estão na região Nordeste (36,2%) e Norte (42,8%), e os maiores no Sul (85,8%) e Sudeste (77,9%). No Brasil, 48,8% das residências possuem automóvel, 22,2% têm motocicleta e 11,1% ambos.

A Pnad fez ainda um levantamento sobre os moradores. Segue a tendência de queda da proporção de pessoas com menos de 30 anos: em 2012, eles eram 47,6% da população e, agora, representam 42,9%. A população acima dos 30 anos registrou crescimento, atingindo 57,1% no ano passado. A parcela de pessoas com mais de 65 anos representa 10,5% da população – confirmando o crescimento da proporção de idosos.

Sem esgoto

Dados do Conselho Estadual das Cidades (Consec) apontam que nove municípios de Roraima ainda não concluíram a elaboração do Plano Municipal de Saneamento Básico (PMSB). Outros já possuem plano, ou foram financiados pela Fundação Nacional de Saúde (Funasa) ou estão em fase final dos planos.

Na capital Boa Vista, apesar dos dados apontarem que o saneamento básico foi realizado, grande parte dos bairros, do lado mais rico até o lado mais periférico, ainda continua sem esgoto e drenagem. O bairro São Bento é um desses exemplos. Iniciado com uma invasão, os moradores vivem o dia a dia sem nenhum tipo de drenagem e esgotamento sanitário, e reclamam que a falta de assistência do poder público coloca a saúde dos moradores em risco.

Moradora do bairro há dois anos, a dona de casa Andressa Gonçalves Borges, de 18 anos, diz que o poder público tem agido com indiferença para as necessidades da região. “Época de inverno costuma ser sempre ruim para quem mora nessa parte. Não temos esgoto, ficamos alagados, mal temos condições de sobreviver e somos esquecidos pelo poder público”, reclama. Ela conta que construiu o banheiro fazendo um grande buraco no chão, com madeira, e afirma que gostaria de estar em melhor situação. “Meu marido está desempregado e eu também. E tenho dois filhos que vivem doentes por conta dessa desassistência”.


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