28/03/2024 - Edição 540

Ágora Digital

A vez deles vai chegar?

Publicado em 13/04/2018 12:00 - Victor Barone

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A ministra Nancy Andrighi, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), empurrou para a Justiça Eleitoral o processo sobre o repasse para ex-governador de São Paulo, o tucano Geraldo Alckmin, de R$ 10,7 milhões provenientes do esquema de propinas da Odebrecht. Com isso, Alckmin livrou-se da Lava Jato. Na Justiça Eleitoral, a apuração deve acabar em pizza e reforçar o coro de que, no Brasil, a Justiça não é para todos.  O caso de Alckmin não é único. A tucanada têm sido tratada a pão de ló pela Justiça. Processos que não avançam, crimes que prescrevem, tudo muito conveniente.

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Em ofício enviado a Brasília, 11 procuradores da força-tarefa da Lava Jato em São Paulo pediram que o processo sobre ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB) lhes fosse enviado “com a maior brevidade possível”. No documento, alegou-se que a “urgência” se justificava “tendo em vista o andamento avançado de outras apurações correlatas sob nossa responsabilidade”. O vice-procurador-geral Luciano Mariz Maia deu de ombros. Pediu ao STJ que enviasse o processo contra Alckmin para a Justiça Eleitoral de São Paulo, não para a Lava Jato. Alegou que os indícios colecionados contra Alckmin apontam para um caso de caixa dois de campanha. Coisa sujeita à esfera eleitoral, não criminal.

Exceção?

Nem todas as cabeças coroadas do tucanato estão escapando da Justiça. A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) marcou para terca-feira (17) o julgamento da denúncia contra o senador Aécio Neves (PSDB-MG).

Mais um penoso na mira

O Tribunal de Justiça de Minas Gerais julga no dia 24 o recurso do mensalão mineiro do PSDB, cuja rejeição levará para a cadeia o tucano Eduardo Azeredo. Condenado na primeira e na segunda instância a 20 anos e 10 meses de cadeia por peculato e lavagem de dinheiro, Azeredo será preso caso se confirme a tendência de indeferimento do recurso. Isso, naturalmente, se o Supremo Tribunal Federal (STF) não modificar até lá a regra que autoriza o cumprimento da pena após condenação de segundo grau.

Vai vendo…

O Ministério Público de Minas Gerais concordou com argumento da defesa do ex-governador Eduardo Azeredo (PSDB) e recomendou ao Tribunal de Justiça a redução da pena por peculato (desvio de dinheiro) no processo que pode levar à prisão do tucano a partir do próximo dia 24 (Leia a nota acima). A diminuição seria em torno de dois a três anos.

Desequilíbrio

O ex-ministro Ciro Gomes (PDT), pré-candidato a presidente da República, disse que "a maioria da sociedade brasileira está muito desconfiada desse “desequilíbrio entre o tratamento que a Justiça dá ao ex-presidente Lula (PT) e a caciques do PSDB”.

Moro, o Soberbo

As perguntas que o jornalista Ricardo Senra, correspondendo da BBC Brasil em Washington, fez em um encontro exclusivo com o juiz Sergio Moro, durante a passagem do juiz da Lava Jato pela Harvard Business School, em Cambridge, nos Estados Unidos, deixou o magistrado desconfortável. O vídeo, publicado pela BBC Brasil, mostra Moro incomodado com as perguntas espinhosas que foram pipocando ao longo do bate-papo, a ponto de pedir que pedir para que a entrevista fosse encerrada antes do previsto. O piti do juiz veio à tona quando foi arguido pelo jornalista sobre seu comportamento em evento ao lado do senador Aécio Neves (PSDB-MG) e sobre uma rápida questão relacionada ao abuso de autoridade.

Mooorrrooouuuuuuuuuuu!!!

Um grupo contrário à prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT-SP) entrou no saguão principal do campus da PUC-RS no último dia 10 e protestou contra a detenção do petista e contra o juiz Sergio Moro, que participava de um debate no Fórum da Liberdade realizado dentro da universidade.

Decorando geral

A arquiteta Maria Rita Fratezi, mulher do coronel João Baptista Lima Filho, amigo do presidente Michel Temer (MDB-SP), pagou em dinheiro vivo despesas de reforma na casa de uma das filhas do presidente, segundo relato de um dos fornecedores da obra. A Polícia Federal investiga a obra no imóvel da psicóloga Maristela Temer sob a suspeita de que tenha sido bancada com propinas da JBS. Fratezi e Lima foram alvo da Operação Skala, deflagrada em 29 de março, que apura suposto esquema de corrupção para beneficiar empresas do setor portuário com a renovação de concessões públicas.  O coronel foi preso por três dias no fim de março e a esposa, intimada a depor. Os dois ficaram em silêncio diante dos investigadores.

Não me deixem só

Ecoando o ex-presidente Fernando Collor de Mello (PTC-AL) em seu melancólico apelo pré-impeachment, o presidente Michel Temer (MDB-SP) disse que a classe política tem sido desvalorizada e recomendou a seus aliados que “levantem a voz” contra essa realidade. Ele pediu que parlamentares usem a tribuna para se defenderem, no melhor estilo “Não me deixem só!”.

Só petista

A Polícia Federal desautorizou, em nota, o delegado Milton Fornazari Junior, da Delegacia de Combate à Corrupção e Crimes Financeiros (Delecor) em São Paulo, que defendeu prisão de “outros líderes de viés ideológico diverso” do ex-presidente Lula, como “Temer, Alckmin, Aécio etc”. O presidente Michel Temer (MDB), o senador Aécio Neves (PSDB) e o ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB) são alvos de inquéritos da Operação Lava Jato, a mesma que levou Lula à prisão. Além de destacar que as declarações de Fornazari são de “cunho exclusivamente pessoal”, a PF anunciou a adoção de medidas administrativo-disciplinares em “relação ao caso concreto”.

Nem os parceiros

Embora tenha se livrado de duas denúncias criminais graças ao apoio do Congresso no ano passado, o presidente Michel Temer (MDB-SP) é visto como inocente por apenas 3,85% das principais lideranças do Congresso. É o que revelou a nova rodada do Painel do Poder, pesquisa realizada pelo site Congresso em Foco com os parlamentares mais influentes da Câmara e do Senado. De acordo com o levantamento, 28,85% das lideranças acreditam que os dados a serem colhidos com a quebra do sigilo bancário de Temer podem embasar uma terceira ação contra o presidente.

Quadrilhão

Em denúncia apresentada à Justiça Federal, a Procuradoria da República em Brasília acusa o coronel João Baptista Lima Filho e o advogado José Yunes, amigos de Michel Temer (MDB-SP), de atuar como arrecadadores de propinas para o presidente. A acusação de organização criminosa contra os dois e mais sete aliados de Temer foi aceita dia 9 pela 12ª Vara do Distrito Federal, que abriu ação penal contra os envolvidos no chamado “quadrilhão do MDB”.

Joga pela janela

Dois áudios vazados na internet no último dia 8 mostram que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT-SP) foi alvo de insultos em diálogo entre uma pessoa desconhecida e o piloto do avião que levou Lula até Curitiba, pouco antes da decolagem. “Leva e não traz nunca mais”, diz uma voz masculina ao piloto, que, por sua vez, repreende o interlocutor: “Vamos tratar só do necessário. Vamos respeitar o nosso trabalho aqui”. O interlocutor insiste: “Eu respeito mas manda este lixo janela abaixo aí…”. A conversa é interrompida por uma voz feminina. “Pessoal, a frequência é gravada e pode ser usada contra a gente. Então, mantenham a fraseologia padrão, por gentileza”, adverte.

A Força Aérea Brasileira (FAB) não identificou nem anunciou medidas contra o homem que hostilizou o ex-presidente. “Podemos assegurar que a observação ao final do áudio em questão não foi feita pelo controlador de tráfego aéreo. Ressalva-se que a frequência utilizada para essas comunicações aeronáuticas é aberta, por isso quem estiver conectado pode ouvir e falar. Porém, as regras de tráfego aéreo orientam que os usuários se identifiquem, o que evidentemente não ocorreu neste caso”, disse a FAB em nota

Pervertidos

O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), disse que pessoas que ficam indignadas com o fato de a cela do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT-SP) ter um vaso sanitário, por considerarem isso um privilégio, sofrem de algum tipo de perversão. “Onde estamos com a cabeça? Aonde foi a nossa sensibilidade? É um tipo de perversão que pessoas que foram alfabetizadas, tiveram três ou quatro alimentações durante toda a vida, se comportem dessa maneira, animalesca”, afirmou. “Combater o crime, sim, punir, sim, mas com respeito à dignidade da pessoa humana. Isso [a insensibilidade] não pode ocorrer com um policial, mas muito menos com um juiz”, afirmou.

Gonzáles é Lula

O ex-premiê espanhol Felipe González afirmou no último dia 11 que a ausência de Luiz Inácio Lula da Silva (PT-SP) como candidato nas eleições de outubro “é um problema de grande impacto para o sistema democrático”. “Acredito que sua exclusão da disputa eleitoral deixaria uma parte significativa da população brasileira órfã de representatividade”, disse em uma nota o socialista González, que liderou a Espanha de 1982 a 1996. “Isso poderia dificultar a superação da crise política”. O comunicado de González – que se refere a Lula como “amigo” – registra também que, apesar da Lei da Ficha Limpa, o ex-presidente deveria poder ser candidato à Presidência até que receba uma “sentença firme”.

Chico Pinheiro e a saia justa global

O jornalista Chico Pinheiro, apresentador do Jornal Nacional, fez um desabafo num grupo de What's App no qual criticou a prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT-SP).

Diretor-geral de Jornalismo da Globo, Ali Kamel enviou aos jornalistas da emissora um e-mail alertando sobre o uso de redes sociais. O executivo advertiu que os profissionais do departamento não devem expressar publicamente preferências políticas e partidárias, porque isso causa “dano” à emissora. Embora não tenha citado Chico Pinheiro, o e-mail de Kamel foi uma clara resposta à repercussão das falas do âncora.

Pescotapa

O pré-candidato do PDT à Presidência das República, Ciro Gomes (CE), chamou de “bobão” e deu um “pescotapa” no blogueiro Arthur de Val, do canal do YouTube Mamaefalei e um dos líderes do MBL. O entrevero foi num intervalo do Fórum da Liberdade, na segunda-feira, em Porto Alegre. O blogueiro o questionou sobre duas declarações que têm registros em vídeo: que ele organizaria um sequestro de Lula e o levaria a uma embaixada para livrá-lo da prisão, e que se Sergio Moro viesse prendê-lo seria recebido “a bala”. Ciro negou na entrevista as duas falas e deu dois tapinhas na nuca do blogueiro. Veja o vídeo:

Já há até um tira-teima para elucidar o grau da animosidade entre Ciro e “Mamãe.

Bruno Sartori, na página “Time Ciro Gomes”, exibiu outro vídeo para contestar a versão de Arthur. “O vídeo é real, mas foi editado. Foram tirados alguns frames para parecer que o tapa foi dado com velocidade”, diz Sartori, que diz trabalhar com edição de vídeo há mais de 12 anos.

Pouco tempo

A ex-senadora e ex-ministra Marina Silva (Rede-AC) admitiu que terá dificuldades para vencer a eleição presidencial devido à pouca representatividade de seu partido, que a fará ter um baixo tempo de TV e menos recursos de fundo partidário do que seus principais concorrentes. "O difícil não é governar, o difícil é ganhar. Se eu ganhar com 10 segundos de televisão vai ser um milagre do povo e de Deus. Porque PT, MDB, PSDB, todos movimentam em fundo de campanha um dinheiro de quase meio bilhão de reais. Nós não. Com 10 segundos de televisão…", disse. "Se eu fosse pragmática, eu tinha desistido. Mas sou sonhadora".

Bolsonarista na PF

O presidente do Sindicato dos Delegados da Polícia Federal do Paraná, Algacir Mikalovski, criou polêmica na corporação ao pedir a transferência de Lula da superintendência do órgão em Curitiba alegando “risco à população”. Colegas do delegado lembram que ele tem fotos com Jair Bolsonaro (PSL-RJ). Em uma das imagens, de 2016, o policial aparece ao lado do presidenciável em um ato que comemorava a abertura de investigação sobre o petista na 24ª fase da Lava Jato. A página de Mikalovski nas redes sociais tem postagens críticas ao ex-presidente. O delegado foi candidato a deputado estadual pelo PRB em 2014 e a vereador, em 2016, pelo PSDC.

Bolsonarista fanfarrão

Um homem identificado como apoiador do pré-candidato à Presidência Jair Bolsonaro (PSL) causou uma confusão, no último dia 8, em Curitiba, ao provocar a pré-candidata presidencial do PCdoB (RS), Manuela D'Ávila, diante de militantes de esquerda que estão reunidos para apoiar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Logo depois de Manuela falar com jornalistas na vigília montada pelos apoiadores de Lula nos arredores da sede da Polícia Federal em Curitiba – onde o ex-presidente está preso -, um homem não identificado passou por uma fileira de policiais que isolava o acesso ao prédio da PF e pediu a Manuela para tirar uma foto. Já ao lado dela, ele gritou "É Bolsonaro!".

Vive em que planeta?

Em 2017, uma minoria mais rica formada por 10% dos brasileiros detinha 43,3% da renda total do país. Na outra ponta, os 10% mais pobres detinham apenas 0,7% da renda total. Considerando apenas os 1% que ficam no topo, a renda média foi 36,1 vezes a média recebida pela metade mais pobre da população. Ainda assim há quem não compreenda o significado disso. É o caso do presidenciável Jair Bolsonaro (PSL-RJ), que tem se manifestado contra a taxação de grandes fortunas e ações como o Bolsa Família.

De bobo, só a cara…

O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF) avisou que vai enviar ofício ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ) cobrando apuração sobre o que levou a Advocacia Geral da União (AGU) a não recorrer da decisão que autorizou o acúmulo do pagamento de auxílio-moradia ao juiz federal Marcelo Bretas e sua mulher, também magistrada. Mendes entende que, se o caso não for esclarecido, deporá “contra toda a Justiça”. A duplicidade do pagamento é vedada, mas Bretas e vários outros magistrados do Rio conseguiram o benefício via ação judicial.

Olha o Eunício aí…

Alvo da Operação Tira-Teima, deflagrada pela Polícia Federal no último dia 10, a empresária Maurenízia Dias Andrade Alves, dona de um instituto em Salvador, confessou ter recebido dinheiro para a campanha do presidente do Senado, Eunício Oliveira (MDB-CE), em 2014. Naquele pleito, o emedebista tentou se eleger governador do Ceará, mas não conseguiu e retornou ao Senado. Suspeita-se que Eunício, alvo da Operação Lava Jato, cometeu os crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

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Victor Barone

Jornalista, professor, mestre em Comunicação pela UFMS.


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