19/04/2024 - Edição 540

Meia Pala Bas

A Direita sempre vencerá

Publicado em 20/04/2018 12:00 - Rodrigo Amém

Clique aqui e contribua para um jornalismo livre e financiado pelos seus próprios leitores.

A última pesquisa coloca a aprovação de Temer em níveis microscópicos. O que não chega a ser notícia. Metade do país considera seu governo ilegítimo. A outra metade o considera corrupto e incompetente. Não por acaso Lula apareceu como favorito nas intenções de voto. Menos pelo seu desempenho na presidência, mais como um revide ao impeachment e às reformas impopulares que Michael nos enfiou goela abaixo.  

Com a prisão de Lula e a incerteza da viabilidade legal de sua candidatura, muita gente passou a torcer pela fatídica coalizão da esquerda. Todos os partidos de tendência mortadela unidos pelo mesmo ideal: ganhar as eleições, defenestrar Temer e (sonho dos mais ingênuos) o MDB.

Então: isso não vai acontecer. Nunca.

Os acordões da direita costumam oscilar entre pragmáticos (nos melhores casos) e desavergonhados (nos piores). Você sabe como é: "trocamos ministério por trinta segundos a mais de propaganda na TV" ou, "Aluga-se partido de legenda. Aceita-se secretaria especial ou verba de campanha".

Já as coalizões na esquerda são concessões ideológicas onde nenhuma das partes aceita que suas causas percam espaço. Quem defende sem-teto acha LGBTQ uma questão menor. Quem luta pelo feminismo acha que o MST pode esperar e assim por diante.

Além disso, uma parte considerável da esquerda foi exorcizada do PT no projeto "Lulinha Paz e Amor" que culminou com a chegada de Luiz Inácio ao Palácio do Planalto, de mãos dadas com o PMDB de José Alencar. Então, rola um ressentimento da esquerda em relação ao PT, também. As lideranças que floresceram nesses novos partidos, longe da sombra deliberadamente asfixiante de Lula, não morrem de amores pela ideia de abrir mão de suas candidaturas por um candidato lulista. De novo.

Ainda assim, tem gente afirmando que ganha o candidato que tiver apoio do Lula, preso ou não. Para estes apostadores, a falta de nomes viáveis na direita faz o retorno dos mortadelas ao governo um caso de favas contadas.

Como se a direita desse a mínima para a "hombridade" dos seus candidatos.

Considere a América do Norte. Considere a "hombridade" de Donald Trump. O maior império nuclear do planeta elegeu um estelionatário falido com complexo de superioridade. Nem o partido Republicano nem seus eleitores se preocuparam com a ficha corrida do seu candidato. Mesmo com seus inúmeros casos de assédio sexual, pastores evangélicos fizeram fila para demonstrar apoio ao seu novo "salvador". Quem estava preocupado com gafes do passado eram os apoiadores da Hillary.

Na disputa pelo poder, um lado se preocupa com vencer. O outro, com convencer. É sempre um massacre. E nada indica que este ano será diferente no Brasil.

Se prenderem o Aécio, vão de Alckmin. Se prenderem o Alckmin, vão de Dória. Se prenderem o Dória, vão de Bolsonaro. Só não vão largar o osso. Essa é a postura clássica do conservadorismo. É uma questão tribal. Não tem nada a ver com projeto de governo, com ideologia, com ética. Tem a ver com manutenção do status quo. O compromisso é com o oposto à mudança. O compromisso é com porrete na dissidência e panos quentes nas saliências.

Leia outros artigos da coluna: Meia Pala Bas

Victor Barone

Jornalista, professor, mestre em Comunicação pela UFMS.


Voltar


Comente sobre essa publicação...

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *