18/04/2024 - Edição 540

Comportamento

Estereótipos de raça e gênero afetam desempenho de alunos, diz estudo

Publicado em 26/02/2019 12:00 -

Clique aqui e contribua para um jornalismo livre e financiado pelos seus próprios leitores.

Um famoso ditado popular diz que elogiar nunca é demais. Ao que parece, nunca é mesmo: um estudo da Universidade de Indiana, nos Estados Unidos, mostrou que o incentivo e o apoio podem ser muito positivos — especialmente quando o assunto é desempenho acadêmico.

Depois de entrevistar mais de 15 mil alunos, as cientistas perceberam que aqueles que eram encorajados a estudar tinham notas melhores. A justificativa, segundo elas, está na forma como os professores avaliam a “inteligência” dos estudantes.

Para chegar a essa conclusão, as autoras conversaram com 150 professores de disciplinas relacionadas à ciência, tecnologia, engenharia e matemática (STEM, na sigla em inglês). Durante o bate-papo, as pesquisadoras perguntaram se eles acreditavam que a inteligência pode “mudar” ao longo do tempo.

A partir das respostas, os professores foram divididos em dois grupos: aqueles com uma mentalidade “fixa”, que acreditavam que as pessoas já nascem inteligentes, e os com uma mentalidade “maleável”, que consideravam a inteligência como algo a ser desenvolvido durante a vida.

As consequências da mentalidade “fixa”

A pesquisa também mostrou que todos os professores, independente de idade, gênero ou origem étnica, são igualmente propensos a acreditar que a inteligência é uma condição difícil de mudar: para eles, alguém é ou não é inteligente.

“Nós notamos que a mentalidade fixa não é uma exclusividade de [professores de] certas disciplinas. Em vez disso, ela parece estar distribuída de maneira relativamente uniforme entre os docentes de STEM, sugerindo que os efeitos negativos dessa forma de pensar podem ser encontrados até mesmo em diferentes departamentos, faculdades e provavelmente outras universidades”, dizem.

Segundo o estudo, os mais prejudicados por esse tipo de pensamento são os alunos negros, latinos e nativos americanos. Eles costumam ter notas mais baixas quando participam de disciplinas em que os professores têm uma “ideia fixa” sobre inteligência. Em comparação com os alunos brancos e asiáticos, o rendimento costuma ser até duas vezes pior. Se os professores reforçam estereótipos raciais — como dizer que asiáticos são melhores em matemática, por exemplo —, os resultados são ainda piores.

Isso ajuda a explicar a falta de pessoas desses grupos minoritários ocupando cargos de trabalho nas ciências. A lógica é simples: sem incentivo para estudar, os alunos tiram notas mais baixas, perdem o interesse pelo assunto e acabam não seguindo carreira na área.

De acordo com as autoras, professores que incentivam o “crescimento intelectual” podem ser peças fundamentais para mudar essa situação. “Se mais professores criarem a mentalidade maleável em suas aulas, isso pode aumentar a motivação e o engajamento dos alunos em disciplinas STEM — potencialmente inspirando mais alunos a buscar carreiras na área”, completam.


Voltar


Comente sobre essa publicação...

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *