28/03/2024 - Edição 540

Meia Pala Bas

O ano que não quer acabar

Publicado em 31/07/2014 12:00 - Rodrigo Amém

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Até agora, a Síria, o Afeganistão, o Iraque, a Rússia, os Estados Unidos, a Croácia, Israel e a Palestina estão em guerra. Isso sem contar os infindáveis conflitos tribais que assolam os confins dos países invisíveis.

O Congo tenta impedir que a maior epidemia de cólera da história se espalhe para além das suas fronteiras como quem tenta colher água com um garfo de sobremesa. A China colocou uma cidade em quarentena em função de um surto de peste bubônica. Aquela mesmo, da peste negra.

Nas Filipinas, um tufão matou mais de cem. Em São Paulo, cedo ou tarde, não vai ter água pra todo mundo. O consenso científico afirma que é tarde demais para evitar as mudanças climáticas do aquecimento global, que pode ter ocasionado, inclusive, o surgimento de crateras misteriosas na Rússia. É que o degelo está liberando gás metano do solo, provocando explosões (!).

Bom começo de semestre para todos. É preciso coragem para acabar 2014, antes que ele acabe com a gente.

Os aviões estão caindo dos céus na Ásia. Seja por imprudência, imperícia ou vilania. Na Ucrânia, derrubaram um, matando centenas de pessoas, incluindo os cientistas com pesquisas mais promissoras na busca pela cura da AIDS.

No Brasil, até o momento, já linchamos umas 30 pessoas, do começo do ano até agora. Somente a PM paulista já matou 76 pessoas. Só em janeiro. Nos primeiros seis meses de 2014, morreram a mesma quantidade de policiais nas UPPs cariocas que em 2013 inteiro.

Também nos deixaram Paulo Goulart, José Wilker, Luciano do Valle, Jair Rodrigues, Eduardo Coutinho, Gabriel García Márquez, Philip Seymour Hoffman, Harold Ramis, Fausto Fanti, Ariano Suassuna e João Ubaldo Ribeiro. Todos nesse intervalo de seis meses.

Isso sem falar, é claro, nos 7×1 em plena Copa do Mundo do Brasil. E do cenário árido que se desenha para as próximas eleições. Falaram que seria um ano fértil. Só não avisaram que seria de más notícias.

Bom começo de semestre para todos. É preciso coragem para acabar 2014, antes que ele acabe com a gente.

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Victor Barone

Jornalista, professor, mestre em Comunicação pela UFMS.


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