26/04/2024 - Edição 540

Mato Grosso do Sul

Imasul conclui vistoria em barragens em Corumbá

Publicado em 30/01/2019 12:00 -

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O grupo de trabalho coordenado pelo Imasul (Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul), vinculado à Semagro (secretaria estadual de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar) vistoriou no último dia 30 as nove barragens de resíduos de minério de ferro e manganês existentes em Corumbá, com o acompanhamento do Ministério Público Federal.

Ao final da inspeção, iniciada às 9h, na mineradora Vetorial, e encerrada às 17h30, na Vale, os membros do grupo interdisciplinar se reuniram com o diretor-presidente do Imasul, Ricardo Eboli, e ficou decidido que um diagnóstico preliminar do que foi visto e levantamento quanto às condições físicas e de segurança das barragens será divulgado em 15 dias. Os técnicos argumentaram que, diante da complexidade dos sistemas, qualquer julgamento antecipado poderia comprometer o trabalho.

“Uma coisa temos certeza: a população urbana de Corumbá e Ladário não seriam afetadas em caso de um incidente em uma das barragens”, afirmou Ricardo Eboli, em rápido contato com a imprensa de Corumbá. Ele adiantou que o relatório da inspeção será encaminhado ao Ibama, órgão responsável pelo licenciamento das barragens. “É preciso cautela, não podemos nos precipitar em conclusões sem um parecer de cada órgão que participa desse grupo de trabalho”, explicou.

A vistoria

A procuradora da República, Maria Olívia Pessori Junqueira, participou da vistoria e também não apresentou conclusões, declarando apenas que a visita, onde fez vários questionamentos aos técnicos das empresas, e o diagnóstico a ser apresentado pelo Imasul serão importantes para as investigações realizadas pelo MPF para apurar as condições de operacionalidade das barragens e o plano de atendimento emergencial à população situada na área de risco.

A vistoria foi iniciada na barragem Sul, situada na Mina Laís (morraria de Urucum), a maior da Vetorial, com sua capacidade máxima de 800 mil metros cúbicos, com projeto para ser ampliada para 1 milhão de metros cúbicos. Em caso de rompimento, essa barragem atingiria dois córregos e a lama se estendia por 7 km. Em seguida, o grupo visitou a barragem Monjolinho (morraria de Santa Cruz), para 150 mil metros cúbicos.

A principal barragem da Vale, a Gregório (morraria de Santa Cruz), com capacidade para 9 milhões de metros cúbicos, opera há 27 anos sem apresentar problemas. Os técnicos da empresa mostraram outras barragens com rejeito seco, em processo de retomada operacional, e também unidades que estocam rejeitos de manganês, em menor escala em relação ao minério de ferro. Essas barragens estão situadas às margens da BR-262, em Urucum.

Participaram da vistoria, integrando o grupo de trabalho montado pelo Imasul, a prefeitura de Corumbá, Defesa Civil do Estado e do Município; Corpo de Bombeiros; Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (Crea/MS); Polícia Militar Ambiental; Ministério Público do Trabalho;  e Associação de Engenheiros e Arquitetos de Corumbá.

Reunião

O grupo de trabalho coordenado pelo Imasul (Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul), vinculado à secretaria estadual de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar (Semagro), criado para vistoriar as barragens de contenção de rejeitos de minérios de ferro da Vale e da Vetorial – mineradoras que exploram as reservas minerais de Corumbá -, iniciou no último dia 29 a ação preventiva para identificação da rotina operacional das instalações recomendada pelo governador Reinaldo Azambuja.

O grupo se reuniu com as duas empresas, as quais apresentaram um relatório do planejamento de manutenção e de segurança das barragens. Durante mais de duas horas, técnicos da Vale expuseram todo o plano de manutenção e de ação de emergência das suas sete barragens, algumas em processo de desativação, e garantiram total segurança na parte operacional destas unidades e também no planejamento de evacuação das comunidades ao redor em caso de algum incidente. Em novembro do ano passado, a empresa realizou uma simulação de risco envolvendo funcionários e a população.

Rota de inundação

Segundo o engenheiro Odilon Silva, gerente de operações da Vale, simulações feitas por computador indicaram que, em caso de rompimento da principal barragem de Urucum, a Gregório, com 9 milhões de metros cúbicos de capacidade, a chamada mancha de inundação atingiria os balneários localizados no distrito de Maria Coelho, chegando à rodovia BR-262, numa extensão de 16 quilômetros. Na região residem cerca de 200 pessoas.

Para o diretor-presidente do Imasul, Ricardo Eboli, a grande preocupação é essa mancha chegar à Baía do Jacadigo, a alguns quilômetros da rodovia, que tem ligação com o Rio Paraguai, o que causaria uma destruição ambiental sem precedentes ao Pantanal. A Vale informou que caso ocorra um incidente no fim de semana, a população flutuante na região chegaria a 600, número previsto pela gestão de crise montado pela empresa.

A Vetorial também expôs seu plano de monitoramento e de atendimento emergencial aos moradores que vivem ao redor da Morraria de Urucum, onde a empresa opera uma siderúrgica e retira o minério de suas minas. Das duas barragens – integram o sistema bacias de escavação -, a Monjolinho é a que tem maior capacidade de depósito de rejeitos: 150 mil metros cúbicos. A procuradora federal Maria Olívia Pessoni Junqueira participou das reuniões técnicas com as duas mineradoras. Presentes também Ricardo Ebole, do Imasul; deputado Felipe Orro, da comissão de Meio Ambiente da Assembleia Legislativa; Marcos Derzi, da Sudeco; e representantes da prefeitura de Corumbá, Defesa Civil do Estado; Corpo de Bombeiros; Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (Crea/MS) e Polícia Militar Ambiental.


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