20/04/2024 - Edição 540

Eles em Nós

A mamata vai acabar

Publicado em 21/05/2020 12:00 - Idelber Avelar

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Choque de realidade? Até o BB a gangue olavo-bolsonarista já aparelhou. Tem que ser impeachment, Brasil.

"BRASÍLIA – O Banco do Brasil decidiu retirar o veto ao site "Jornal da Cidade Online" para receber publicidade do banco, após o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) ter criticado o bloqueio.

A área de marketing e comunicação do BB, cujo gerente é Antonio Hamilton Rossell Mourão, filho do vice-presidente Hamilton Mourão, considerou exagerado o bloqueio e retomou a permissão para que o site, alinhado à direita conservadora, receba publicidade do banco ontem mesmo. A decisão, no entanto, não foi divulgada.

O presidente do BB, Rubem Novaes, disse ao Estadão que não concordou com a restrição e que o site não deveria ser punido."

CHECKLIST DA CARTA DO MILICO BRASILEIRO

No 1˚ parágrafo, há um sintagma que não faz sentido. Afinal de contas, como algo pode ser "inacreditável até certo ponto"?

No 2˚ parágrafo, há a tradicional vírgula entre sujeito e predicado, que nem garotos do ensino médio cometem, mas que milicos adoram.

No 3˚parágrafo, você tem a ameaça de golpe ou de alguma outra coisa não nomeada, mas ameaça, em todo caso, porque milico adora ameaçar.

Babaca, escroto.

BOMBA

A big bomba deu no Washington Post. É tanta bomba que eu traduzo três parágrafos, para a porrada ficar bem clara.

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"Um estudo de 96.000 pacientes hospitalizados com coronavírus em seis continentes mostrou que aqueles que tomaram a droga antimalária promovida pelo Presidente Trump como 'virada do jogo' na luta contra o vírus tiveram um risco de morte significativamente mais alto que aqueles que não a tomaram.

As pessoas tratadas com hidróxido de cloroquina, ou a droga vizinha, a cloroquina, também tiveram maior probabilidade de desenvolver batimentos de coração irregulares, ou arritmia, que pode levar à morte cardíaca repentina, concluiu o estudo.

O artigo, publicado na revista médica Lancet na sexta-feira, é a análise mais extensa já feita dos riscos e benefícios de se tratar pacientes de Covid-19 com drogas antimalária".

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E AGORA, JAIR? Não só não há indícios de que ela sirva, como agora os cientistas estão mostrando que ela piora a situação e pode matar.

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E AGORA, JAIR?"

ESPETACULAR

Isto aqui é muito espetacular hahahaha.

PAULINHO

Com os votos de que tenham uma noite menos ruim, deixo um vídeo de 2019 que é o oposto de toda a escrotidão que nos assola: a elegância de Paulinho da Viola.

Se eu tivesse que definir qual é o extremo oposto dos escrotos que nos governam, eu não pensaria em nenhum político, mas na delicadeza, na finura, no cuidado de Paulinho com o outro.

Reparem como ele interrompe o passeio pela Lapa quando ouve uma canção sua, "Choro Negro", sendo tocada em um bar. À distância, sem chamar a atenção para si, ele observa a música com cuidado até ela terminar. Depois, ele se aproxima dos músicos, cumprimenta um por um, e faz questão — reparem — de dedicar mais tempo e atenção ao músico mais idoso.

Paulinho é uma forma superior de humanidade, esse homem é tudo o que nós poderíamos ter sido e não fomos.

REGINA

Regina Duarte pode ter destruído "leveza", palavra de que eu tanto gostava. Assim eles procedem, matando gente e matando palavras.

JOÃO PEDRO

João Pedro, 14 anos de idade, São Gonçalo, Rio de Janeiro, assassinado pela polícia enquanto brincava com os primos.

Segundo O Dia, o helicóptero da Polícia Civil percorreu 40 km com o corpo de João Pedro, do município da Região Metropolitana até a área do Corpo de Bombeiros na capital. De lá, ele foi levado ao IML de Tribobó, de volta a São Gonçalo.

Eles matam, escondem o corpo, falsificam provas e depois difamam o morto, cuja família sempre tem que provar a inocência dele.

Uma máquina de matar gente negra, gente pobre, gente trabalhadora.

MATANÇA

Matéria sensacional do New York Times sobre os assassinatos cometidos pela polícia do Rio de Janeiro.

"Oficialmente, a polícia brasileira pode usar força letal apenas no enfrentamento de uma ameaça iminente. Mas uma análise de 48 mortes causadas por policiais no violento distrito policial do Rio onde Rodrigo foi morto mostra que agentes costumam atirar sem restrições, protegidos pelos superiores e por líderes políticos, confiantes de que, mesmo que sejam investigados por assassinatos ilegais, não serão impedidos de voltar às ruas.

Em ao menos metade das 48 mortes causadas por policiais analisadas pelo The New York Times, os mortos foram baleados nas costas pelo menos uma vez, segundo autópsias, o que imediatamente levanta questionamentos sobre a ameaça iminente que justificaria tais mortes.

Em 20 destes casos, os mortos foram baleados ao menos três vezes.

E em todos os casos de homicídios por policiais revisados ​​pelo Times, apenas dois policiais relataram ter sofrido qualquer ferimento. Um foi acidente autoinfligido: o agente se feriu com o disparo acidental de seu fuzil. O segundo policial tropeçou e caiu."

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Victor Barone

Jornalista, professor, mestre em Comunicação pela UFMS.


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