20/04/2024 - Edição 540

Mundo

Um flagelo global

Publicado em 27/11/2018 12:00 -

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A violência contra as mulheres "é uma pandemia global" que tem graves consequências para as famílias e a sociedade. Isso foi declarado pelo secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, por ocasião do Dia Internacional para a eliminação da violência contra as mulheres, estabelecido pela ONU em 1999 e que é comemorado em 25 de novembro. A data escolhida é altamente simbólica, porque no mesmo dia, em 1960, foram mortas três das quatro irmãs Mirabal, ativistas políticas na República Dominicana.

"A violência contra as mulheres é uma afronta moral para todos, uma desgraça para qualquer sociedade e o principal obstáculo para o desenvolvimento inclusivo e sustentável", disse Guterres, acrescentando que se trata de uma questão de "direitos humanos fundamentais". Esses abusos, ressaltou o secretário-geral, manifestam-se em diferentes formas, que incluem o feminicídio, a violência doméstica, o tráfico de pessoas, o abuso sexual e até os conflitos sobre a guarda dos filhos em caso de separação dos cônjuges.

De acordo com o secretário-geral a violência contra as mulheres "é também uma questão política", uma vez que está ligada a questões mais amplas de poder e controle das sociedades "em um mundo dominado pelos homens". Enquanto houver normas discriminadoras em matéria de herança, guarda dos filhos e divórcio, ou enquanto as sociedades não favorecerem o acesso das mulheres a recursos financeiros e ao crédito, destacou Guterres, elas permanecerão expostas a riscos de violência.

O Secretário-Geral revelou por fim que o assédio sexual afeta quase todas as mulheres em um determinado momento de suas vidas e que esses episódios ocorrem em instituições públicas e privadas, incluindo as Nações Unidas. Por isso Guterres reiterou sua intenção de aplicar uma política de "tolerância zero" para os assédios e agressões sexuais cometidos por funcionários e parceiros das Nações Unidas.

De acordo com dados fornecidos pela Organização Mundial de Saúde (OMS), revelados pela análise de 141 pesquisas realizadas em 81 países, 35 por cento das mulheres sofrem durante a sua vida alguma forma de violência. O mais comum é aquele perpetrada por maridos e namorados, que diz respeito a 30% das mulheres. 38 por cento dos feminicídios são perpetrados por parceiros, atesta a OMS, destacando que 42 por cento das pessoas que sofreram violências físicas ou sexuais de homens com quem tinha um relacionamento relataram danos à saúde. Na Europa, os dados são um pouco melhores, mas ainda muito preocupantes, pois mais de 25 mulheres em cem são abusadas por seus companheiros. Na Itália, em particular, de acordo com os dados do Istat, 31,5 por cento das mulheres entre 16 e 70 anos sofreram durante a sua vida alguma forma de violência física ou sexual. 5,4 % foram das formas mais graves, como estupro e tentativa de estupro.

Quanto ao trabalho feminino remunerado, a influência depende do contexto geocultural, explicam pesquisadores que trabalharam para a OMS. Além de ajudar as vítimas, de acordo com especialistas, é preciso iniciar um trabalho de educação e conscientização, lutando contra todas as desigualdades de gênero e reformando onde necessário o direito de família.


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