29/03/2024 - Edição 540

Eles em Nós

Encruzilhadas

Publicado em 25/08/2021 12:00 - Idelber Avelar

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Sempre, em todas as encruzilhadas, é o movimento indígena quem tem as saídas mais desassombradas, lúcidas, contundentes no que colocam para o país.

Tem sido assim no Brasil em especial depois da ascensão mais recente do movimento indígena, desde a luta pelos direitos que ficaram inscritos na Constituição de 1988. E foi assim nos anos lulistas e é assim hoje. Cito a matéria do Instituto Socioambiental – ISA (link), de onde retiro também a foto de autoria de Kamikiá Kisedje:

"Neste momento, mais de 5 mil indígenas, de 117 povos e de todas as regiões do Brasil, estão reunidos ao lado da Esplanada dos Ministérios, atrás do Teatro Nacional, em Brasília, em defesa de seus direitos, principalmente do direito à terra.

Trata-se da maior mobilização do gênero já realizada na história. Os manifestantes participam do Acampamento Luta pela Vida (ALV), organizado pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib). Ao longo de toda semana, serão promovidos debates, protestos, atos, atividades culturais e reuniões com representantes dos três poderes para discutir a situação dos povos e terras indígenas no país.

[…}.

A Apib exigiu que viesse a Brasília só quem está totalmente imunizado contra a Covid-19. No acampamento, equipes de saúde estão testando os manifestantes e reforçando as orientações para o uso de máscaras, limpeza constante das mãos e manutenção do distanciamento social. Máscaras estão sendo distribuídas gratuitamente."

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O STF vai apreciar a esdrúxula tese do "marco temporal", o que é um nome bonitinho e presumivelmente técnico de um instrumento genocida, de limpeza étnica.

Segundo essa interpretação, indígenas só teriam hoje direito a terras que já ocupassem em 1988, data da CF. Ora, se a CF foi o COMEÇO da recuperação das terras indígenas que lhes haviam sido roubadas, segue por definição que ela não pode ser um marco adânico, inaugural. Ela é justamente o contrário: o primeiro mecanismo que permite a demarcação de terras que pertencem ancestralmente aos índios mas que eles já haviam perdido.

O "marco temporal" é uma deslavada negação de TODO o espírito da CF-1988.

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Citações e foto retiradas da matéria do ISA. Convido a que leiam a matéria completa.

NA MOSCA

Não costumo reproduzir colunas de jornal, mas esta do Reinaldo José Lopes merece a exceção. Acompanho-a com o comentário feito por Nelson Moraes:

“Na mosca.

Ou de como o ‘trago verdades inconvenientes’ de certa ala disseminadora de supostas informações ‘encobertas pela grande mídia’ faz florescer um jardim de sofismas e falácias que dão sustentação a um regime de exceção, adubando o jornalismo desonesto com ares afetados de ‘compromisso com a verdade doa a quem doer’.“

 

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Victor Barone

Jornalista, professor, mestre em Comunicação pela UFMS.


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