True Colors
Publicado em 03/10/2017 12:00 - Nathan Fernandes - Galileu (editado pela Semana On)
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Todo mundo sabe que a seção de comentários dos portais de internet são buracos negros que engolem o sentido e a noção das coisas. É o ponto de encontro de trolls, pessoas que sentem a extrema necessidade de manifestar opiniões retrógradas e ativistas online que não acreditam no que estão lendo. Receita fácil para discussões acaloradas.
Na Semana On, não é diferente. Frequentemente, postamos reportagens sobre direitos humanos, democracia, que são confundidas, via de regra, com “defesa de bandidos e de corruptos”, mas nenhum tema causa tanta comoção e demonstações de discurso de ódio quanto as reportagens laos temas LGBT+.
Basta publicarmos um post com a foto de um casal do mesmo sexo se beijando para sermos bombardeados com comentários preconceituosos.
Mais do que ficarmos chocados, resolvemos entender por que algumas pessoas se sentem desconfortáveis com a situação. E descobrimos que parte do problema pode ser explicado pela nossa tendência em categorizar as coisas.
Desde cedo, por exemplo, aprendemos a colocar "irmãos" e "pais" na categoria "família". É a mesma ideia que nos leva a categorizar "mães" como "mulheres" e "pais" como "homens". Nesse caso, podemos entender o próprio gênero como uma categorial social fundamental para dar sentido ao mundo, como afirma este artigo da Psychology Today.
Logo, não é difícil imaginar o porquê muita gente se desestabiliza quando se depara com categorias diferentes.
Para os psicólogos, quanto mais a pessoa acha que homens e mulheres são diferentes em sua essência, mais ela vai reforçar estereótipos e o papel tradicional do gênero, o que acaba levando ao preconceito — o mesmo vale para o racismo.
Essa tendência em enxergar as categorias como algo fixo e imutável tem o nome de "essencialismo psicológico" e nos ajuda a entender por que algumas pessoas têm tanta dificuldade em lidar com os diferentes aspectos da sexualidade, apesar de não justificar o discurso de ódio — nem a recorrência de palavras sofisticadas, como no exemplo abaixo:
Em outro artigo sobre preconceito sexual, os psicólogos Gregory Herek e Kevin McLemore, da Universidade da Califórnia, afirmam que homens heterossexuais tendem a expressar um discurso "anti-gays" de maneira mais intensa do que as mulheres.
Isso tem a ver com a forma com a sociedade enfatiza a importância da masculinidade, o que faz a homossexualidade ser vista como uma ameaça. Homens são criados para evitar a feminilidade, seja quando garotos são proibidos de brincar de boneca ou quando recebem "insultos" do tipo: "Você joga bola que nem uma menina".
Outro fator que chama atenção, é a presença marcante de pessoas com ideias contrárias à linha editorial da Semana On. Tradicionalmente, a revista aborda as ciências sociais e a defesa das questões ligadas aos direitos humanos, o que a levou a ganhar prêmios como este.
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