19/04/2024 - Edição 540

Campo Grande

Gestão do trânsito da capital vira case mundial

Publicado em 21/05/2019 12:00 -

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Um trabalho que teve início há oito anos com a participação de dezenas de entidades virou um case de sucesso reduzindo ano a ano os índices de acidentes e mortes na Capital e chamando a atenção da Organização Mundial de Saúde (OMS) – um órgão complementar da Organização das Nações Unidas (ONU).

A Organização Mundial da Saúde veio conhecer de perto o trabalho do Gabinete de Gestão Integrada de Trânsito (GGIT), que tem caráter consultivo e deliberativo e é composto por diversas entidades do campo da educação e segurança ligadas, principalmente, ao Governo do Estado de Mato Grosso do Sul e à prefeitura.

Segundo o consultor em Segurança Viária da Organização Pan-Americana da Saúde/Organização Mundial da Saúde (Opas/OMS), Victor Pavarino, o trabalho executado em Campo Grande é um modelo a ser seguido por outras cidades em todo o mundo, considerando as peculiaridades de cada lugar.

“Uma coisa que chamou bastante a atenção foi a forma como Campo Grande construiu esse comitê intersetorial. Ele se deu de uma forma muito abrangente, mais rico que do que em outras cidades. E mesmo com as trocas de governo, os programas estabelecidos conseguiram ter continuidade. Se repassava a direção, mas o comitê sobrevivia dando legitimidade às políticas públicas para o trânsito”, afirmou Pavarino.

Números comprovam o resultado do trabalho integrado. As mortes no trânsito caíram 34,1% em Campo Grande desde a criação do gabinete. Em 2011, foram 132; no ano passado, 87. Os melhores índices foram registrados a partir de 2015, sempre abaixo de 100 óbitos/ano.

Entre presidência, vice, secretariado e órgãos operacionais estão representadas no GGIT entidades como Batalhão de Polícia Militar de Trânsito (BPTran), Agência Municipal de Trânsito (Agetran), Conselho Estadual de Trânsito (Cetran), Departamento Estadual de Trânsito (Detran-MS), Agência Estadual de Gestão de Empreendimentos (Agesul), Secretária de Estado de Saúde (SES), Secretaria Municipal de Saúde (Sesau) e Polícia Rodoviária Estadual (PRE), além do Departamento de Polícia Rodoviária Federal (DPRF).

Outros órgãos do governo estadual também participam como convidados. É o caso da Agência Estadual de Regulação de Serviços Públicos (Agepan), Corpo de Bombeiros Militar (CBMMS) e Secretaria de Estado de Educação (SED).

De perto

Em abril, obras que passaram por investimento pesado do governo do Estado foram visitadas pelos representantes da Opas/OMS, como a rotatória da avenida Mato Grosso, com a Nelly Martins. Eles também verificaram a acessibilidade, acompanhando uma pessoa com deficiência visual e um cadeirante; a segurança, vendo de perto uma blitz da Polícia Militar contra o uso de bebidas alcóolicas por condutores; e o uso das ciclovias não apenas para passeio, mas como transporte efetivo.

Além dessas melhorias e das parcerias, o consultor Victor Pavarino também destacou uma participação importante em Campo Grande vinda de fora do GGIT: a da imprensa. “A forma com que a imprensa local ajudou na cobertura dos acidentes de trânsito, fornecendo explicações dada por técnicos e informando sobre as intervenções também tem ajudado muito a segurança no trânsito”, concluiu.

Investimentos

Os investimentos do Governo de Mato Grosso do Sul no trânsito da Capital reduziram os acidentes em importantes avenidas como a Euler de Azevedo, que foi revitalizada, e a Mato Grosso, na rotatória com a avenida Nelly Martins, que também recebeu investimento milionário do Estado.

Os dados do Gabinete de Gestão Integrada de Trânsito (GGIT) revelam ainda recuo de 22,33% no número de mortes no trânsito de Campo Grande, na comparação entre 2014 e 2018. Foram 112 mortes registradas em 2014; e 87, no ano passado.

Na Euler de Azevedo, a redução de acidentes com vítimas foi de 30,77% na comparação entre 2017 a 2018. Em 2017 foram 13, contra nove no ano passado. Com R$ 17,5 milhões de investimento do Fundersul, a Euler de Azevedo teve pista duplicada, o asfalto recapeado, recebeu sinalização e muretas de contenção. As obras atenderam antigas reivindicações dos moradores da região e motoristas.

Rotatória

Já na avenida Mato Grosso com a Nelly Martins, onde o trânsito praticamente parava nos horários de pico, o tráfego passou a fluir após a intervenção, enquanto os acidentes acabaram. Em 2017 foram dois acidentes com vítimas, enquanto um ano depois não foi registrado nenhum.

Trajeto diário de servidores públicos da Assembleia Legislativa, Tribunal de Justiça, Tribunal de Contas, Ministério Público Estadual e Governo do Estado e de moradores de bairros como Carandá Bosque e Jardim Veraneio, a melhoria na rotatória também influi no trânsito de outros locais.

De acordo com o consultor em Segurança Viária da Organização Pan-Americana da Saúde/Organização Mundial da Saúde (Opas/OMS), Victor Pavarino, o motorista que perde tempo em um engarrafamento, passa a dirigir de forma mais agressiva nos trechos seguintes para compensar o atraso.

“O benefício na rotatória foi o ordenamento. A fluidez muda o humor geral da questão de trânsito. O engarrafamento, quando você passa por ele, acaba compensando depois e dirige de forma mais agressiva”, explicou Pavarino.

De acordo com o diretor-presidente da Agência Municipal de Transporte e Trânsito (Agetran), Janine de Lima Bruno, antes da intervenção, o motorista ficava, nos horários de pico, de 18 a 20 minutos praticamente parado em um trecho de aproximadamente 150 metros. Hoje, o motorista faz o trecho em menos de 5 minutos.

Com investimento de R$ 1,6 milhão do Governo do Estado, a readequação na rotatória ampliou o número de faixas de rolamento da avenida Mato Grosso, de duas para três, e colocou quatro conjuntos de semáforos equipados com controladores que organizam o tempo de duração dos sinais verde e vermelho conforme o fluxo de veículos.

Outra medida que foi importante para frear os índices de acidentes e mortes, segundo Victor Pavarino, foi a fiscalização contra o uso de bebidas alcóolicas pelos condutores. Ele chegou a acompanhar uma blitz da Polícia Militar na Capital. “Eles usam um modelo bastante arrojado. A velocidade e direção alcóolica são fatores de risco que estão sendo combatidos de forma rigorosa em Campo Grande nessa parceria entre a prefeitura e o Governo do Estado”, afirmou o consultor.


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