True Colors
Publicado em 23/05/2018 12:00 - Redação Semana On
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Juan Carlos Cruz, um dos chilenos que, na infância, sofreu abuso sexua l por parte de um padre e que recentemente foi um dos denunciadores que revelou a rede de silêncio entre os bispos, que encobriam casos de pedofilia nas igrejas do país, foi recebido no Vaticano pelo papa Francisco .
O pontífice lhe pediu desculpas em nome da Igreja, e, quanto ao fato de Juan Carlos ser homossexual , disse que foi Deus quem o fez assim, que “Ele o ama assim e a mim não importa”. Os comentários do papa, relatados por Carlos ao jornal El País, foram celebrados por ativistas dos direitos LGBT .
“Haviam dito a ele [papa Francisco] que eu era praticamente um pervertido. Expliquei que não sou a reencarnação de São Luis Gonzaga, mas também não sou uma pessoa má. Tento não fazer mal a ninguém. Ele então me disse ‘Juan Carlos, você ser gay não importa. Deus te fez assim, te ama assim e a mim não importa”, contou o chileno.
Bispos chilenos renunciam
Como consequência das denúncias de pedofilia e acobertamento por parte da Igreja, a alta cúpula do episcopado chileno remeteu um pedido de renúncia ao papa Francisco. Trinta e quatro bispos tomaram a decisão após serem apontados como omissos pelo Vaticano frente ao escândalo de pedofilia envolvendo padres e bispos no país.
As acusações de pedofilia praticadas por membros da Igreja no Chile vieram à tona em 2004. As autoridades eclesiásticas do país não teriam se movido frente às denúncias de inúmeras vítimas – só em 2011 um único padre foi punido pelos casos.
O escândalo ganhou outro patamar quando da visita de Francisco ao país, em janeiro. Na época, igrejas foram atacadas e pichadas, em protestos que buscavam chamar a atenção para a negligência dos bispos.
O papa , que num primeiro momento diminuiu as denúncias, classificando-as de “calúnias”, se arrependeu e chegou a se reunir com as vítimas. Após o encontro, convocou os bispos a irem a Roma.
Em seu comunicado ao papa, os bispos pediram desculpas “pela dor causada às vítimas, ao papa, aos povos de Deus e ao país por nossos graves erros e omissões”. Eles também colocaram os cargos à disposição da Igreja e pediram que Francisco “livremente decida o que fazer com cada um de nós”.
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