29/03/2024 - Edição 540

True Colors

Mulheres drags mostram que elas que são elas

Publicado em 02/08/2017 12:00 - Paulette Pink

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As mulheres também querem se divertir e não têm nada a ver com coisa de “ Drag King ”, tipo aquelas que se vestem com roupas masculinas. Essa turma quer ser Drag Queen mesmo, com plumas e paetês aos montes, e tudo mais o que elas têm direito! É claro que o exagero e a criação da figura caricata provieram do lado masculino em polemizar e exagerar o estilo feminino, tornando-o mais fun, porém, agora as moças pleitearam as suas fatias nesse bolo como mulheres drags – e não dá para voltar atrás.

Elas demoram de três a quatro horas para se montar, e dizem que sonham com as divas que tanto as inspiram (Cher, Elke Maravilha, Lisa Minelli…).

Mas há àquelas mulheres drags que gostam de imitar as drags do programa de tevê Rupaul's Drag Racer. Essa parte do mulherio sonha com os palcos e com o make carregado (e glamouroso) das “lyndas”, e não titubeia em dobrar o glitter e sair por aí equilibrada em plataformas altíssimas. Brigam por um lugar ao sol no “showbiz” e entram de cabeça, corpo e alma na guerra das perucas e na arte do entretenimento. Não é de hoje que figuram entre as nossas musas – e por isso amamos imitá-las –, entretanto, esse caminho inverso tem tudo a ver com o cenário cada vez mais neutro em que vivemos nos dias de hoje.

Drag é sinônimo de arte

Ser drag queen não quer dizer que se é gay ; a arte é pura performance! Então, se um homem pode se empetecar todo e exibir os trejeitos da femme fatale por aí, por que seria diferente no caso de a mulher encarnar o seu próprio papel em versão ampliada?

Para refrescar a memória, desde o século 18, os rapazes curtem fazer a diva cômica, hiperafetada, como se o script fosse escrito apenas para eles. Nesses tempos remotos, os atores salpicavam as barbas com pó-de-arroz e vestiam figurinos over para arrancar gargalhadas da plateia. Só em 1960, em Nova York, é que a nata empoderada mergulhou no transformismo. O movimento “faux”, que em francês significa “falso”, serviu de ponto de partida para as pioneiras debutarem no mundinho. É claro que em terras brasilis a história só vingou no final da década de 1990.

Entre as mulheres drags que roubam à cena, vale citar Cher , que tem como braço direito o stylist Bob Mackie – dizem que ele quase foi drag (talvez por desejo reprimido transformou a cantora em seu alter-ego!!). Lady Gaga é outra figurinha fácil nesse elenco, e ela mesma admite que segue de perto tudo que a “big boss” Cher faz. No nosso quintal, a radiante Elke Maravilha brilhava com suas fantasias oníricas. Maria Alcina também não pode ficar de fora dessa lista.

Enfim, tem uma porção de mulheres drags que são o máximo. E, no fundo, o que realmente importa é perceber que as drags vieram para ficar – e estão dominando tudo. Quem sabe a gente ainda não vê uma drag despachando do Palácio do Jaburu, ops!, do Palácio do Planalto?!

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Victor Barone

Jornalista, professor, mestre em Comunicação pela UFMS.


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