26/04/2024 - Edição 540

Poder

Bolsonaro: dinheiro retirado de universidades será investido na base

Publicado em 03/05/2019 12:00 -

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O presidente Jair Bolsonaro disse que o dinheiro cortado das universidades federais será investido na educação básica. Ele disse que a educação no Brasil é como uma casa com um “excelente telhado e paredes podres”. No último dia 30, o Ministério da Educação (MEC) anunciou um corte de 30% do orçamento das universidades federais.

“A gente não vai cortar recurso por cortar. A ideia é investir na educação básica. Ouso dizer até que um número considerável não sabe sequer a tabuada. Sete vezes oito? Não vai sabe responder. Então pretendemos investir na base. Não adianta ter um excelente telhado na casa se as paredes estão podres. É o que acontece atualmente”, disse Bolsonaro em entrevista ao SBT.

O corte, inicialmente, seria restrito a três universidades, Universidade de Brasília (UnB), Universidade Federal Fluminense (UFF) e Universidade Federal da Bahia (UFBA). Em seguida, foi ampliado a todas as instituições federais do país.

Cheche

A troca de um 'olavete' (Ricardo Vélez) por outro 'olavete' (Abraham Weintraub) demonstrou que nada de mal aconteceu no Ministério da Educação que não seja esplêndido diante do que ainda está por ocorrer. O novo ministro inaugurou uma cruzada contra as universidades. Começou cortando verbas. Terminou avisando que trocará cadeiras no ensino superior por vagas nas creches.

Primeiro, Weintraub mandou passar na lâmina 30% das verbas de três instituições: Universidade de Brasília, Universidade Federal da Bahia e Universidade Federal Fluminense. Por quê? Não gostou de manifestações supostamente realizadas nas escolas.

O ministro declarou ao Estadão: "Universidades que, em vez de procurar melhorar o desempenho acadêmico, estiverem fazendo balbúrdia terão verbas reduzidas."Hã?!? "A universidade deve estar com sobra de dinheiro para fazer bagunça e evento ridículo". Que bagunça? "Sem-terra dentro do campus, gente pelada dentro do campus". Hummmm…

Ouviram-se muitos protestos. Em reação, Weintraub mandou estender o corte de 30% a todas as universidades. Encarregado de explicar o esquartejamento orçamentário, o secretário de Educação do MEC trocou o critério da "bagunça" ideológica pela alegação de penúria fiscal: "São 30% de forma isonômica para todas as universidades no segundo semestre, que pode ser reavaliado dado um cenário econômico positivo que a gente está esperando."

Na noite de terça-feira (30), Weintraub deu demonstrações de que tomou gosto pela polêmica. Levou ao ar nas redes sociais um vídeo no qual anuncia a intenção de retirar verbas do ensino superior para aplicar no ensino fundamental. Sem explicar de onde tirou as cifras, disse que o custo de um aluno de graduação (R$ 30 mil por ano) é muito superior ao de uma vaga numa creche (R$ 3 mil anuais).

Além de não especificar a origem dos números que manuseou. Weintraub não se deu conta de que comparou abacaxi com abóbora. O custo do universitário inclui coisas que um aluno de creche dispensa —de hospitais universitários a laboratórios e professores no topo da carreira.

Triunfante, Weintraub jactou-se de sua futura realização: "Para cada aluno de graduação que eu coloco na faculdade, eu poderia trazer dez crianças para uma creche. Crianças que geralmente são mais humildes, mais pobres, mais carentes, e que, hoje, não têm creches para elas. O que você faria no meu lugar?".

Quando um sujeito se considera um gênio, há três possibilidades: trata-se de um ignorante, de uma enganação ou de um gênio mesmo. Bolsonaro parece convencido de que acomodou um gênio na pasta da Educação, pois reproduziu o vídeo do ministro nas suas próprias redes sociais. Mas a pergunta de Weintraub continua no ar: "O que você faria no meu lugar?" A imaginação é o limite.


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